Em contraste com a República Velha, onde a política foi claramente definida pela cúpula e limitada à elite, no período que vai de 1945 a 1964 e que pode ser chamado de República Populista, a política, devido ao processo de extensão da cidadania, conferida pela ampliação do voto, foi mais abrangente. Em 1945, pela primeira vez os setores médios e inferiores das classes médias participaram em grande número do processo eleitoral; e pela primeira vez um contingente respeitável de membros das classes trabalhadoras participou do processo eleitoral.

Este período viu a progressiva redução do significado da antiga estrutura agrária, base da república velha na estrutura global do país, que foi sendo transformada pelos processos de urbanização e industrialização. Os partidos mais conservadores tais como PSD, UDN, PR obtiveram desde 1945 uma porcentagem claramente menor do total dos deputados federais no Sudeste, onde aumentavam a sua força eleitoral de 1945 a 1962.

A partir de 1964, a ascendência do Estado sobre a sociedade, se baseava num pacto da capacidade de regulamentar o Estado na expansão de seus investimentos, sendo que era uma proposição que, requeria para sua efetivação, eficiência administrativa da máquina governamental.

A ampliação da política e a coexistência de duas políticas: a do Brasil desenvolvido e a do Brasil subdesenvolvido exigiram do sistema uma politica que conciliasse diversos interesses num pacto de dominação que fosse viável. Este pacto teve duas moedas de conciliação:

   a)   O voto, que no esquema da República Populista outorgava legitimidade do sistema.
   b)   A coerção organizada, que foi utilizada em algumas invenções militares.

O uso da distinção entre Brasil desenvolvido e a do Brasil subdesenvolvido parte do pressuposto de que as diferenças regionais, vistas como unidades de análise, são importantes para a compreensão e o esclarecimento de todo o sistema politico brasileiro. Uma das fórmulas institucionais deste pacto de dominação foi o Congresso.

Como se sabe, o Executivo, tendo em vista o sistema eleitoral e do regime partidário, era mais sensível ao Brasil desenvolvido.

O Legislativo por seu lado, graças às características do mesmo sistema eleitoral e do regime partidário, era mais sensível às demandas da cultura política do Brasil subdesenvolvido.

Devido a estas e outras características de acordo de dominação e do grupo de forças, pela desvalorização da popularidade eleitoral, e por tudo que isso implica, em termos de concentração de poder, um pacto foi capaz de ampliar os limites do próprio benefício, diminuindo o atendimento de demandas que a República Populista não podia ignorar.

Vale lembrar que era preciso materializar um regime plural, de participação crescente de toda a coletividade ao direito de se exercer uma cidadania plena. Pois com o apoio de boa parte da classe média daquela época, resultou em um fim àquilo que se considerava uma total desordem, inserindo-se na história política do Brasil, o segundo período ditatorial no século passado, pois, só pra lembrar, a República Populista foi um período de quase vinte anos que separou duas ditaduras que ocorreram no país entre meados da década de quarenta e meados da década de sessenta.