INTRODUÇÃO

O universitário está cada vez mais necessitado de atividades e programações que o insiram nas várias realidades de ensino para que no futuro ao exercer sua profissão de mediador do conhecimento disponha de um preparo básico.

A identidade profissional destes universitários resume-se em características e objetivos que os mesmos constroem ao longo da vida. Esta construção se dá durante suas vivências e lembranças através da observação de seus professores passados e presentes e de pesquisadores da área, do que é eficaz ou não na forma que tais professores agem e consequentemente nas suas próprias atividades referentes à sala de aula como: disciplinas específicas, palestras, pesquisas de campo, programas de iniciação à docência na instituição, estágios supervisionados obrigatórios ou não, entre outros meios de se refletir e adquirir o fazer ensinar.

Visando a construção de uma reflexão acerca dos meios que permeiam a obtenção de uma identidade profissional, a ministrante mestra da disciplina Didática Geral para o curso de Licenciatura Plena em Artes Visuais da Universidade Federal do Piauí - UFPI, Luana Maria Gomes de Alencar promoveu uma pesquisa de campo que aproximará seus alunos ao processo didático de diferentes professores, distintos ou não, mas que estão em vigor nas escolas de fundamental ou médio da cidade de Teresina, Piauí.

A atividade consiste em entrevistas breves com no mínimo dois professores ativos de Artes, formados ou não nesta área. São sete perguntas básicas a respeito da rotina docente, do planejamento exigido e seus entraves, das metodologias aplicadas diante das condições concretas do ensino e avaliação. As correspondentes respostas foram relacionadas aos textos estudados em sala de aula e que estão registrados na bibliografia, para uma melhor reflexão por parte do aluno sobre as novas considerações em relação ao ato de ensinar, agora mais incorporada à uma realidade próxima e acessível.

DESENVOLVIMENTO

Nossos dois entrevistados serão identificados pelos seguintes pseudônimos: Abaporu, professor de História da Arte no Instituto Educacional São José, zona Norte e Monalisa, professora de Artes na Unidade Escolar Duque de Caxias, zona Sul. Eles cederam seus intervalos de vinte minutos em dias letivos para dialogar conosco sobre o processo didático e suas ações, com o aval dos responsáveis pelas instituições em que lecionam por meio de um ofício direcionado pela professora mestra da UFPI, Luana Maria Gomes de Alencar. Porém, as entrevistas se prolongaram e constatamos que seria mais proveitoso o uso de um aplicativo dedicado às necessidades de interação instantânea: o Whatsapp. Coletamos então áudios dos professores em seus momentos de descanso para realizarmos nosso relatório. Monalisa e Abaporu são, respectivamente, professores do ensino fundamental e médio de Teresina. Ambos descreveram suas realidades estabelecendo pontuações acerca da indispensável atenção às diferenças entre o ensino infantil e o ensino juvenil, primeiros momentos dos alunos em contato com o fazer artístico e a história da Arte. Além do fato de que o conhecimento provém mesmo da observação dos meios e suas dimensões, os professores se mostraram familiarizados com um outro fator educativo determinante que se refere não à natureza do grupo, mas de cada indivíduo que leva características e objetivos particulares, carregando assim uma identidade, ou seja, um grupo de crianças tem ansiedades e curiosidades diferentes das de um grupo de adolescentes assim como cada criança e jovem inserido nesses grupos tem desejos distintos. Metodologia reafirmada durante a leitura do capítulo 3 do livro “Didática” - teoria da instrução e do ensino - do educador, escritor e intelectual brasileiro, José Carlos Libâneo, onde atesta que o ensino consiste nada menos que em uma “investigação da natureza”. Ainda relacionado a esta pertinente observação de Libâneo, todo indivíduo como habitante de um universo autoral deve ser incluído no planejamento do educador, tendo em vista que ele não está lidando com apenas uma realidade como pontuado anteriormente. Antecipando um ponto essencial que o primeiro entrevistado, Abaporu, lembrou bem quando foi perguntado a respeito de sua rotina docente: “Existem muito mais atividades na rotina de um professor do que simplesmente dar aula…”, de fato, o professor tem de se dividir em inúmeras tarefas além de atender às diversidades. Abaporu exemplifica: “o professor precisa fazer um planejamento, traçar objetivos, seguir um cronograma, adaptar o conteúdo a realidade dos alunos, ser flexível, ser maleável de acordo com cada situação, com cada sala de aula, com cada aluno. Ao longo do processo temos que desenvolver novas estratégias de acordo com os problemas que vem surgindo.” Surge daí várias problematizações, são elas: Como 4 deve ser o preparo de um professor compromissado? O que ele deve aprender para lecionar bem? Quais medidas deve tomar para que sua ação docente atinja seus alunos de forma crescente? Em resposta a estas perguntas a leitura do texto “As dimensões do processo didático na ação docente” nos convida a refletir sobre a formação de um professor exímio e autônomo, colocando como destaque o que o professor não detém e o que ele deve conter. De acordo com o texto, o educador não detém talento, senso, vocação ou obrigação educacional, ele constrói medidas organizativas e operacionais por meio de estudos e avaliações, pautadas em uma realidade diversificada que se sucede em inúmeros processos metodológicos visando o desenvolvimento teórico e prático de seus alunos, contemplando a interdisciplinaridade que sustenta o nosso modernismo. Após a descrição de como se dá a formação de um professor, devemos lembrar que esta construção é dependente de suas experiências e que a democratização delas se faz necessário porque “é esta a forma de vida mais apropriada ao progresso da sociedade”, segundo John Dewey, filósofo, pedagogo e pedagogista, assegurava. Seguindo as compreensões que foram citadas, relataremos o que os dois entrevistados informaram sobre suas realizações como docentes de acordo com as sete perguntas chaves. [...]