Natália Carolina Tavares Ribeiro

TERRA, Fábio Henrique Bittes; FERRARI, Fernando Filho. As políticas econômicas em Keynes: reflexões para a economia brasileira no período de 1995 – 2011. 20 p. Disponível em: http://webdav.sistemas.pucminas.br:8080/webdav/sistemas/sga/20151/922920_i1-d438465bfaa8b2ce2f08060bb4eaa4ae.pdf

Resenha:

John Maynard Keynes foi um economista britânico que criou a teoria econômica Keynesiana que defendia a ação do estado na economia com o objetivo de atingir o pleno emprego através de políticas monetária e fiscais e seus efeitos na economia. Seus ideais serviram de influência para a macroeconomia moderna, tanto na teoria quanto na prática. Desde as décadas de 1950 3 1960 e até os dias de hoje o pensamento keynesiano tem grande influencia nas políticas econômicas de vários países do mundo sendo Keynes considerado o pai da macroeconomia moderna

As Principais características defendidas pelo Keynesianismo são a da defesa da intervenção estatal na economia, principalmente em áreas onde a iniciativa privada não tem capacidade ou não deseja atuar, defesa de ações políticas voltadas para o protecionismo econômico, defesa de medidas econômicas estatais que visem à garantia do pleno emprego. Este seria alcançado com o equilíbrio entre demanda e capacidade de produção. O Estado para Keynes tem um papel fundamental de estimular as economias em momentos de crise e recessão econômica e a intervenção do Estado deve ser feita através do cumprimento de uma política fiscal para que não haja crescimento e descontrole da inflação.

Keynes utilizou de políticas econômicas para desenvolver seu modelo, como a política monetária, fiscal e cambial. Na política monetária ele propôs parte da procura de moeda depende das expectativas, quanto ao que aconteceria com a taxa de juros no futuro. Quanto maior for a taxa de juro, as pessoas tendem a guardar o dinheiro no banco de forma a poupar. Quando existe o inverso, ou seja, quando o juro se torna mais baixo, os indivíduos, preferem “correr o risco” em investir o seu dinheiro de que mante-lo no banco a receber quase o mesmo como se tivessem o dinheiro em casa. Segundo Keynes, a política monetária (a diminuição ou o aumento da oferta de moeda), era suficiente para manter o pleno emprego. Havia, porém, algumas situações em que não bastava a política monetária. Keynes estava mais interessado nestas situações. Segundo Terra e Ferrari,

A economia monetária é que a moeda não é apenas um meio de troca, mas é um ativo capaz de resguardar as alterações nas expectativas dos agentes, pois reserva poder de comando sobre a riqueza social ao longo do tempo, possuindo liquidez máxima para saldar tanto transações à vista quanto pagamentos futuros. (TERRA E FERRARI, p. 2)

No caso da política fiscal na política keynesiana esta concentrada em estimular os investimentos por meio de controle dos gastos públicos e através de ima política tributaria consciente e consistente. Para Keynes as políticas devem garantir um orçamento corrente superavitário, já o orçamento de capital pode apresentar alguns déficits que serão financiados pelo orçamento corrente. O papel do investimento é fundamental para a geração de renda, a partir do efeito multiplicador, sendo extremamente necessário o estado manter uma certa preocupação de aumentar os investimentos caso a economia esteja em saudável.

A política cambial segue um principio em que deve ser administrada pelo governo afim de manter a estabilidade dos preços e o equilíbrio externo. Keynes acreditava em uma moeda de aceitação universal para que os desequilíbrios fossem compensados. Com isso os autores resumem da seguinte forma,

Evidencia-se, enfim, que a política econômica keynesiana, tanto em sua concepção quanto em sua operacionalização, pretende a manutenção dos níveis de demanda efetiva, tendo como fim mitigar o desemprego involuntário, por meio da estabilização das expectativas empresariais. O resultado que se objetiva atingir, em última instância, através das políticas econômicas keynesianas, é a construção de uma sociedade com eficiência econômica, justiça social e liberdade individual. (TERRA E FERRARI, p. 8)

A partir de 1995 a política econômica brasileira com o plano real baseava em uma liberação das contas comerciais e financeiras e na ancora cambial com a taxa d cambio valorizada. Porém durante essa época foi possível perceber que tanto a política fiscal quanto a política cambial foram subordinadas à política monetária. Isso faz com que durante esse período haja uma predominância do regime monetário. Com seu objetivo único de manter a inflação em taxas substancialmente baixas durante todo o período. O crescimento econômico não podia ser sustentado pela política econômica monetária de taxas de juros elevadas o que fez com que a divida publica se expandisse cada vez mais.

Tendo como referência a teoria keynesiana, uma das possíveis causas para esse comportamento do produto brasileiro pode ter sido o desincentivo ao investimento, ao consumo e às exportações, decorrente tanto da política monetária contracionista quanto da apreciação cambial. (TERRA E FERRARI, p. 13)

Já a taxa de juros ficou por conta de especulações externas que somada com a crise de 2002 fez com que aumentasse cada vez mais a volatilidade do cambio. É possível constatar que no Brasil não há um orçamento de capital, estaria mais próximo de um orçamento financeiro que impossibilita cobrir a divida de todo o mecanismo econômico.

No governo Dilma o crescimento econômico começou ser relevante tanto quanto a política de estabilização dos preços. E certo afirmar que os dois últimos presidentes tiveram uma posição política mais preocupada com a geração de renda e empregos, porem, isso não nos diz que essa política pode ser chamada de keynesiana.