Resenha do Filme
IPHIGENIA
Direção: MICHAEL KAKOYANNIS
por Blan Tavares  -  Sábado, 15 março 2014
................................................................. 

Iphigenia é um clássico lindo, apesar das cenas de barbárie e dos sentimentos coletivos devotados aos sacrifícios humanos, pulverizando o amor e suas perspectivas.

A intensidade dramática dos atores é exposta de forma pura, sem acessórios ou retoques tecnológicos, com a maioria dos ângulos fechados no rosto carregado de competente interpretação dos sofrimentos, angústias, ódios, decepções, enfim, um reencontro com Eurípedes e sua tragédia grega, releitura do genial Kakoyannis (o mesmo diretor do inesquecível e charmoso "Zorba, o Grego").

Viajamos na tragédia do rei Agamenon e sua decisão irrevogável de sacrificar a filha primogênita, Iphigenia. Participamos, com silencisa angústia, dos apelos ao rei que afirmava um grande amor por sua filha, porém, um amor tão fraco e suscetível diante dos deuses sanguinários, os “donos” da guerra e dos fenômenos naturais.

Prosseguimos no silêncio oscilante, piedade e revolta, diante da emocionante a verdadeira prova de amor, da jovem Iphigenia, por seu pai e por todas as pessoas que seriam poupadas da morte, quando ela se resignou ao sacrifício. Em seguida, captamos o profundo ressentimento da rainha, alvejada em seu mais sagrado sentimento: o sentimento de uma mãe que também era tão impotente e tão fraca quanto o rei, diante das circunstâncias políticas, militares e territoriais daquele contexto.  

Assim, ao captarmos o ódio da mãe-rainha, naquele olhar enigmático em direção aos barcos (que finalmente conseguiram seus ventos favoráveis rumo ao combate),  deduzimos: seria aquele olhar algum tipo de maldição lançada? Ou já seria o plano estratégico para o possível assassinado do rei Agamenon?