Repensando o papel do professor numa perspectiva critica

 

Essa discussão é bastante complexa, porém necessária para repensarmos o nosso papel como professores do EJA (Educação de Jovens e Adultos) numa perspectiva critica, compreendendo o papel do docente, de analisar criticamente os problemas que afetam a sociedade mediante a informação adequada e conhecimentos dos procedimentos e de uma postura responsável.

Assim, segundo Kuenzer (1997), a partir da definição de seu projeto pedagógico, das capacidades a serem desenvolvidas, dos diálogos que devem manter com as famílias e a comunidade, pode promover a aprendizagem de uma série de conteúdos conceituais, favorecendo, desta forma, o reconhecimento e a compreensão da historicidade, a relação que existe entre questões vividas como vividas como individuais ou privadas com questões mais ampla.

Neste sentindo torna-se importante conhecer a realidade do aluno do EJA- Educação de Jovens e Adultos, uma vez, que a maioria é trabalhador com defasagem na leitura e escrita.

 

O que encontramos em sala de aula, como materiais didáticos para a alfabetização de jovens e adultos, são os livros chamados de cartilhas, onde sua proposta é de alfabetizar, porém de forma abreviada e fragmentada, muitas vezes, encontrando-se incoerências com os temas estudados com a realidade de cada um deles, ou seja, cartilhas e livros que têm muitas gravuras e poucos textos escritos. Escrita de um mundo irreal, feitichizado (MELO,1997, p.34).

 

Muitas vezes, nos deparamos com materiais, que não condiz com a realidade do aluno, e também nos deparamos com um o ensino, transmitido de forma mecânica e reproduzida, ou seja, o aluno não compreenderá o que está lendo e escrevendo.

Nesse sentindo Freire (1979), destaca métodos e práticas significativos para o jovem e adultos, acrescenta:

 

[...] a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse[...] o conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem. Por essa razão, não acreditamos nas cartilhas que pretendem fazer uma montagem de sinalização gráfica como uma doação e que reduzem o analfabeto mais à condição de objeto de alfabetização do que de sujeito da mesma (FREIRE,11979 p.72).

 

Para o autor, o papel do educador consiste em mediar a aprendizagem, tendo como prioridade o conhecimento trazido pelo aluno, e ajudando o transpor esse conhecimento para a sala de aula, tornando sujeito da sua própria história, e nesse sentindo, acredita-se que para o desenvolvimento de um trabalho significativo. Sabemos o quanto a educação é complexa. Para Moraes (2004) destaca a complexidade, a dialogicidade, a interação, a transdisciplinaridade, a auto organização, a circularidade, a recursividade, a flexibilidade e a autonomia, para que se possa melhor compreender as diferentes dimensões envolvidas no processo de aprender. No entendimento da autora, a compreensão da complexidade pode contribuir para a realização da mediação pedagógica.

 

O educador deve ser o portador da consciência mais avançada de seu meio (conjuntamente com o filosofo, o sociológico). Necessita possuir antes de tudo a noção critica de seu papel, isto é, refletir sobre o significado de sua missão profissional, sobre as circunstancias que a determinam e a influenciam, e sobre as finalidades de sua ação (PINTO,2007, p.48).

 

 

O autor acredita que as ações voltadas para uma pratica transformadora, possibilitara aos alunos jovens e adultos, toda ferramenta, que permitam o desenvolvimento de atitudes de respeito, de solidariedade e cooperação. Essas três pontuações favorecem a constituição de sujeitos politicamente ativos.  Para Kuenzer (1997, p.26):

 

O saber não é produzido somente na escola, mas no interior das relações sociais em seu conjunto; “é uma produção coletiva dos homens em sua atividade real, enquanto produzem as condições necessárias à sua existência através das relações que estabelecem com a natureza, com outros homens e consigo”.

 

 

Desta maneira compreende que tanto os alunos quanto os professores trazem consigo suas vivências. Para Brandão (1981), o processo de aprendizagem parte da realidade dos alunos, cabendo ao professor, junto com eles, reinterpreta-la e ordena lá numa relação dialética entre os conteúdos sistematizados e a experiências concreta dos alunos.

 Para Moscovici (1985) acredita que quando há uma intervenção mediadora entre educando e educador, o clima motivacional se eleva e se traduz em relações de satisfação, de animação, interesse, colaboração. Todavia, quando há baixa motivação entre os membros, seja por frustação ou barreiras à satisfação das necessidades, o clima tende a diminuir ou extinguir, caracterizando-se por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação, podendo, em casos extremos, chegar a estados de agressividade, tumulto, inconformidade e completo desinteresse no processo ensino-aprendizagem.

Saviani (1994) considera a necessidade de o professor trabalhar no sentindo de fornecer aos alunos as condições necessárias para que estabeleçam uma critica da sociedade e possibilidade de ação constante e eficaz. É papel do professor, portanto, em sua função social, considerar os conhecimentos, procedimentos e valores dos alunos, de forma a favorecer a capacidade de pensar compreensivamente sobre eles, criando espaços de trabalho pedagógico na sala de aula, na escola, interagindo com organizações preocupadas com as temáticas existentes na localidade, para a troca de pontos de vista sobre experiência. Portanto faz se necessário a importância das metodologias utilizadas pelo professor.

Acrescenta, Kuenzer,1997, p. 111-112:

 

[...] é absolutamente indispensável conhecer o processo pedagógico que ocorre no interior do processo produtivo, no interior da escola e no âmbito das relações sociais, bem como ouvir o aluno acerca de suas percepções, necessidades e aspirações. Só desta forma será possível avançar nas questões relativas à educação.

 

Nesse sentindo, tem como prioridade a flexibilidade, a autonomia, a capacidade de adaptação a situações novas. Freire (1996) define a educação como experiencia basicamente dialética da libertação humana, ocorrendo no dialogo entre o educador e o educando.

Cabe aos professores assumir o compromisso com os seus alunos, permitindo que esses jovens/adultos se apropriem do conhecimento. Pautar numa dialética que analise a dimensão técnica, a dimensão social e política, compreendendo que não há possibilidade de alcançar a pratica pedagógica transformadora sem comprometimento político. Recortes baseado no livro Educação de Jovens e Adultos- Wendell Fiori de Faria (p.91-101)

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo:Brasiliense,1981.

FARIA, Wendell Fiori de. Educação de jovens e adultos: pedagogia/Wendell Fiori de Faria.  Educação de Jovens e Adultos. São Paulo: Pearson Education do Brasil,2009.

FREIRE, Paulo. Conscientização: Teoria e prática da libertação. São Paulo, Cortez e Moraes,1979.

KUENZER, Acácia. Ensino de 2º grau: o trabalho como princípio educativo. São Paulo: Cortez,1997.

MELO, Olinda Carrijo. Alfabetização e trabalhadores: o contraponto do discurso oficial. Campinas: Editora da Unicamp,1997.

MORAES, Maria Candida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis:Vozes,2004.

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: leituras e exercícios de treinamento em grupo.3. ed. Rio de Janeiro: LTC,1985.

PINTO, Álvaro Vieira. Sete Lições sobre educação de adultos.15. ed. São Paulo: Cortez,2007.

SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetórias, limites e perspectiva. Campinas: Autores associados,1994.

Gean Karla Dias Pimentel, Graciele Castro Silva, Renata Rodrigues de Arruda