Reminiscências colhidas na sala dos professores.

Na tarde de 07 de Outubro do ano de 2013, alguns dos mais antigos professores da ETEC Hortolândia puderam trazer a lume significativas reminiscências do início da história da unidade de ensino.

Ao mesmo tempo em que recordávamos na sala dos professores eventos outros da municipalidade como o surgimento do “Hospital Municipal e Maternidade Governador Mário Covas” (e o nascimento do primeiro bebê nele), a construção dos parques “Dorothy Stang” e “Remanso das Águas Sebastião Batista Pozza”, a abertura e ampliação das avenidas Olívio Franceschini e da Emancipação (com a correspectiva construção do corredor metropolitano de ônibus), a revitalização das estradas municipais Valêncio Calegari e Teodor Condiev (que dão acesso ao município), e, ainda, do primeiro grande edifício de andares na cidade, igualmente surgiram reminiscências sobre os primórdios da atual ETEC Hortolândia, que iniciou as suas atividades nas instalações que culminariam na “Escola Municipal de Segundo Grau Profissionalizante de Hortolândia José Roberto Magalhães Teixeira”, até esta ser encampada definitivamente pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS) entre os anos de 1998 e 2000. 

Do professor Fabrício Braoios de Azevedo, ouvimos rememórias do ano de 1996, quando a escola praticamente tinha “apenas quatro professores”: Wágner Luís Schmidt, Hémerson Donizete Laranjeira, Gislaine da Silva e ele próprio. O colégio que se constituiria na então “Magalhães Teixeira” (antigo nome da ETEC Hortolândia), funcionava nas salas de fundo das dependências da “Escola Municipal de Educação Infantil Bambino” (EMEIF Bambino) (1), em área onde hoje também se encontra o “Centro de Formação de Professores Paulo Freire”, no bairro Remanso Campineiro.

Ainda colhemos desse depoimento que as contratações de professores foram feitas em caráter emergencial para o atendimento da demanda, e as abafadas salas de aula, contavam apenas com ventiladores para a refrigeração. No entanto, o entusiasmo era grande no trabalho com os alunos, todos eles, em princípio, residentes em Hortolândia. A escola funcionava nos três períodos, trazendo o revezamento dos docentes.

O professor Fabrício residiu em Santiago de Chile entre 2003 e 2008, e ao retornar, com satisfação pôde encontrar a ex-aluna Sueli Moreno Gode na condição de assistente da diretora Aparecida Bergamin Girardi e, posteriormente, a ex-aluna Patrícia de Oliveira Forestieri Della Croce na direção. Na ocasião, Maria Fátima da Silva – no início do funcionamento da escola como inspetora de alunos – e Vera Lúcia Batista Cajarana (2), eram as funcionárias que estiveram na unidade escolar desde o início de suas atividades, no que continuavam nos emprestando seu valoroso trabalho.

São ainda do professor Fabrício as recordações acerca do espaço geográfico do entorno das regiões do Remanso Campineiro e Jardim Santana. Em 1976, vindo do município de Guarani d’Oeste para Hortolândia – então distrito de Sumaré –, nos relata que ao lado do prédio onde atualmente temos a ETEC Hortolândia – hoje o bairro “Parque Gabriel” –, existia o “Sítio Denadai”, com plantações de algodão e ruas de terra. Estudando no Instituto Adventista São Paulo (IASP), lembra-se de uma época em que o esgoto corria a céu aberto na região, de forma que para chegar à escola era necessário atravessar um curso d’água caminhando por cima de uma adutora da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), em área próxima da atual sede da prefeitura e do Parque Socioambiental Chico Mendes. Obviamente que Fabrício também testemunhou as melhorias e o crescimento vertiginoso do município.

O professor Hémerson Donizete Laranjeira, por sua vez, resgatou o ínterim da inauguração do novo prédio no ano de 1996, que trouxe entusiasmo e alegria a toda a comunidade, sendo no período possível jubilar-se com alunas e alunos estagiando e ingressando na divisão da International Business Machines (IBM) de Hortolândia. Por sinal, a primeira turma que frequentou o Curso Técnico de Processamento de Dados no novo prédio se formou em 1998, em um ano marcado por um disputadíssimo campeonato de futebol no campo gramado de dimensões oficiais da escola, trazendo, inclusive, a participação do time dos professores.

Priscila Batista Martins, por oportuno, recordou-se do último ano de funcionamento da Escola Magalhães Teixeira. Todos – alunos, professores e pessoal administrativo – eram muito unidos, e ainda que fosse gratificante constatar o enorme interesse dos discentes nos estudos, o período de transição para o CEETEPS – que culminou na atual ETEC Hortolândia – foi sublinhado por melancolia. Afinal, chegou-se a ter duas escolas distintas funcionando simultaneamente nas mesmas instalações – Magalhães Teixeira e o campus de Hortolândia ligado à Escola Técnica Estadual Polivalente de Americana (que se transformaria no ano de 2002 na ETEC Hortolândia) – no que não havia atritos, mas também, pouca interação.

Lembra Priscila que desde a época da Escola Magalhães Teixeira a comunidade nela reconhecia uma unidade educacional modelo. Naquele período, as salas de aula eram numerosas e permaneciam ao longo do ano completas, sem evasão. As quermesses, confraternizações e bingos para a arrecadação de recursos para o colégio, bem como as feiras científicas, eram acontecimentos de grande repercussão na cidade, no que os munícipes – mesmo sem filhos nele matriculados – em peso prestigiavam os eventos. As barracas de pastel montadas naquelas ocasiões contavam com o apoio da própria Priscila, de Patrícia Forestieri e da professora Ana Lúcia Custódio de Oliveira, no que igualmente se recordou no início da década de 2000 festas de cunho semelhante, em que essas tarefas contaram com a contribuição, dentre tantos outros, dos professores Ralfe Della Croce, Luís Eduardo Fernandes González, Rogério Duarte Fernandes dos Passos, Fabrício Braoios de Azevedo, Hémerson Donizete Laranjeira e Gilberto Chieus Júnior.    

No início do ano de 2016, a ETEC Hortolândia passou a oferecer lanche e refeição para alunas e alunos, consolidando uma trajetória de duas décadas na missão de educar e profissionalizar.

Notas.

1) Lembra Fabrício que inaugurada em 1989, desde o mês de Junho de 2013 a EMEIF Bambino foi rebatizada como “EMEIF Professora Zenaide Ferreira de Lira Seorlin”, estimada coordenadora pedagógica que lecionou durante dezoito anos na rede municipal de ensino de Hortolândia e que faleceu em Dezembro de 2012.

2) Vera, por oportuno, esteve na Escola Bambino desde 1995, e possuía um representativo acervo de fotografias sobre os momentos iniciais da ETEC Hortolândia, registrando os desfiles cívicos, eventos diversos e, mesmo, a visita de personalidades à escola, sendo que na ocasião de seu depoimento resgatou o dia da inauguração do prédio, no qual compareceu um caminhão de som e o próprio prefeito municipal à época, Sr. Luís Antonio Dias da Silva, além de Edvaldo Orsi, então prefeito da vizinha cidade de Campinas.