RÉQUIEM AETERNAM DONA EIS!

Professor Me. Ciro José Toaldo

 

Essa é uma expressão em latim, nossa língua original. Desde os tempos de criança, em nossa casa e na de meus avós, quando a família se reunia para rezar o terço, minha mãe ou as avós, por várias vezes recitavam essa oração. Às vezes sonho com esse momento vivenciado com meus familiares, todos em volta da ‘capelinha’ (uma imagem de Nossa Senhora, toda enfeitada com flores dentro de uma pequena casinha de madeira que a cada mês chegava a nossa casa), com a vela acessa e todos ajoelhados, tendo a cadeira como suporte, assim, a longa oração era feita. Essa é uma tradição, inclusive onde resido, também passa em minha casa a ‘capelinha’.

Confesso ter demorado a entender e compreender o significado dessa jaculatória, ela faz parte de uma reza aos fiéis defuntos, quer dizer: “Dai-lhe, Senhor o descanso eterno”. A oração completa é: ‘Dai-lhe, Senhor o descanso eterno. E a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém’. Em latim: ‘Réquiem aeternam dona eis, Domine. Et lux perpétua lúceat eis. Requiéscant in pace. Amen’.

Nossa tradição ocidental, inclusive em nosso país, onde muitos seguem os princípios do catolicismo, tornou costume fazer a memória aos que partiram deste mundo, ou seja, aos mortos que descansam nos cemitérios.

Neste contexto, lembramos o dia de finados, celebrado ontem, 02 de novembro. Particularmente, na educação recebida, tenho um respeito grande para o ‘campo santo’ (cemitério) que estão espalhados por todos os cantos deste país, local muito apropriado para expressar com fé e emoção o ‘réquiem aeternam’. Fazer memória aos fiéis defuntos é estar convicto da importância da oração a eles, pois há muitas almas que estão no purgatório aguardando o dia do julgamento final; também podemos solicitar a intercessão dos que já estão perante Deus como bem-aventurado, estes nos irão dar forças para enfrentar as dificuldades da existência e poder evoluir.

A cada velório ou cortejo acompanhado, além de ser momento de profunda reflexão, torna-se uma demonstração evidente de não sermos eternos neste mundo, assim sendo, deveríamos ter na lembrança: não somos apenas corpo, temos também espírito, com este devemos nos preocupar e buscar o preparo.

Outro aspecto para entender essa dimensão do ‘réquiem aeternam’, acontece quando lembramos o livro de Gêneses, 3,19: ‘(...) porque você é pó, e ao pó voltará’.  A insignificância humana, sobretudo ao ser medido em relação aos bens materiais, evidencia com clareza o quanto o espírito é fundamental. Neste viés, a prática de uma religião irá contribuir para o humano aproximar-se de Deus, inclusive tendo a possibilidade de ter uma vida equilibrada.

Enfim, devemos ter em mente que todas as boas práticas ensinadas no decorrer da existência, sobretudo as que contribuíram para a elevação da conduta humana, elas não podem ser esquecidas, devem continuar sendo exercitadas. A vida além-túmulo precisa ser encarada com seriedade e com preparo, sem esquecer o ‘réquiem aeternam’, onde os ‘nossos queridos’, as inúmeras almas, além de nunca serem esquecidas, devem ser lembradas em nossas contínuas orações.

Reflita sobre estas questões e até o próximo artigo!

Deus abençoe todos!