REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE ADOLESCENTES EM TORNO DO GÊNERO APÓS LEITURA DE UM CONTO LITERÁRIO

Vívian Fraga dos Reis

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Universidade Estadual de Goiás- Câmpus: Itapuranga.

RESUMO: Problematizamos neste, representações em torno do gênero discursivamente produzidaspor alunos adolescentes após leitura do conto Tchau, de Lygia Bojunga. Apoiamo-nos em Hall (1997), para entender que representações sociais se centram no entendimento da cultura envolvendo, o exercício da linguagem. Para tanto, uma pesquisa-campo com alunos das turmas de 8 e 9 ano de uma escola pública da rede estadual de ensino foi conduzida pela autora deste artigo na tentativa de examinar o que tem sido posto nas práticas sociais dentro e fora da escola acerca dos gêneros. Formam o material empírico deste trabalho, além do discurso presente na obra de Bojunga, as entrevistas geradas após a leitura da obra. Os resultados indicam que estereótipos modernos e coloniais em torno da figura da mulher ainda são inferidos nos discursos produzidos pelos estudantes, que não concordam com as transgressões do gênero intencionalmente postas pela autora na obra. Há ainda uma visão muito conservadora e essencialista acerca do papel da mulher com a família e sociedade. Diante disso, concordamos que obras que possibilitem a construção de tais sentidos por meio da linguagem sejam valorizadas na dimensão do ensino de línguas e literaturas, como formas de problematizar meios de se ver o mundo.

Palavras-chave: Conto literário. Discurso. Representações. Gênero.

Introdução

Trabalhar com uma obra literária que traz à tona outros valores sociais, aqueles que geralmente não são convencionais às práticas históricas e corriqueiras,

  • um desafio docente no âmbito escolar. Transgredir a “norma” e despertar atenção para os valores não concentrados na modernidade/colonialidade em nosso contexto, apesar de difícil, é uma ação pedagógica necessária rumo à desestabilização da ordem naturalizada das coisas no mundo, as quais, por sua vez, vêm geralmente arquitetadas sob a rigidez de nunca se poder questioná-las, porque não se pode haver tensão. Desenvolver ação política (FREIRE, 2006) “em sala de aula, é, sobretudo, uma forma de promovermos o nosso papel profissional de propor mudanças em nossa cultura, quando as normalizações, de alguma forma, são a própria instância que sufoca, oprime e, ao mesmo tempo, acomoda os estudantes, as pessoas”.

Sob tal expectativa, a autora deste trabalho foi a campo, a uma escola pública de ensino fundamental, para vasculhar os discursos produzidos pelos discentes em relação ao modo como se sentem após a leitura do conto Tchau, de Lygia Bojunga, uma obra de desconstrução paradigmática, para, a partir da estratégia

 

didática no campo, problematizarmos, neste texto1, representações em torno dos gêneros evidenciadas no discurso. Envolvemos na teorização da vida social as perspectivas de Pennycook (2006) para quem a “problematização de aspectos políticos, epistemológicos e hegemônicos, via linguagem, é uma necessidade educacional, a fim de romper com os pensamentos tradicionais e transpor os limites que determinam raça, sexo e gênero.”

Representações sociais e discurso

As representações sociais surgem decorrente da necessidade que temos de nos identificar com o mundo. Nesse contexto, são fundamentais em nosso cotidiano por constituir identidades, as quais, por sua vez, determinam significação e circulação simbólica social. Para Hall (2006), as representações sociais têm sofrido transformações, de maneira a descentralizar estruturas centrais da sociedade, constituídas por representações históricas e linguísticas, e a abalar, assim, os moldes referenciais que forneciam certa estabilidade às definições ocidentais demandadas por comportamentos ideológicos e concepções de classe, gênero, raças e etnias.

  • importante observar que, por meio da linguagem, ocorre a constituição do sujeito de modo discursivo à expressão do pensar, falar e representar o mundo por meio de signos. É todo esse arranjo que viabiliza as nossas significações culturais baseadas nas representações. Hall (1997), “inclusive, alerta que essa abordagem traz implicações radicais para uma teoria da representação, pois sugere que os próprios discursos constroem as posições de sujeitos a partir das quais esses se tornam significativos e efetivos.”

A trama sob perspectiva de(s)colonial

Algumas questões postas na trama e que buscamos focalizar no debate empreendido da vida social dizem respeito às inversões propositais de Lygia Bojunga acerca dos papeis tradicionalmente endereçados à figura da mulher no âmbito familiar. Ainda hoje percebemos a sociedade antiga seguindo as condições ocidentais

 

  1. Apesar de o momento de problematização também ter ocorrido em momento posterior à gravação das entrevistas, durante aula de língua portuguesa/literatura específica, neste artigo optamos apenas pelo recorte que evidencia o diagnóstico obtido em campo, para entendermos um pouco mais das representações discentes tidas em primeiro contato com o grupo de estudantes.

 

do patriarcado, por sua vez representado na figura do homem que atua de forma autoritária na conduta da casa, decidindo exclusivamente sobre a vida dos filhos e da esposa, uma vez que é o provedor, o que trabalha e sustenta o lar. Nessa lógica, cabe

  • esposa ser submissa e acatar todas as ordens e decisões, sendo, em alguns casos, vítima de violência, caso haja qualquer tipo de discordância. São valores inscritos em diversas práticas sociais, ainda muito predominantes em nosso meio e diariamente noticiados pelos jornais.

No conto, alguns sentidos suscitados, os quais queremos enfatizar, giram em torno da figura da mãe de Rebeca, que decide se separar do marido e dos filhos, ir embora do país com o homem por quem está apaixonada. A filha Rebeca, protagonista da estória, tenta de todo jeito fazer com que a mãe desista, mesmo compreendendo o desgaste da relação entre seus pais. A mãe não titubeia e, no final do conto, mesmo com Rebeca impedindo-a de ir e se agarrando à mala, diz “tchau” e sai correndo. A garotinha, então, escreve um bilhete e o coloca sob o travesseiro da cama do pai, desculpando-se por não conseguir cumprir a promessa de não deixar a mãe ir embora. Afirma que não deixou a mãe partir com a mala, fato que garantiria uma certa esperança de futura volta.

Paradigmas clássicos desconstruídos na obra e que merecem destaque em nossa argumentação são: 1) o fato de a mãe (a mulher) abandonar o lar por ocasião de um novo amor e 2) o fato de a filha criança/mulher tentar ser a responsável na tarefa de garantir o equilíbrio familiar no momento em que seus pais estão desgastados com a relação sexual/amorosa que os envolve. Do ponto de vista social, os ranços coloniais invocados ao gênero feminino ainda pendem sob o tratamento de recepção discente dado à leitura do conto. Afinal, devido a toda historicidade e legado cristão da colonização, valores de submissão ainda estão reservados à mulher e não ao homem dentro da própria dicotomia moderna ainda remanescente.

Para Mignolo (2008), é fulcral um desencadeamento epistêmico para rompermos com conceitos enraizados, como esses que observamos, os quais estão sob o domínio de conceitos eurocêntricos, de maneira a tornar as subjetividades secularmente formadas sob bases teológicas.

São esses os preceitos que permanecem fortemente em nossa cultura e identidades ainda hoje, marcados por uma lógica colonial jesuítica inserida e atravessados pelas relações de poder constituídas em meio às práticas discursivas.

 

Diante de todas as condições assinaladas, baseados na expectativa de Fabrício (2006), cumpre-nos remeter ao reexame sobre os diversos modos de pensar. Essa autora nos convida ao “estranhamento contínuo” dos vestígios de práticas modernas, iluministas ou coloniais presentes em sociedade. Hooks (1994), na mesma direção, sugere a transgressão em relação aos “limites opressores da dominação pela raça, gênero e classe, para romper com conceitos ideológicos, hegemônicos e coloniais”.

De uma abordagem pedagógica e linguística, acreditamos que, ao valorizarmos o trabalho com o discurso e as representações acerca do que hoje está posto social e culturalmente, estaremos colaborando para a emergência de novas possibilidades de sentido que, esperamos, sirvam para a diminuição do preconceito em torno do gênero. Na condição de professores, cabe-nos associar o trabalho à transformação e à emancipação dos educandos, problematizando aspectos que reverberem na in/justiça e na des/igualdade social.

Metodologia

Esta pesquisa qualitativa, pautada, em sua primeira fase de diagnóstico, em um estudo de caso, foi desenvolvida sob abordagem interpretativista (STAKE, 2000), com o intuito de problematizar as representações discursivas contidas nas entrevistas produzidas com sete alunos. Primeiramente, na escola, foram escolhidas turmas de 8º e 9º anos de uma escola estadual em Itaguaru. Durante duas aulas de língua portuguesa, foi solicitada, em conjunto com a professora regente, a leitura para a casa do conto “Tchau”, de Lygia Bojunga.

Em um segundo momento, do qual retiramos o recorte para a confecção deste artigo, realizamos uma entrevista semiestruturada com sete alunos com média de idade entre 13 e 15 anos, sendo 6 pessoas declaradas do sexo feminino e 1 do masculino. No roteiro prévio de perguntas reflexivas, buscamos saber dos alunos os seguintes aspectos a partir da leitura do conto literário: a expectativa discente sobre o papel da mãe de Rebeca na trama, com vistas a discutir assuntos em torno do gênero feminino no contexto familiar, considerando-se as justificativas de apreciação e avaliação pessoal da obra.

Para a discussão deste artigo, selecionamos as respostas vinculadas a questões de evidência ao preconceito em relação ao gênero direcionado à instituição

 

família. Trazemos, então, para a problematização aqueles recortes que, além de recorrentes nas respostas geradas, evidenciam paradigmas circunscritos na modernidade e ainda presentes nas representações discentes.

Interpretação dos dados

Em tempos de masculinidade hegemônica, a subjetivação ética acerca do papel da mulher no âmbito familiar, com seu molde contextualizado desde épocas coloniais, infere o pensamento de que o seu lugar é junto com os filhos e o marido. Para isso, há que se viver sob o regime de patriarcado em que a imposição, as decisões e a liderança são postas à autoridade masculina. Como buscamos saber dos discentes participantes, torna-se elementar, dentro da conjuntura analisada, o fato de o abandono do lar ser criticada quando realizado por uma mulher. Porque se reserva

  • figura masculina a função de escolha sob o privilégio da moral garantida por toda a representação social e historicamente mantida relativa ao gênero.

Eu acho que seria mais assim: mais do cotidiano [um pai abandonar a família], né. Geralmente são os pais que abandonam as famílias. Você pode ver que a maioria das pessoas fala: “ah, não tenho pai, eu moro com minha mãe”. Pode até ser que seja a madrasta, pode morar com o pai, ficar com a madrasta, mas desse jeito. A maioria das vezes é o pai que vai embora e deixa os filhos com a mãe, né.

(Gabi, 13 anos.)

A ideia de procriação vinculada ao instinto materno parece ainda ser a lógica que funde a maneira de os alunos – e a sociedade – pensarem acerca da mulher, especialmente aquela que possui filhos, marido, família. O estudante JV adota o mesmo posicionamento de Gabi, uma vez que ele não tem convívio com o pai

Porque eu moro só com minha mãe, né ((olhos marejados)). Não moro com meu pai. [Se fosse o pai da Rebeca abandonando a família], eu acharia [normal], porque as crianças vivem sem o pai, vivem mais com a mãe do que com o pai. (JV, 14 anos)

Dê e Milly, ao serem interpeladas sobre a suposição de a mãe da Rebeca abandonar a família para ter uma relação homossexual, posicionam-se de maneira preconceituosa, afirmando que não aceitariam tal situação. Esse parecer das garotas faz parte de um discurso social e histórico, localizado nas representações religiosas de uma sociedade historicamente colonizada. Na dicotomia do certo e errado, surge

 

uma espécie de discriminação na avaliação delas devido às diferentes formas de as outras pessoas viverem e gerenciarem seus costumes e culturas. O discurso levantado também se localiza em nossa formação sócio-histórica de conservadorismo em que posições relacionadas à diversidade de gênero ainda se mantêm aniquiladas, em conformidade com os moldes colonizadores e heteronormativos de sociedade.

Minha opinião seria: eu não aceitaria. Por causa que eu não sou a favor de relacionamento entre duas mulheres.

(Dê, 13 anos)

Ah... não sei, ((indecisão)). Seria pior ou não? Seria pior.

(Milly, 13 anos)

Referente ao personagem com que mais se identificaram, Violeta e Milly afirmam se tratar de Rebeca, tendo em vista a convivência dessas estudantes com situações semelhantes em seu cotidiano, o que nos faz pensar na opressão que muitos desses alunos vivem dentro da própria casa, quando o machismo é a regra.

[Eu me identifiquei] com a menina, porque tem horas que eu vejo meu pai brigando com minha mãe, e eu sinto aquela coisa. Quando minha mãe fala bem assim: “ah, eu vou embora”, aí eu fico triste igual a ela [Rebeca].

(Violeta, 13 anos)

Eu achei [a atitude da mãe de Rebeca] assim, ah, como vou dizer, achei bom. Porque eu também aprendi um pouco, porque eu vivi, eu sofri isso também. (Milly, 15 anos)

Ao questionarmos acerca do comportamento do pai da Rebeca, que é agressivo com a esposa em diversas partes do conto, alguns entrevistados acataram alguns dos posicionamentos como atitudes normais, em razão de terem sido desempenhadas por um homem. No próximo excerto, é possível compreender o discurso tradicionalista de sociedade, no qual se mantém a ideia de que a mulher nasceu para ser mãe e doméstica. Dentro dessa clássica representação, num relacionamento heterossexual, à figura da mulher é delegado o papel de fazer de tudo para manter o relacionamento, para que a família permaneça unida e ela consiga criar os filhos dentro de uma estrutura “necessária”.

Eu acho [em relação ao pai de Rebeca ter sido agressivo com a esposa] assim: por um lado, ele estava certo, por que ele estava tentando, né, fazer

 

com que a família continuasse junta. Mas, por outro, estava errado. Porque, uai, né, ele não podia maltratar ela [a mãe de Rebeca], é a escolha dela. (Gabi, 13 anos)

Isso é errado (ser agressivo com a esposa). Beber, eu acho que é normal, porque todo homem quando está triste, aí vai e acaba com suas amarguras na bebida, né ((risos)). Mas bater nela não.

(Violeta, 13 anos)

Ao observar as argumentações e posicionamentos dos participantes em relação ao fato de a mãe da protagonista Rebeca abandonar a família, é possível evidenciar que eles concebem como uma atitude incorreta o abando do marido por parte da mulher, devido à masculinidade hegemônica exercer historicamente o poder sobre o gênero feminino à medida que o homem pode trabalhar e a mulher cuidar do lar. Sob essa condição capitalista e que concentra outras representações sociais, a infelicidade matrimonial pode ser suportada pela mulher em nome dos filhos, do casamento, da família, e não o contrário. Os argumentos apresentados anteriormente pelas garotas, que são alunas mulheres, continuam a refletir a “anormalidade” do costume patriarcal do fato, da tradição ocidental sexista e colonizadora, quando à mulher-mãe são atribuídos os papeis de fiel, de zeladora e mantenedora dos bons costumes.

Ah... por mim, eu achei que ela [a mãe de Rebeca] foi muito, que ela não teve a atitude certa, por causa que ela largou o homem em casa sozinho.

(Miry, 13 anos)

Eu achei errada [a atitude da mãe de Rebeca], porque, assim, por mais que eles tivessem o pai dela, né, eles ficaram muito sem estrutura, né. Coitado! Eles gostavam muito da mãe. Ficar só lá com o pai, igual o pai falou: ele não sabia o que ia fazer com as crianças, né. Sem a ajuda da mãe iam ficar muito, assim, sós, né. Sem apoio.

(Gabi, 13 anos)

Percebe-se, a partir dos excertos, que as mulheres são vítimas de costumes que extrapolam limites. Eles se fundamentam na lógica de que a mulher nasce para ser doméstica e mãe. No senso comum, a mulher que se separa do marido chega até a ser vista com “maus olhos”, como se tivesse exclusiva culpa pelo término da relação. Muitas dessas representações, como destacamos, têm origem na religião cristã, que dissemina a necessidade de casamento e de a mulher lutar pelo seu lar. Vejamos outros depoimentos:

 

Que ela [a mãe de Rebeca] não pensou nos filhos dela, em deixá-los sozinho com o pai. (Lary, 15 anos)

Eu achei, assim, muito ruim. ((dúvida)) Porque é seu filho, nasceu do seu ventre. Ela [a mãe] nunca, nunca, por exemplo, deixa de amar [a criança], mas o homem, sim. O homem pode deixar de amar [o filho] e largar, e deixar [a esposa] sozinha. Os filhos, [a mãe não pode] não. Os filhos são sangue do sangue. (Violeta,13 anos)

Ao abordar alguns entrevistados sobre a possível relação que eles próprios manteriam com a mãe após um divórcio entre os pais, a fim de ver como essa situação seria enfrentada na perspectiva dos filhos, pensando no contexto da trama em que haveria a rejeição de uma filha pela mãe, a maioria dos estudantes afirma que desenvolveriam ódio e solidão, sentimentos oriundos do abandono pela figura materna, da mulher no âmbito familiar. Alguns adotariam, inclusive, o modo de agir da Rebeca.

Eu achei certo [a atitude de Rebeca]. Eu faria a mesma coisa, mas faria diferente. Eu acho que eu choraria muito, eu pediria minha mãe, eu acho que choraria.

(Violeta, 13 anos)

Eu achei ela [a Rebeca] assim: uma pessoa que soube até que meio que lidar com a situação, e eu agiria da mesma forma.

(Dê, 13 anos)

Considerações finais

Neste estudo, nosso propósito foi o de desconsiderar valores que são apregoados pela formação social, para abrir um leque de entendimento e problematizações considerando-se os resultados das entrevistas. Eles demonstram o grande preconceito sobre a mulher no âmbito familiar. Em geral, os participantes repudiaram a atitude da mãe de Rebeca no conto, afirmando que cabia a ela a criação dos seus filhos e a responsabilidade pelo lar, simplesmente pelo fato de ser mulher e mãe. Ao mesmo tempo, também é possível evidenciar algumas realidades expostas no conto como vivências reais nas famílias de alguns alunos.

Sob a premissa de que ainda estamos plasmados em regimes patriarcais constantemente vigorados na relação familiar, é necessário trabalhar linguística e pedagogicamente com conceitos decoloniais em sala de aula, tais como os assuntos empreendidos pelo conto Tchau, que, em certa proporção, rompe com os papéis de submissão feminina e, por tabela, com a preponderância de representações hegemônicas, levando adolescentes a pensar novas possibilidades para as ações

 

contidas na trama. Os parâmetros coloniais carecem de sofrer quebra epistêmica pela própria instância que um dia os fabricou: família, escola, mídia etc. Nas considerações de Hooks (1994) se a educação é performativa, na condição de professores temos a chance de transgredir os limites da sala de aula para promover mudanças, intervenções e trocas espontâneas de experiências e conhecimento. Afinal, a submissão da mulher precisa ser uma representação superada em nossos dias.

Referências

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