Resenha Crítica

CASTRO, Aloisio Arnaldo Nunes de. A Preservação Documental no Brasil: notas para uma reflexão histórica. Rio de Janeiro, v.23, p. 31-46, jul/dez 2010.

Cláudio Pereira Carvalho

        O artigo “A Preservação Documental no Brasil: notas para uma reflexão histórica” de Aloisio Arnaldo Nunes de Castro encontra-se dividido em dividido, como todo artigo científico, em:  uma apresentação ou introdução do assunto que foi objetivo de estudo; palavras-chave; e encontra-se dividido em assuntos dispostos em subseções, que são marcadas por letras capturadas, em vez de subtítulos, como tradicionalmente são divididos os assuntos de um artigo científico. E basicamente trata de resgate, de uma análise tanto dos aspectos históricos como da preservação desses documentos isso no contexto do Brasil, delimitado ao momento vivido no século XX.

       Castro (2010) tece reflexões sob a pena dos momentos histórico e cultural, o mesmo minunciosamente desvenda as práticas, as narrativas históricas, as pessoas, as teorias e isso não poderia deixar de passar também pela política cultural tudo esse leque de percepções formam o alicerce da construção da disciplina “Teorias e Técnicas de Preservação” dentro do contexto do território brasileiro.

      Na primeira subseção Castro (2010) relaciona a tradicionalmente a importância primeira metade do século XX, o mesmo diz que houveram iniciativas tanto das instituições como da sociedade de modo geral em conservar os acervos documentais do Brasil. Isso, infelizmente ainda se repete hoje. Pois o tema ainda pede politicas de educação no sentido de respeitar e de conservar o seu acervo histórico.

    Castro (2010) ainda nos conta que faltam estudos e que a academia precisa discutir e pensar as práticas sociais das representações do espaço e da sociedade no Brasil. E Castro (2010) faz uso da reflexão de Frank Matero (p. 04, 2000) que afirma que: “reconstrução da história da restauração daria, sem dúvida, resposta a múltiplas interrogações, proporcionaria novos dados e, sem dúvida, nos livraria de muitos equívocos”.

    Assim modularmente preservamos com foco do objetivo e essa como tal precisa ser seguidamente questionado, investigado se for preciso modificado. Aqui Castro (2010) guia seu estudo para revisão historiográfica da preservação de documentos no Brasil. Tecendo uma espécie de cronologia dos fatos e das notas que formam a nossa reflexão histórica.

    Na cronologia de Castro (2010) a história da preservação documental o Brasil possui como marco inicial a Primeira República (1889- 1894) quando iniciou uma preocupação com os insetos (cupim, traças) que possuem os papeis como alimento preferido. Esses insetos daninhos a preservação foi o grande inimigo do Arquivo Público do Império (1850, 1856, 1860, 1870, 1873 e 1874).

    No início do século XX ocorre as primeiras organizações e sistematização dos estudos dedicados ao controle das dos insetos que gostam de consumir o papel. Mas o objetivo não era a preservação dos documentos históricos e sim a necessidade descobrir os males biológicos que naquela época destruíam todo o material em papel. Não Era Vargas (1930 e 1945) com a criação da Constituição de 34 nasceu o IPHN- Instituto Proteção Legal do Patrimônio Artístico e histórico Nacional. Agora sim o objetivo é a preservação da memória histórica do Brasil.

    Ainda dentro da Era Vargas em 1930, a preservação teve que passar por critérios tantos teóricos como práticos de intervenção de restauração dos papeis que estavam associados a encadernação artesanal. A respeito da conservação e da preservação dos documentos em papel, o pensador cita Edson Motta que segundo o mesmo foi o pioneiro desse tipo de trabalho no Brasil.

    Quanto a divulgação dos métodos de conservação e restauração documental Castro (2010) cita o livro “Introdução à técnica de museus” de Gustavo Barroso de 1948. Nesse livro Barroso trata a restauração e preservação como “Relíquias do Passado” para Barroso (1946) todo profissional dedicado a essa área deve pensar e agir como se a “conservação e toda restauração requerem duas virtudes essenciais: paciência e modéstia” (BARROSO,  p. 224, 1946)

  Em 1951 Edson Motta ministrou a disciplina “Teoria, Conservação e Restauração da Pintura”, na Escola de Belas Artes da Universidade Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ. No que tange ao que foi tratado nessa disciplina Castro (2010) fala de Maria Luiza Guimarães
Salgado, que era estudante de Belas Artes na época. Segundo a qual as aulas eram ministradas em basicamente em: papel, imaginária e pintura. O curso segundo a estudante possui teoria e prática. Esta segunda ocorria nos laboratórios da Escola
de Belas Artes.

  Os anos de 1970 trouxeram os debates sobre preservação documental e o campo da arquivologia ganhou muito espaço em congressos sobre a temática. Em 1972, acontece o I Congresso intitulado de “Painel sobre conservação e restauração de documentos”. Em 1974 vem o II Congresso, ocorre a “Sessão plenária: Conservação e restauração de documentos”.

Castro (2010) diz que os dois congressos anteriores foram realizados de forma bastante discreta. Mas o III Congresso e o I Seminário Brasileiro de
Preservação e Restauração de Documentos trouxeram sucesso estrondoso e colocou de vez a temática no cenário das grandes discussões acadêmicas.

   Em 1998 nasce a Associação Brasileira de Encadernação e Restauro (ABER) que ressalta a importância que a sociedade comum possui na preservação e restauração de livros, manuscritos, documentos e das encadernações feitas artesanalmente.

     As reflexões exportas no artigo “A Preservação Documental no Brasil: notas para uma reflexão histórica” de Aloisio Arnaldo Nunes de Castro nos mostram que precisamos sempre refletir sobre a preservação de nossa história. E que preservação e restauro de narrativas que ainda não forma descobertas por pesquisadores é fundamental que esta tenha chance de um dia chegar à luz da exposição em um museu, livrarias enfim.

     Mas concluímos a leitura do referido artigo conhecendo o processo necessários e histórico que fizeram nascer instituições que hoje são respeitadas e conversadas como o IPHAN e a ABER. E também o assunto preservação e restauração invadiu as academias como: Escola de Belas Artes da hoje UFRJ. E o mais importante que essa cronologia reflexiva trouxe para nós que estamos cursando “A História da Arte” aquela curiosidade que aguça os nossos pensamentos.

 

Referências

CASTRO, Aloisio Arnaldo Nunes de. A Preservação Documental no Brasil: notas para uma reflexão histórica. Rio de Janeiro, v.23, p. 31-46, jul/dez 2010.

BARROSO, Gustavo. Arrumação de livros/Conservação de livros. In: BARROSO, Gustavo. Introdução à técnica de museus. Rio de Janeiro, v. 1, Gráfica Olímpica, 1946.

MATERO, Frank. Ethics and policy in conservation. The GCI Newsletter, v. 15, n. 1, Spring 2000.