Renascimento: as ciências, as artes e o humanismo

A história, as artes mesmo as ciências e a filosofia, referem-se ao Renascimento como um período de grandes e profundas transformações. Um movimento que tem raízes antigas ainda no mundo medieval e que se prolongou pelos séculos seguintes.

De forma mais restrita delimita-se o Renascimento como um movimento ocorrido entre os séculos XIV ao XVI. Com base nisso, podemos dizer que ao longo desse período nasceu um novo mundo; ou até afirmar que nosso mundo contemporâneo nasceu das sementes Renascentistas.

Esse movimento tem como uma de suas principais características a afirmação de que o mundo medieval, entre os séculos IV e XV, havia sido um período de atraso e trevas intelectuais e culturais. A justificativa para isso é que haviam sepultado os conhecimentos e a cultura greco-romana, em favor dos valores do cristianismo.

A visão, podemos dizer equivocada, de que o período medieval foi de estagnação e atraso, deve-se ao fato de que os renascentistas eram pessoas engajadas em seu tempo: por um lado ainda repleto dos valores e da cosmovisão cristã, característica do medievalismo; por outro lado um período em que estavam se desenvolvendo novos valores e conhecimentos que apontavam para os novos tempos.

Foram os próprios pensadores, artistas e cientistas do renascimento que denominaram seu tempo como um período em que estavam revivendo e restaurando os valores da antiguidade clássica, greco-romana.

Mas o que ocorreu nesse período que o diferencia dos demais? Evidentemente não foi uma coisa só, mas alguns elementos merecem destaque especial.

O humanismo: durante o período da idade média, os valores e comportamentos e a cosmovisão (visão que se tinha do mundo) tinham por base a fé cristã. Ou seja, era um mundo teocêntrico. Os renascentistas deslocaram essa base. As produções artísticas e os novos conhecimentos da ciência e da filosofia tinham o ser humano como centro; como ponto de partida e de chegada. Não se tratava de negar a religião, mas de demonstrar que o ser humano era o senhor da história. A ação humana, produzindo saberes e artes, tinha o ser humano como centro. Exemplificando isso podemos dizer que nas obras de arte não mais os temas sagrados, mas o corpo humano era objeto da produção artística.

O Espírito Científico: Humanismo nos leva às inovações dos saberes, ou seja: desenvolveram-se novos conhecimentos a partir pesquisas com método científico. Alguns exemplos. Na astronomia, com Nicolau Copérnico, Johannes Kepler e Galileu Galilei, entre inúmeros outros, deslocou-se a visão do geocentrismo para o heliocentrismo. Isso levou ao desenvolvimentos da física. A medicina avançou em vários campos. Por exemplo com a dissecação de cadáveres ampliaram-se os conhecimentos de anatomia e suas aplicações na cirurgia, entre outros avanços. Entre os principais nomes da medicina renascentista podemos mencionar: Miguel Cervet, Andreas Vesalius e Gabriele Fallopio (aquele das trompas de Falópio). Isso levou ao desenvolvimento da química e à produção de medicamentos

A arte renascentista: Principalmente a partir da Itália as artes se desenvolveram, produzindo pinturas evidenciando o corpo humano (daí humanismo). Entretanto para que as artes se desenvolvessem foi necessário avançar estudos de matemática, da geometria, da óptica... para calcular a correta e proporcional distribuição dos elementos da pintura, daí a técnica da perspectiva; da química, para aperfeiçoamento das tintas; da física, entre outros saberes… isso porque a produção de uma obra de arte não depende só da inspiração, dos dons e habilidades do artista, mas principalmente dos conhecimentos científicos que possui. Entre os grandes nomes das artes renascentista podemos mencionar: Leonardo da Vinci; Michelangelo Bounarroti; Rafael Sanzio. Esses são só alguns nomes da renascença italiana.

A difusão das ideias e ideais renascentistas foi potencializada pela invenção da imprensa, possibilitando a impressão de livros. Outros desdobramentos do renascimento manifestaram-se no universo religioso, com a reforma protestante e a contra reforma...

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo , historiador.

Rolim de Moura – RO