Por: Fernanda Freitas de Oliveira Azevedo

Nesse contexto o autor apropria diversas denominações no percurso histórico, de lugares como sendo um espaço unifamiliar, que são espécies representativas da arquitetura, que é utilizável pelo ser humano, protegendo-o do meio ambiente. No entanto, somente a “casae” é que nos remete ao entendimento e noção da habitação privada. Na verdade a casae, como espaço para a habitação privada é o resultado de uma evolução, vinda desde os primórdios, quando o seu conceito surge no Império Romano, significando cabana, tugúrio, choupana, de característica rural, mas que não tinha por significado a habitação urbana, ou de domus. Porém, fatos ocorridos como, guerras, degradação das condições de vida, questões econômicas, etc. acabaram por depredar o domus, expandindo o quantitativo de casae de madeira e barro. Segundo o autor, até o século X e mesmo depois, as únicas construções em alvenaria foram os castelos e igrejas que eram emergidas de forma soberbas, com estruturas firmes. Nesse aspecto distinguia-se domus como morada de Deus e casa como morada humana. Adiante, o autor apresenta distinções entre o casa e lar, embora o seu entendimento possa consubstanciar um sentido sinônimo. Segundo a literatura, a casa pode tomar diversos sentidos. De acordo com Miguel (2005), atualmente, tem-se casa como um edifício ou parte dele destinado à habitação humana. Estar destinado representa aqui um objeto construído à espera de um uso familiar em que as relações do plano físico e a troca emotiva de seus moradores possam fazer da cada um lar. Na realidade, a casa é por essência o refúgio familiar, abrigo de homens e mulheres, pais e filhos, patrões e empregados, família e indivíduos, ou seja, pode ser vista como um microcosmo privado sempre em confronto com um setor público. 2 Já o Lar, o sentido é diferenciado, pois representa a parte que compreende a lareira. A lareira primitiva que faz do seu fogo o elemento inseparável da cabana rústica. O lar é uma condição complexa que integra memórias, imagens, passado e presente, sendo um complexo de ritos pessoais e rotinas quotidianas que constitui o reflexo de seus habitantes, ai incluídos seus sonhos, esperanças e dramas. (Miguel, 2005) A casa então é compreendida pela construção em si, vazia; enquanto o lar é sua composição com vitalidade oriunda de seus habitantes. Às vezes confunde em parte os próprios enciclopedistas, como é o caso da Enciclopédia Britânica1 (2005), que conceitua o lar como sendo: “Nome que designa a casa de habitação, o lugar onde se reúne a família. Primitivamente correspondia à parte da cozinha onde se acendia o fogo, a lareira”. O fogo por sua vez,representado por Héstia, a deusa grega do lar – associa-se à casa para representar a criação de um lar, que através de sua chama traspassa a imagem da fertilidade e metáfora da vida, diz Miguel. Nesses aspectos, compreende-se então, a casa no sentido individualizado e o lar no sentido coletivo. E, assim, a arquitetura associa-se à casa como protetora do fogo que aquece a família.