RELIGIÃO X PODER! (Reflexão sobre uma entrevista do Papa Francisco)

Professor Me. Ciro José Toaldo

 

O Brasil tem um legado religioso muito forte, historicamente essa caraterística é vinculada à Igreja Católica, uma vez que durante o período colonial e imperial, atrelou-se ao poder para dele obter vantagens. Aliás, religião e história são assuntos complexos e envolvem poder, dominação e até guerra; citando um exemplo, as ‘Cruzadas Medievais’.

Desde os primórdios da colonização de nosso país, o domínio religioso católico, passando por Cabral que em sua tripulação contava com Frei Henrique, este rezou a primeira missa, erguendo a cruz e chamou este chão de ‘Terra da Santa Cruz’. Depois, com a independência e a primeira Constituição, em 1824 que sagrou à religião católica como a oficial. Atualmente o país é laico, tendo liberdade religiosa; contudo, ‘falas e documentos’ atrelados ao catolicismo, ganham imensa repercussão na nação!

A religião precisa ser praticada em sua essência. No Brasil, onde a maioria segue Jesus Cristo e sua doutrina, há líderes cristãos que se desvirtuam destes ensinamentos. Para tanto, pontuamos uma entrevista do atual líder católico, Papa Francisco, concedida à televisão argentina, onde fez declarações a respeito de questões relacionadas ao Brasil que foram de cunho político partidário e ideológico, colocando em questionamento atos relacionados aos poderes constituídos, tendo o grande objetivo de defender quem está atualmente no comando do poder executivo federal!

 É estarrecedora a sua entrevista, uma vez que eleito para conduzir um dos maiores rebanhos religioso do mundo, venha usar de sua influencia junto à mídia internacional para promover, não a unificação de suas ovelhas, mas fomentar a discórdia. Será que Jesus Cristo nos seus ensinamentos, envolveu-se com a ‘safada politicagem’ de seu tempo, apenas para estar atrelado ao poder? 

O papa levanta questionamentos, faz colocações ‘dúbias’, justamente em um momento tenso pelo que passa nossa nação, tendo uma divisão em dois polos. Por que ele defende incisivamente o lado de quem voltou ao comando do Brasil, tendo o governo argentino como parceiro?

É angustiante e triste ver a declaração ideológica deste ‘líder’, trazendo para a gama católica os resquícios de divisão. Quando um líder religioso está a serviço do ‘poder’ ou adota viés ideológico, gera incertezas em seus adeptos.

Quanto constrangimento e desconforto aos católicos. Nos ensinamentos seminarísticos estudava que o líder católico deve sempre buscar conciliação! Lembro-me do Papa João Paulo II, um grande líder e pacificador! Mas, o atual Papa, parece preocupar-se com holofotes da mídia e em alfinetar a justiça e os procedimentos políticos brasileiros, uma vez que inocenta o atual mandatário da nação e indaga um processo de impeachment de um presidente, afirmando ter ‘mãos limpas’. Em que fontes ou quem foram os informantes do pontífice a respeito destes dois acontecimentos? O vemos nas redes sociais é um turbilhão de questionamentos, repúdio as suas colocações e notoriamente nítida divisão entre os católicos!

Que árduo trabalho terão os párocos e muitos bispos de comunidades católicas por todo o Brasil, pois depois de falas que geram discórdia, divisão e até de afastamento de fiéis, terão que buscar alternativas para apaziguar este momento de tensão! 

A religião precisa ser usada para agregar, nunca para ser mero instrumento da defesa de quem se encontra no poder. Aliás, em plena Semana Santa, quando os cristãos celebram a paixão, morte e ressureição de Jesus Cristo, onde se reflete sobre a sua condenação, este líder católico pronuncia-se em questões polemicas e picantes. Será que sua intenção em defender o atual mandatário da nação brasileira e a atual presidente do BRICS, não seja levar os católicos acreditar que, assim como Jesus, estes dois, também foram condenados injustamente?

Reflita sobre isto! Até o próximo! 

Boa Páscoa para todos!