INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA-GO

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA 

 

AMANDA CRISTINA DA SILVA

 


 

RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO BÁSICO II – 

FOCO ESCOLAR


 

Itumbiara

2019

 

AMANDA CRISTINA DA SILVA


 

RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO BÁSICO II – 

FOCO ESCOLAR

 

 

Relatório de atividades apresentado ao curso de Graduação em Psicologia como requisito parcial para aprovação na disciplina Estágio Básico II – Foco Escolar, ministrada pelo(a) Prof.(a). Sheila Maria Pereira Fernandes.

 

 


  HISTÓRIA DA PSICOLOGIA ESCOLAR 

Segundo CASSINS (2007) a história da Psicologia Escolar surge no século XIX, na América e Europa. Origina-se pela procura de profissionais capazes de solucionar problemas, em escolas e entidades, relacionados a avaliação e compreensão das dificuldades e possíveis soluções, como abandono, negligência, delinquência e outros.

 De acordo com CASSINS (2007), no início dava-se ênfase para avaliação psicológica individual de menores com suspeita de serem deficientes mentais, físicos ou morais. Com o tempo o trabalho foi-se ampliando, com a observação, prevenção, intervenção e mensuração das capacidades e habilidades dos alunos e também no campo da capacidade intelectual, subdotação e superdotação. Através de corretos e concretos diagnósticos, intervenções e soluções, houve grande avanço quanto à resolução das dificuldades escolares.

CASSINS (2007) constata que apesar dos primeiros serviços nessa área de atuação terem sido prestados na França, no século XIX, foi nos EUA, que este domínio se consolidou. Isto devido a fatores como: produção de pesquisa cientifica, lideranças especializadas, serviços efetivamente prestados nas instituições e para os alunos e qualificação e validação do papel do psicólogo escolar.

No Brasil, com a expulsão dos jesuítas, como descreve CASSINS (2007), entre outros fatores, resulta no colapso das bases da educação escolar. Repete-se no Brasil a precariedade do ensino elementar de Portugal. Para melhor entendimento, dividi-se a história da Psicologia Escolar no Brasil em três partes:

  • Entre 1830 a 1940

Fase denominada norma – lista. Onde houve os primeiros contatos, através dos professores da área, com fontes europeias e americanas sobre pesquisas, aplicações práticas e concepções da Psicologia Escolar. A prática normalista é o que mais se assemelha à Psicologia Escolar no Brasil, atividade desenvolvida para atendimentos especializados a alunos. Neste período foi realizado o primeiro congresso de Psicologia no país.

  • Entre 1940 a 1962

Fase denominada universitária. Anterior à criação dos cursos de Psicologia no país. Este período foi marcado por duas influências: a primeira pela falta de psicólogos formados, eram os pedagogos que assumiam este papel, porém eram voltados para as funções de orientadores educacional; a segunda por professores estrangeiros ou brasileiros com formação fora do país, limitando-se observações de comportamento, algumas intervenções, utilizando-se de poucos testes psicológicos disponíveis e por vezes se limitando a orientação educacional ou vocacional.

  • De 1962 até dias atuais

Marcada pela introdução da Psicologia Escolar no currículo de graduação de Psicologia, primeiro Congresso Nacional de Psicologia Escolar, realização do XVII Congresso Internacional de Psicologia Escolar e criação da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. Na década de 70 com publicação da Lei Federal 5.766/71, que cria os Conselhos de Psicologia, e com ele a obrigatoriedade de registro para atuação como psicólogo, que a principio os pedagogos da época puderam registrar-se. Na década de 80 a Psicologia Escolar abandona o enfoque clínico, para adotar o pedagógico, passa ter uma óptica cultural e histórica da escola, com enfoque preventivo voltada a saúde psicológica, o aluno não mais com problemas, mas sim em processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Na década de 90 é marcada pela criação da ABRAPEE, a fim de reconhecimento legal do psicólogo escolar dentro das instituições, estimular pesquisas na área e aprimoramento da categoria.

Nessa ordem cronológica, CASSINS (2007) chega a Psicologia Escolar Contemporânea, cujo conceito engloba Psicologia na Escola e da Educação e seus atributos definidos como: a Escolar visando a atuação prática e a Educacional visando a pesquisa, ambas se completando e se apoiando. Com objetivo de ser alicerce para o desenvolvimento global do estudante, por meio de ações preventivas junto aos diretores, orientadores, professores, pais e alunos. Dentro do contexto escolar são aplicadas avaliações, diagnósticos, orientações e acompanhamentos, porém voltados para o contexto institucional e não ao aluno individualmente, caso seja necessário acompanhamento individual o aluno será encaminhado para atendimento clínico. Ficando definido o papel do Psicólogo Escolar como o de integrar as relações e como parte da equipe multidisciplinar, se envolvendo no processo de ensino, também se atento ao desenvolvimento global do estudante e do corpo docente.

