Inicialmente autora mostra que existe uma íntima relação entre as categorias trabalho e educação. Ou seja, os seres humanos por meio do trabalho educam-se. Considera-se neste contexto o caráter ontológico do trabalho.

            Concordo com a autora, pois é através do trabalho que o ser humano produz a sua própria existência. Trabalho este que contempla o trabalho manual e o trabalho mental, dito de outra forma, que contempla o pensar e o fazer.

            Além do caráter ontológico da educação e do trabalho segundo a autora, outros atributos foram sendo inseridos, de acordo com o desenvolvimento das forças produtivas e seus respectivos modos de produção historicamente determinados.

            Neste contexto, não é possível entender a educação fora do contexto sócio-político na qual ela está inserida, principalmente se aceitarmos a tese de que a escola é um aparelho ideológico do Estado.

            Na sequência, a autora relata a divisão de classes originária no modo de produção escravista e que perdura até os dias atuais. Essa divisão de classes segundo ela afetou também a educação, produzindo uma dicotomia entre uma educação mais científica para a classe dominante e uma educação mais “prática” para a classe trabalhadora.

            A autora relata ainda o sentido histórico do trabalho, sendo as formas de produzir historicamente que determinaram os diferentes modos de produção, além disso, podemos acrescentar as diferentes relações de poder, no entanto, sempre existindo aquele que domina e aquele que é dominado.

Segundo a autora a educação escolar foi permitida aos trabalhadores não para fornercer-lhes os conhecimentos socialmente produzidos pela humanidade e sim para, “mas sim a aquisição de habilidades específicas para o desenvolvimento da produção”.

            Em contraposição a esse tipo de abordagem educacional, relata a concepção de educação em Marx e Engels, os quais defendiam uma escola sob as bases da formação integral, portanto, não dicotomizada. Uma educação onde o sujeito pudesse tornar-se crítico e reflexivo. Onde o pensar e o fazer estivessem presentes.

            Neste contexto, os pilares do ensino médio integrado seriam interessantes serem considerados, são eles: O trabalho, a ciência e a cultura. O trabalho como princípio educativo, a ciência contemplando os diferentes conhecimentos socialmente produzidos e, portanto, direito de todos; e a cultura como forma de possibilitar o despertar da criatividade, do belo e do estético.

            Em seguida a autora faz uma breve discussão das políticas educacionais no Brasil, procurando correlacionar com a educação profissional. Faz também uma breve linha do tempo da educação profissional no Brasil.

            Relata experiências de ensino médio integrado a educação profissional na rede pública do estado do Paraná e dos desafios da implementação desta modalidade de ensino naquele Estado.

            Nas suas considerações finais, a autora expõe sua opinião de que apesar do ensino médio integrado ao ensino técnico ser um avanço, este por si só não torna possível a superação da dualidade estrutural na educação. Para isso ocorre o caminho seria a superação do modo de produção vigente. Porém, acrescenta em relação ao ensino integrado que “são uma possibilidade para a classe trabalhadora, no sentido de acessar aos conhecimentos cientificamente elaborados, acumulados historicamente, resultado do trabalho social”.

            Concordo com a autora que não é possível romper definitivamente com o modelo de educação vigente e implantar outro que leve em conta o ser humano no sentido amplo em detrimento do capital, sem antes eliminar o sistema no qual a educação está inserida. O debate passa então a entrar no cenário socioeconômico e político.

            A educação não transforma por si só uma realidade posta socialmente, no entanto, empodera as pessoas que podem transformar de fato essa realidade.

Referências 

YAMANOE, M. C. P. A relação trabalho e educação na sociedade capitalista: alguns apontamentos sobre educação profissional. Disponível em: <http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2010/Educacao_e_Trabalho/Trabalho/02_05_35_A_RELACAO_TRABALHO_E_EDUCACAO_NA_SOCIEDADE_CAPITALISTA_ALGUNS_APONTAMENTOS_SOBRE_EDUCACAO_PROFISSIONAL.PDF.> Acesso em 06 de março de 2017. 16p.

Por Sátiro Ramos