RESUMO

Várias discussões e teses giram em torno do livro didático, uma peça presente na prática pedagógica do ensino de história, o que muitas vezes tem sido usado indevidamente. O livro didático apesar de ser um instrumento-sugestão acabou tornado-se uma espécie de livro bíblico onde as informações não são contestadas tornando o ensino de história uma espécie de catequese ou doutrina não sendo usado para um debate crítico, e nós como educadores devemos ter consciência e conhecimento do material que temos acesso, para que possamos reavaliar a importância desse suporte pedagógico como veículo de ideias.

Palavras-chave: Livro didático, prática pedagógica, história, crítica

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é pequeno esforço de pesquisa e análise de alguns problemas relacionados com a política e a prática de adoção e utilização do livro didático, mas antes vamos examinar o que vem a ser esse. O livro didático é de caráter pedagógico, ou seja tem como objetivoa reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo, surgiu como um complemento aos grandes livros clássicos. De uso restrito ao âmbito escolar, reproduzia valores da sociedade, divulgando as ciências e a filosofia, e por longos anos, ele cumpriu essa missão, buscando ajudar na alfabetização.

O livro didático ofereçe uma série de vantagens para o professor e o aluno, favorecendo o êxito do trabalho escolar. Entre suas múltiplas contribuições pode-se notar o aumento da capacidade de lere o aumento do vocabulário. Esse, traz o conteúdo disposto seqüencial e simplificado de acordo com a idade do aluno/consumidor, reúne uma série de instrumentos como mapas, iconografias, documentos, material que em geral os alunos não tem a iniciativa de pesquisarem por si próprios, e traz consigo atividades extras para serem desenvolvidas, portanto tratasse de um recurso importante navida dos docentes, tornado-se uma espécie de carta coringa.

Hoje, o livro didático ampliou sua função, além de transferir os conhecimentos, contribui para a formação social e política do indivíduo. O livro instrui, informa, diverte porém, não podemos dar ao luxo de esquecer que por trás das cortinas do livro didático existe um pensador privado, e o livro didático no Brasil, com honrosas exceções sempre foram considerados de qualidade duvidosa, muitos são autoritários e fechados, com propostas de exercícios que tem respostas padronizadas, conduzindo o aluno à reprodução do pensamento de outros e não a uma reflexão própria. Lembramos que; Segundo FREIRE, "pensar certo significa procurar descobrir e entender o que se acha mais escondido nas coisas e nos fatos que nós observamos e analisamos".

Sendo assim o livro didático constitui uma problemática complexa, já que diferentes segmentos estão envolvidos, a editora o autor, o governo, passando pelo professor chegando no último consumidor o aluno. Portanto o livro se torna um elemento carregado de crenças e valores e ideologias.

Há um bom tempo o livro didático brasileiro passou de um livro texto para ser um objeto bonito e colorido, afinal de contas o livro é uma mercadoria, as editoras necessitam obter lucros com esses, e oferecem o que o mercado esta pedindo, muitas vezes ganhando mais qualidade na forma do que no conteúdo.

Quando o professor torna-se submisso ao livro didático, temos um problema poisencontramos uma espécie de acomodação literária, já que muitas vezes os livros usados nas escolas não acompanham a produção historiográfica atual, sendo que por vezes acaba não sendo apenas um meio de transmissão de conheçimento, mas sobre tudo manutenção dos mitos que povoam a história global e principalmente do Brasil.

Um outro fator a ser acrescentado, além dos já mencionados é o fato de que o livro promete tudo, tudo está detalhado, bastando o aluno abrir o livro na página solicitada pelo professor e fazer os exercícios, acaba tornado-se uma atração irresistível ao docente, ainda mais em um país como o Brasil que muitos não tem a remuneração e nem as condições ideais de trabalho.

Antes de proporcionar uma ferramenta de qualidade ao aluno e seu professor, é preciso que ambos tenham, condições de preparo e um lugar adequado para utilizá-lo. Um espaço físico que proporcione segurança, comodidade, liberdade e a possibilidade de atualização e aperfeiçoamento dos professores, o que, até o momento, inexiste na maioria das escolas brasileiras.

Partimos então do pressuposto de que o problema não se encontra apenas no livro didático, a falha também se encontra nos professores que utilizam-no como único recurso, sendo assim acabam por excluir outras possibilidades de conhecimento histórico, não contribuindo com a sua função social. Na educação, igualmente não basta acontecer à evolução do livro, embora ele seja de grande importância, o docente também tem que estar consciente do material que tem em mãos e questionar a veracidade dos fatos apresentados.

Esse material didático não é neutro do ponto de vista teórico e ideológico, sendo que um dos principais contúdos onde se comprova essa ideologia é há que trata da Revolução Industrial, e a consolidação do capitalismo, o tema se torna uma espécie de berçário de ideologias, faze histórica onde nasce a sociologia.

2 CONCLUSÃO

Observamos que os livros mais recentes buscam uma maior valorização da construção crítica do aluno, desenvolvendo perguntas e textos que propiciem ao aluno tirar suas próprias conclusões, formando cidadãos políticos. Desta forma, contribui-se para a formação de pessoas mais críticas e cabe a nós, os educadores, fazer com que cada vez mais seja estimulada uma valorização da capacidade crítica do aluno, através de uma atividade pedagógica mais elaborada, utilizando o livro didático como auxiliar deste processo, e não como elemento que define todas as aulas.

3 REFERÊNCIAS

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: Sociedade e Cidadania. Ed F.T.D, São Paulo.2006.

CAIMI, Flávia Eloísa, O livro didático e o currículo de história em transição/Flávia Eloísa Caimi, Ironita P. Machado: organizado por Astor Antônio Diehl.Ed UPF, Passo Fundo. 2002.

FARIA, Ana Lúcia G. de. Ideologia no livro didático. Ed. Cortez, São Paulo, 1994.

FREIRE, Paulo. Importância do ato de ler. Ed. Cortez, São Paulo, 1993.

GUIMARÃES, Sônia Dantas Pinto e outros. A Política do Livro Didático. Ed. Summus, São Paulo, 1984

MARQUES, Adhemar, Coleção Caminhos da História v2. Ed Positivo, Curitiba. 2007.

SARONI, Fernando, DARÓS, Vital, História das civilizações.Ed F.T.D, São Paulo. 1979.



[1]Artigo produzidopor Lucas Antonio Morates.