CATHARINO, Tânia Ribeiro. Psicologia na Educação: Contribuições da análise institucional para o processo pedagógico. (p.36 – 53)

 

Resenhado por: Gabriella da Silva Mendes

O texto aborda considerações sobre a forma como a psicologia é incorporada no cenário educacional. Visando à implementação de um processo pedagógico que atenda tanto alunos quanto professores, para que possa proporcionar soluções rápidas e práticas para os problemas emocionais e de aprendizagem.

Na primeira parte do texto são discutidas questões relacionadas às abordagens teóricas vinculadas à Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Já na segunda parte do texto,propõe-se a problematizar algumas concepções,contribuindo-se para uma construção de uma prática crítica de acordo com os princípios de autonomia da cidadania.

A concepção dos conceitos de Psicologia Escolar e Psicologia Educacional como dimensões teóricas e práticas. Em Psicologia Escolar, o psicólogo intervém na escola, enquanto a Psicologia Educacional diz respeito a conhecimentos que ajudarão na ação educativa. Ambos os conceitos têm origem no século XX nos Estados Unidos, desde esse momento revela-se como a psicologia têm o claro objetivo de classificação.

A autora aborda para que essa fórmula funcione é preciso desenvolver aptidões, entrando nessa “equação” a educação. Ela será a responsável por transformar a “matéria bruta” em habilidades bem desenvolvidas. A psicologia é  a responsável por colocar seus conhecimentos, métodos e técnicas para classificar e avaliar os “dons” de cada um. Nessa etapa surge a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem.

Introduz – se diferentes tipos de abordagens de desenvolvimento humano. O primeiro apresentado é o ponto de vista inatista, segundo esse ponto de vista todo o indivíduo quando nasce, já traz consigo uma série de características específicas referentes à sua personalidade e intelecto.

O segundo ponto é que o maior argumento que se opõe à visão inatista do desenvolvimento é aquele o qual “o homem é uma tabula rasa ao nascer”. Basea-se na corrente ambientalista, onde o meio é capaz de moldar o homem. Todos nós seríamos completamente passivos e submissos diante do nosso ambiente, sendo assim, destituídos de seus atributos históricos, sociais e políticos. Em relação aprendizagem, esse raciocínio leva de encontro ao “condicionamento” ou “modelagem” do comportamento. Neste caso, é concebida como resultados de reforços e punições, de maneira que, quanto mais uma resposta for reforçada, mais chances ela terá de se repetir. Os reforços serão automaticamente estímulos ambientais.

O terceiro ponto é a ciência dualista, que se aprofunda em pares opostos (bom e mau; céu e inferno), apresentando inúmeras dicotomias. Uma forma alternativa a esse modelo é a abordagem sócio – histórica. Segundo ela o desenvolvimento humano só adquire sentido, se pensado em relação dialética com a realidade na qual se processa. Observa-se que sua contribuição é apontar para uma maneira não linear de pensar sobre os fenômenos psicológicos, enfatizando sua articulação com a totalidade da existência humana.

   Há uma abordagem no texto de “interligações” em relação à psicologia, onde se percebe que é impossível se estudar um aspecto humano isolado. Todo homem é atravessado por múltiplos pertences, como o social, cultural, educacional, etc. Torna-se importante estarmos atentos às relações que se impõe, com outras áreas do saber. Na interdisciplinaridade afirmamos que todo o conhecimento se dá através das relações das diversas áreas do saber e que esta divisão é inevitável. Na percepção transdisciplinar o conhecimento é visto como algo incompleto, não só por fracionarmos, mas por julgarmos que tenha unidade. A multidisciplinaridade assume e promove as relações em diferentes áreas do saber a fim de uma produção que expressa uma grande variedade passageira.

   Após o texto abordar as questões do desenvolvimento humano, surgiram as questões que entraram nas práticas pedagógicas. Propõe-se apontar as questões de autonomia e cidadania, que são consideradas como objetos à serem alcançadas nas práticas pedagógicas.

   A ideia de cidadania nessa perspectiva é, não só funcional, como necessário para manter a crença de uma sociedade igualitária. Nesse contexto, as dimensões políticas de desejo e a construção social dos sujeitos se reduzem a ideias abstratas e universais. Outra forma de pensar cidadania aplicando-se o redimensoramento do espaço público. Contrapondo – se  a noção de autonomia que se adquire na modernidade.

   O texto aborda na segunda parte a questão da psicologia e da autogestão pedagógica. A autora explora os três princípios de autogestão educativa pelos autores Boumard e Cohn – Bendit, que são: formação de cidadãos responsáveis; aprendizado de conhecimentos intelectuais que favoreçam a elaboração de processos e estratégias autônomas e desenvolvimento de dimensão relacional.

   A autora reforça que para não existir o caráter ilusório de uma autogestão realizada em toda a sociedade, deve-se ser substituída por uma proposta de autogestão educativa, que vise formar cidadãos autônomos, capazes de tomar decisões, de pensar coletivamente e de se darem conta que existem outras dimensões na sociedade que precisam ser vividas.

   A última abordagem contida no texto é a de psicologia e educação, repensando suas contribuições fazendo um retrospecto pela autora de todos os conceitos abordados. Acentua-se que ao tentar articular as dimensões psicológica e política, não nos baseamos numa lógica do espelho,segundo a qual o nível local seria um simples reflexo do global, pois o local também é produtor do sentido social, por sua heterogeneidade. Portanto, é essa a característica da autogestão pedagógica de valorização do cotidiano, levando a repensar a dimensão psíquica, sendo dessa forma pensados os modelos escolares.

   A autora faz menção que privilegiando a produção do cotidiano pode-se criar uma psicologia que supere a ilusão pedagógica (que reduz tudo às relações interpessoais, como a prática “politiqueira”, que vê em tudo um toque diabólico: no Estado, na educação e psicologia). Retrata-se que deve se apontar alternativas, não para serem seguidas incondicionalmente, mas simplesmente pensadas e experimentadas, é extremamente desejável e com certeza um exercício para educadores.