 

 

 O QUE É PSICOLOGIA ESCOLAR E O QUE FAZ O PSICOLOGO ESCOLAR

 

Segundo CASSINS (2007), a Psicologia Escolar se utiliza de conhecimentos científicos sobre o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, como ferramentas a fim de entender os processos de aprendizagem e direcionar a equipe de profissionais educadores a um constante aperfeiçoamento do processo de ensino.

BISNOTO/ARAÚJO (2009) pontuam que o psicólogo escolar é de fundamental importância para a equipe multidisciplinar, em tomada de decisões de base como: distribuição de conteúdo de acordo com as fases do desenvolvimento humano, estratégia de manejo de turma, apoio ao professor quanto às diferenças presentes na sala de aula, técnicas inclusivas para alunos com dificuldades de aprendizagem, desenvolvimento de habilidades sociais e demais questões presentes no âmbito escolar.

 Nesse sentido CASSINS (2007) acrescenta que para tal o psicólogo escolar atua em parceria com a coordenação da escola, funcionários e familiares que acompanham os alunos também fora do ambiente escolar, a fim de se obter uma visão sistêmica, podendo agir assim em duas frentes: preventivamente e através de mudanças. Contribuindo assim para o desenvolvimento de toda comunidade escolar nos aspectos humano, social e cognitivo. Promovendo melhor aproveitamento acadêmico do aluno, possibilitando que se torne em adulto produtivo para sociedade.

De acordo com BISNOTO/ARAÚJO (2009), por estar inserido no contexto de formação acadêmica ao psicólogo escolar coube classificar os alunos com alguma deficiência de aprendizado, procurando ajustá-los aos padrões de normalidade. Atualmente a Psicologia Escolar busca atuar em caráter preventivo sustentando mais os parâmetros de sucesso do que os de fracasso. Ao fracasso escolar, normalmente se culpa o aluno, como um déficit individual ou familiar, configurando assim como um problema social. Sob a óptica dos parâmetros de sucesso, o foco são as potencialidades e possibilidade em vez das dificuldades, então se busca alternativas e diferentes formas de aprendizados, individuais e coletivos, para superação das adversidades, possibilitando assim maior sucesso no aprendizado.

Ainda de acordo com BISNOTO/ARAÚJO (2009), outra perspectiva importante do psicólogo escolar é sobre a saúde psíquica do professor, que tendo em vista o forte vínculo afetivo normalmente criado no outro, no caso o aluno, é comum a identificação de um profissional abatido e desmotivado diante do ato de ensinar. Nesses casos a intervenção do psicólogo escolar vai de encontro ao apoio psicológico, procurando ajudá-lo, identificando possíveis transtornos inerentes a profissão, como a síndrome de burnot, e com ajuda de outros profissionais de saúde, apoiá-lo a fim de modificar o quadro de sofrimento, tornando a relação aluno-professor prazerosa.

 

PSICOMOTRICIDADE: HISTORICO E DEFINIÇÃO

 

Segundo GROMOWSK/SILVA (2014), o termo psicomotricidade nasce com necessidade médica, mais precisamente da neurologia, de explicar certos fenômenos clínicos. Historicamente o termo aparece no início do século XIX, a fim de nomear zonas do córtex cerebral situadas além das regiões motoras. Em meados deste século, para se compreender as estruturas cerebrais o corpo humano começa ser estudado, primeiramente por neurologistas e depois por psiquiatras, inicialmente no intuito de classificar fatores patológicos. Portanto as primeiras pesquisas no campo psicomotor se dão no campo neurológico, com enfoque nas patologias.

MORGADO (2007) aponta que em 1920, Dupré deu início aos primeiros estudos sobre as relações psíquicas e motoras, sob o ponto de vista neurológico. Verifica a relação entre anomalias psicológicas e anomalias motrizes. A partir dai outros estudiosos passam a se interessar pelo assunto. Wallon pesquisou a relação psicomotora, afeto e emoção. Piaget investigou a relação psicomotora e inteligência. Ajuriaguerra atentou-se para o corpo e sua relação com o meio.

Conforme a ABP, o termo psicomotricidade é usado para o estudo do desenvolvimento do movimento, através de experiências vividas pelo sujeito, que resultam em sua individualidade, linguagem e socialização. Estuda as relações e influências entre psiquismo e motricidade, o indivíduo e suas relações com o corpo, interações cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas, a fim de compreender as capacidades de ser e de se expressar a partir do movimento no contexto psicossocial. Tendo o corpo humano como objeto de estudo, este será o mediador, no intuito de promover a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos. Suas linhas de atuação são: educativa, reeducativa, terapêutica, relacional, aquática e ramain.

