O autor inicia relatando a gênese do neoliberalismo, bem como as razões que motivaram seu surgimento. É feito contraponto entre o liberalismo clássico, neoliberalismo e o Estado intervencionista e de bem-estar.

O objetivo desse novo liberalismo seria reduzir a intervenção do Estado em questões econômicas e de mercado. A justificativa neoliberal era de que o Estado priva a liberdade, tanto econômica, como política.

Para combater o estado de bem-estar social criado sob as ideias do keynesianismo, foi fundada a Sociedade de Mont Pèlerin, uma organização constituída por intelectuais de extrema direita.

O objetivo deles era de promover outro tipo de capitalismo, livre das intervenções do Estado e mais duro do ponto de vista social. Os valores defendidos por essa organização consistia principalmente pela defesa da desigualdade, competição e liberdade (livre comércio).

A crise pós-guerra ocorrida em 1973, serviu como trampolim para que o ideário neoliberal ganhasse terreno. A crise foi atribuída ao excesso de pode dos sindicatos, do movimento operário e os gastos sociais por parte do Estado.

A solução neoliberal para crise era bem claro: reduzir a atuação do Estado, principalmente em relação aos gastos sociais; bem como reduzir ou mesmo romper o poder dos sindicatos. Por fim, o controle das questões econômicas deveria sair das mãos do Estado.

A ideologia neoliberal começou a se concretizar através dos governos Thatcher, na Inglaterra; e Reagan, nos Estados Unidos. Onde duras medidas foram implementadas socioeconômicas foram implementadas. Outros governos começaram a implementar essa nova idelogoa na Europa, como Kohl na Alemanha e Schluter na Dinamarca. Sobre as medidas adotadas pelos neoliberais, principalmente pelo governo Thatcher Anderson relata:

O que fizeram, na prática, os governos neoliberais deste período? O modelo inglês foi, ao mesmo tempo, o pioneiro e o mais puro. Os governos Thatcher contraíram a emissão monetária, elevaram as taxas de juros, baixaram drasticamente os impostos sobre os rendimentos altos, aboliram controles sobre os fluxos financeiros, criaram níveis de desemprego massivos, aplastaram greves, impuseram uma nova legislação anti-sindical e cortaram gastos sociais. E, finalmente – esta foi uma medida surpreendentemente tardia –, se lançaram num amplo programa de privatização, começando por habitação pública e passando em seguida a indústrias básicas como o aço, a eletricidade, o petróleo, o gás e a água. 

O autor relata que uma das prioridades do neoliberalismo foi alcançado – deter a grande inflação dos anos 70. No entanto, essa vitória veio a um custo social elevado, penalizando principalmente a classe trabalhadora. Houve contenção dos salários e aumento do desemprego, que segundo o ideário neoliberal é um mecanismo natural e necessário de qualquer economia de mercado eficiente.

O autor cita que ocorreu um paradoxo, o corte sistemático das medidas do Estado de bem-estar promoveu elevado desemprego. Em contraponto, esse mesmo Estado se viu obrigado a amparar financeiramente esses desempregados; sem contar que a população de aposentados aumentou, o que gerou um gasto elevado em pensões.

Como o capitalismo é um sistema que convive com crises cíclicas, novamente outra crise se instalou em 1991. Grande parte dos países ocidentais acumularam uma dívida pública gigantesca, bem como aumentou também o endividamento das famílias e empresas. Mesmo com esses evidentes fracassos, a ideologia neoliberal se manteve.

O neoliberalismo tardou a chegar na América Latina, onde encontrou no Chile do governo ditatorial Pinochet seu maior representante. Outros países como a Argentina no governo Menem, o México no governo de Salinas e da Venezuela no governo Fujimore também iniciaram a implementação neoliberal em seus respectivos governos. Nesses governos, como em qualquer governo neoliberal, o objetivo é manter uma forte economia em favor de uma elite, renegando a classe trabalhadora.

Uma constatação interessante feita pelo autor é a de que a região do planeta que mais apresenta êxitos sob o domínio do capitalismo é também a menos neoliberal – as economias do extremo oriente. Japão, Coréia do Sul, Formosa, Cingapura e Malásia são bons exemplos. O autor segue com o seguinte questionamento: Por quanto tempo estes países permanecerão fora da esfera de influência do neoliberalismo?

O autor finaliza relatando que nos aspecto econômico o neoliberalismo fracassou, pois não conseguiu de fato revitalizar o capitalismo avançado. No entanto, do ponto de vista social a referida ideologia avançou, pois conseguiu produzir sociedades extremamente desiguais, embora não tão desestatizadas como queria. Sob a ótica política e ideológica o autor afirma que houve êxito por parte dos neoliberais, haja vista que a ideia de que não haveria alternativa para o desenvolvimento da sociedade senão as suas próprias, o que o autor chamou de hegemonia.

Isso não implica, porém, em uma hegemonia absoluta, pois existem inúmeras campos de resistências, as quais preparam suas próprias formas de organizar a sociedade. Se teremos uma ruptura total ou apenas uma reforma somente o tempo mostrará. 

Referências: 

ANDERSON, P. In: SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.) Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 9-23.

 Por Sátiro Ramos