Resenha sobre o livro dos cem anos da história do Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto

Rogério Duarte Fernandes dos Passos

GOMES, Pedro. Uma Paixão Centenária. Ribeirão Preto: Revide, Outubro, 2018, 119 p.

            No momento em que o Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto completa cem anos de ininterrupta existência e atividades esportivas, o clube traz um belo livro institucional comemorativo, intitulado “Uma Paixão Centenária”, redigido pelo jornalista Pedro Gomes.

            Fundado em 12 de Outubro de 1918 – embora existam indícios de sua existência de fato em data anterior –, o Botafogo tem no futebol a sua principal modalidade esportiva, sendo resultante da fusão de outros clubes do tradicional bairro Vila Tibério. A união dessas agremiações permitiu a criação de uma equipe que pôde fazer frente às demais forças futebolísticas do município de Ribeirão Preto e, apesar dos inúmeros problemas de ordem financeira e administrativa aos longos dos anos, manteve a sua existência por mais de um século.

            Desde os primeiros jogos no antigo Estádio Luiz Pereira, na Vila Tibério, até à edificação do grandioso Estádio Santa Cruz, no bairro Ribeirânia, no final da década de 1960, o Botafogo soergueu-se com recursos e forças de seus torcedores, e, ao longo de sua trajetória, pôde muito bem cumprir com a sua jornada, seja no papel social destinado ao apoio aos jovens que frequentam as suas escolinhas de futebol, seja na formação de atletas para o quadro profissional, que legou valores de excelência para o futebol brasileiro, como Raí, Sócrates, Zé Mário, Doni Marangon, Paulo Egídio, Nélson Bertolazzi, Cicinho, Augusto Ramos, Leandro Lessa, Diego Alves (no Botafogo conhecido como “Diego Xis”), Alexandre Gallo, Carlucci, Luciano Ratinho, Marcelo Bordon, Nem, Lucas Severino, Chiquinho, Elba de Pádua Lima “Tim”, Macalé, Rogério, Chicão, Augusto Silva, Zito, Paulo César Camssuti, Pequitote e Carrapato, dentre tantos outros.

            Se não revelados pelo Botafogo, outros grandes futebolistas puderam envergar a camisa do clube, como Gasperim, Aguilera, Galdino Machado, Biro Biro, Antoninho Angeli, Neneca, Mário Sérgio, William Guerreiro, André Neles, Dicão, Eurico, Baldocchi, Manoel, Geraldão, Lola, Tiri (também treinador e “eterno” supervisor técnico do clube), Miro, Mineiro, Péricles, João Carlos Motoca, Arlindo Fazolin, Barcímio Sicupira, Dirceu da Ros, Gimenez, Canela, Lorico, Mário, Ney Roz, Wílson Campos, Chris Hening, Bell, Diego Pituca e Samuel Santos, entre outros atletas que assinalaram o seu sucesso no futebol canarinho.    

            De forma correlata, os maiores sucessos no futebol são igualmente retratados na obra, como a conquista do primeiro turno do Campeonato Paulista de Futebol de 1977 – a Taça Cidade de São Paulo – e o título do Campeonato Brasileiro da Série D de 2015, ao lado de outras grandes jornadas, representadas nas excursões internacionais e nos vice-campeonatos da Taça São Paulo de Futebol Júnior de 1983 e 2015 e da Série A do Campeonato Paulista de 2001.

            Acompanham os relatos as fotos, as escalações e as biografias de presidentes e ídolos, com fatos se destacando na história botafoguense, em exemplo da ascensão do genial Sócrates na segunda metade da década de 1970 – quando comandou uma goleada por 10 x 0 em cima da Portuguesa Santista em 13 de Junho de 1976 –, e de Raí, seu irmão mais novo não menos talentoso, que da mesma maneira, muito jovem, comandou a equipe em jornadas dificílimas em edições da primeira divisão do Campeonato Paulista na década de 1980.

            O mascote Pantera surge inspirado no sucesso em face dos confrontos com rivais regionais, materializando um clube que almeja maiores voos, ainda que os problemas administrativos sejam inúmeros e a competitividade do futebol profissional esteja atualmente abalada por investimentos inflacionados e exigências burocráticas que despendem recursos humanos de vulto e altamente especializados.

            Com a meta de montar elencos que façam frente aos certames estadual e nacional, o Botafogo adentra ao ano de 2021 com o desafio de bem disputar a Série A do Campeonato Paulista de Futebol (primeira divisão) e a Série C do Campeonato Brasileiro (terceira divisão), ciente das longas viagens e custos envolvidos no departamento de futebol, a razão maior da existência do clube.     

            Dito isso, o livro resenhado bem denota o que é a trajetória de um clube de futebol: derrotas e vitórias. Tristezas e alegrias.

              E denota a trajetória de cem anos completada em 12 de Outubro de 2018 pelo Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto.