1. INTRODUÇÃO

A prática pedagógica no âmbito escolar continua sendo alvo de discussão no meio acadêmico. O perfil dos alunos que chegam às escolas não é mais o mesmo e, por isso, não deveria haver nas salas de aula a prática de metodologias conservadoras em que não favorece espaço para diálogo e flexibilidade.

Em se considerando o novo perfil do aluno e a atual conjuntura com um cenário pautado na diversidade, os educadores perceberam a necessidade de se discutir novas práticas que atendessem a essa demanda.

Por outro lado, o profissional de ensino não encontra tempo para fazer tais discussões, e uma saída seria a escola promover encontros para discutir suas práticas no período da jornada de trabalho do professor. Reconhecendo a importância desse momento na escola, de forma a promover uma prática pedagógica de qualidade, o governo do estado do Espírito Santo viabilizou um dia de planejamento coletivo na jornada de trabalho desses profissionais. A divisão dos dias é feita por área de conhecimento, segundo a organização curricular da rede estadual, em conformidade com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e a Resolução CEE nº 1286 (2006). Essa divisão é prevista no calendário escolar da seguinte forma: terça-feira, para área de Ciências Humanas; quarta-feira, para a de Ciências da Natureza, bem como a Área da Matemática e quinta-feira, para a de Linguagens.   O objetivo foi oportunizar as discussões as quais pudessem contribuir para a elaboração de projetos de intervenção pedagógica “eficaz”.  Tudo isso é feito levando em conta o protagonista de todo esse processo: o aluno.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio ”Jerônimo Monteiro”, situada no município de Jerônimo Monteiro/ES, tem sofrido inúmeros problemas os quais estão dificultando uma prática pedagógica de qualidade. Em visita de assessoramento e monitoramento com técnicas pedagógicas, constatamos que a escola tem como prática o planejamento coletivo por área, seguindo determinação do governo. No entanto, de acordo com conversa informal com alguns professores, a forma como tem acontecido não tem colaborado para mudanças efetivas na sala de aula. Devido à formação tradicional, muitos profissionais têm apresentado dificuldade de sair do âmbito da individualidade para a coletividade e isso parece refletir na sala de aula.

Essa situação nos levou a investigar o planejamento coletivo por área e suas implicações na sala de aula da escola supracitada no primeiro semestre de 2015, utilizando como objeto de estudo os pedagogos, os professores envolvidos e um grupo de alunos das turmas de 3º ano, do Ensino Médio do turno vespertino.

Urge que a cultura da coletividade esteja inserida no contexto escolar, e nada melhor que o planejamento coletivo para apoiar e garantir que tais práticas se efetivem. Caso contrário, a tendência é a manutenção de uma pedagogia de exclusão, discriminatória a qual pode resultar na negação do aluno, na desmotivação e, por consequência, na evasão escolar.

Um planejamento coletivo amadurecido e envolvido com todas as questões da escola garantirá a formação do educando e a aprendizagem significativa.

É no constante exercício de participação e de tomada de decisão partilhada, que culminarão na “[...] apropriação de valores de cidadania e no desenvolvimento de comportamentos compatíveis com a colaboração recíproca entre os homens”. (PARO, 1997, p. 29-30)

De acordo com Morin (2002), são as relações sociais, numa dimensão hologramática e dialógica, que o indivíduo se define e define o outro.  Daí a importância de espaços como o do planejamento coletivo para que todos os envolvidos possam estar atentos a essas relações, garantindo, dessa forma, que a escola caminhe rumo à emancipação do educando.

Diante do exposto, o tema escolhido para realização de um trabalho de pesquisa envolvendo teoria e prática tem como tema “Repensando o Planejamento Coletivo e suas implicações no Processo Ensino Aprendizagem”. O problema que norteará a pesquisa será: Quais as dificuldades enfrentadas pelos pedagogos e professores da EEEFM “Jerônimo Monteiro” no que diz respeito ao planejamento coletivo e suas implicações na sala de aula da turma do 3º ano do turno vespertino?

Justifica-se a importância de explorar o tema porque o Planejamento Coletivo dos professores por área de conhecimento é sem dúvida alguma uma grande conquista do magistério, que lutou por muitos anos para que esse sonho se tornasse realidade. Percebe-se que o trabalho coletivo de forma efetiva ainda é precário. Parece não haver uma democratização da prática pedagógica de forma a garantir a qualidade no processo educacional desse ambiente escolar.

É mister que haja a compreensão de que a participação de todo o  processo só se efetiva  caso seja construída no âmbito da coletividade de forma que os atores envolvidos consigam se articular alcançando, dessa maneira, a tão almejada qualidade educacional.

A relevância da presente pesquisa se dá em detrimento da necessidade de trazer contribuições acadêmicas para o ambiente escolar, especificamente para a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Jerônimo Monteiro”, no que diz respeito à realização do planejamento coletivo como um dos caminhos para se alcançar uma prática pedagógica mais eficaz, viabilizando ao aluno um processo ensino-aprendizagem de qualidade. Ao perceber essa ineficiência, gostaria de pesquisar, através de observações e depoimentos, as implicações desse planejamento coletivo na sala de aula.

A metodologia aplicada para realização do trabalho é pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

Espera-se alcançar, com a escrita do trabalho, uma análise focada na prática do planejamento coletivo e suas implicações na sala de aula da turma de 3º ano do turno vespertino da EEEFM “Jerônimo Monteiro”. [...]