HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA

 

“Eu estava sobre uma colina e vi o Velho se aproximando,

mas ele vinha como se fosse o Novo.

Ele se arrastava em novas muletas, que ninguém antes havia visto,

e exalava novos odores de putrefação que ninguém antes havia cheirado.

 

 [...] E em torno estavam aqueles que instilavam horror e gritavam:

Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós!

E quem escutava, ouvia apenas os seus gritos, mas quem olhava, via tais que não gritavam.

 

Assim marchou o Velho, travestido de Novo,

mas em cortejo triunfal levava consigo o Novo e o exibia como Velho.

O Novo ia preso em ferros e coberto de trapos;

estes permitiam ver o vigor de seus membros.”

 

BERTOLD BRECHT

A Repúbli­ca em seu início aqui no Brasil foi denominada de "República das Oligarquias", mas também de "República dos Fazendeiros", "República dos Coro­néis" e "República do Café-com-leite".

O domínio político das oligarquias ligadas ao setor agrário exportador, café  era a atividade econômica principal, e pelo coronelismo – prática utilizada pelas elites, entenda-se os donos das terras, ou seja, os empregadores, para que os seus interesses imperassem sobre a sociedade dispunham da violência, da fraude eleitoral, bem como pelo controle dos redutos eleitorais e das relações de dependência pessoal e de compadrio.

              Na prática, tivemos o fato de que desde Prudente de Moraes até Washington Luís, em 1930, a elite do café de São Paulo foi hegemônica em termos políticos nacio­nais, isto se deve ao fato da utilização de mecanismos de nomeação de seus simpatizantes  e da submissão dos demais Estados da Federação aos seus interesses.            

               Para se manterem tanto tempo no poder usaram muitos mecanismos dentre os quais vamos ressaltar dois: a política dos governadores e o coronelismo.

              A Política dos Governadores começou no governo de Campos Salles (1898-1902), sua ideia consistia num arranjo político entre as elites que controlavam o Governo Federal e as oligarquias estaduais, numa espécie que poderíamos descrever como "troca de favores". Os governadores dos Estados apoiavam a política desenvolvida pelo presidente da República por meio da sua influência sobre os membros da Câmara Federal, ou seja, os deputados, que, em troca de favo­res, recebiam apoio sem filtro do Governo Federal.

              Haja vista, governadores dos Estados, deputados federais e o Go­verno Federal selavam um acordo político que celebrava o fim das disputas entre apoiadores e opositores do Governo Federal, tão comuns nos primeiros anos da República, especialmen­te entre os governos de Deodoro da Fonseca e do início do Campos Salles, logo todos já estavam em comum acordo e se apoiando antes mesmo de que as problemáticas fossem levantadas.

              Entretanto, também como consequência desse acordo, mante­ve-se soberana a hegemonia das oligarquias do café por um bom período. Logo temos um círculo fechado de poder.

              Durante este período, os coronéis ganharam especial importância dentro do sistema oligárquico dominante até 1930, pois, estes possuíam o poder para controlar o eleitorado de sua região e, consequentemente, fornecer votos aos candidatos apoiados pelas elites.

              A forma de atuação do coronel implicava em um relacionamento de "dependência" com os habitantes do local, relação essa que resultou o conceito sociológico chamado de "clientelismo". Em outras palavras, os tra­balhadores rurais e seus familiares, os pequenos sitiantes, mora­dores dos lugarejos e vilas, eram "clientes" ou "dependentes" de favores de toda espécie do grande proprietário, o chamado de coronel, que, em troca, cobrava fidelidade em tempos de eleições.

                        Assim o círculo de poder político se fechava, pois os Coronéis trocavam favores e votos com os governadores e deputados e estes com o presidente, mantendo a máquina do governo funcionando na velocidade e na produção que mais lhe agradasse.

                       

Referência bibliográfica

URL: Café, coronelismo e trabalho escravo marcam a história de Ribeirão Preto < https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/cafe-coronelismo-e-trabalho-escravo-marcam-a-historia-de-ribeirao-preto/ >, acessado em 20/09/2018.

URL: Coronelismo e Mundo Real < http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=t2k&cod=_historiadobrasil_h19b >, acessado em 20/09/2018.

URL: O que é Coronelismo: no passado e suas novas versões , acessado em 20/09/2018.

URL: Entrecruzando história e linguagem: o coronelismo e os jornais  < http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/viewFile/14640/13892>, acessado em 20/09/2018.

FORTUNATO, Maria Lucinete. O coronelismo e a imagem do coronel: de símbolo a simulacro do poder local. 2000. 225 f. Tese (Doutorado em História Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.