GROMOWSK/SILVA (2014) acrescenta que o nascimento da psicomotricidade se dá em um momento em que o corpo humano passa a ser pensado como um corpo que fala. Envolve toda ação realizada pelo sujeito, que representem suas necessidades e possibilitam a relação com os outros. Contribui para formação dos esquemas corporais com objetivo de incentivar a prática do movimento, com finalidade auxiliar no desenvolvimento físico, mental e afetivo. Para tal há a necessidade de profissionais conscientes de que a psicomotricidade se trata de uma ciência que considera que toda ação realizada pelo indivíduo, corresponde a suas necessidades.

 

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

 

BOULCH (1992) justifica a importância da educação psicomotora pelos resultados obtidos quando a criança apresenta transtornos entre a relação do EU com o mundo, como em crianças que não apresentam transtornos ou déficits. Enfatiza que a educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária, pois condiciona todo aprendizado, leva a criança tomar consciência do seu corpo, adquirir coordenação motora e trabalhar aspectos como lateralidade, noção de espaço e tempo. Quanto mais cedo se aplica a educação psicomotora com a criança, mais se previnem desajustes, difíceis de serem corrigidos quando já maturadas.

De acordo com BOULCH (1992), a princípio houve resistência quanto à adesão deste conceito, sendo visto como uma educação voltada às crianças com alguma deficiência e por isso desnecessário para outras crianças, ditas normais. Visava-se o alto rendimento físico voltado para o esporte de alta performance e precoce. Contudo o autor esclarece que a educação psicomotora possibilita um equilíbrio entre corpo e mente, proporcionando uma unidade educativa.

BOULCH (1992) pontua sobre a importância da educação física, porém esta não substitui a educação psicomotora, pois a primeira visa o rendimento esportivo e a outra uma educação real do corpo, tendo seus benefícios verificados principalmente em crianças em idade escolar. Um dos pontos em que a educação física não supre este desenvolvimento integral entre corpo e mente, é o fato de seu foco ser centralizado no rendimento mecânico do movimento, enquanto a psicometria foca no comando psicomotor. Dois fatores são salientados pelo autor quanto ao trabalho corporal: fatores de execução, ligados ao rendimento motor, que dependem do sistema muscular e de nutrição; fatores do sistema nervoso, que coordenam todos os sistemas que dão suporte às funções mentais.  

 EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

 

Segundo LUSSAC (2008) a psicomotricidade nasceu e evoluiu a fim de explicar emoções e sensações do corpo. O corpo humano sempre foi valorizado, da civilização oriental à ocidental, porém ao longo do tempo o significado sofreu transformações. 

Conforme citação de FALCÃO/BARRETO (2009), a cultura do corpo teve origem na civilização grega, simbolizado em estádios e lugares de culto, para Platão a educação do corpo e do espírito está em alimentá-los e mexe-los constantemente. Para Aristóteles o corpo era a matéria moldada pela alma, sendo o corpo a forma da alma, nascendo um dos fundamentos do pensamento psicomotor, onde enxerga a atividade física como meio de desenvolver o espírito, de acordo com suas ideias, o exercício físico devia ser praticado até a adolescência com atividades moderadas para não prejudicar o desenvolvimento do espírito. 

Já sob a óptica de Descartes, de acordo com FALCÃO/BARRETO (2009), que separa o corpo da alma, sendo a alma como substância pensante e não participante de nada que acontece com o corpo e corpo como uma coisa externa e não pensante. Porém este dualismo é marcado pela contradição, onde separações e uniões são constantemente articuladas ao longo da história, no intuito de fornecer explicações da relação entre corpo e alma. 

Para LEVIN (2007) a história da psicomotricidade é participante a história do corpo, ou seja, deu-se início a psicomotricidade desde que o homem existe. Com a evolução dos tempos o corpo também sofre mudanças em suas significâncias. Fonseca (1995) já dizia que desde Aristóteles o corpo era deixado em segundo plano em função do espírito na era antes do renascimento. Logo após o renascimento o homem começa a interessar-se mais pelo seu corpo, mais somente no sec. XIX o corpo começou a ser estudado com um intuito mais científico, nesta época o corpo humano começou a ser estudado por neurologistas e depois por psiquiatras que tinham o interesse de conhecer os funcionamentos psíquicos e os processos cerebrais em geral. 

 Segundo SOUSA (2004) O termo psicomotricidade surgiu no  início do século XIX, esse termo surgiu a partir do discurso médico a respeito da neurologia, esse estudo se deu da seguinte maneira: com o desenvolvimento e as descobertas do século XIX a respeito da neurofisiologia foram constatadas serias disfunções nas quais o cérebro não tinha nenhum indício do lesão, esse fato despertou a curiosidade dos médicos já que não saberiam explicar as causas de tal descoberta e foi através dessa necessidade de explicar o que ainda não havia respostas que no ano de 1870 nomearam esse fenômeno de psicomotricidade. 

A partir do século XIX, FALCÃO/BARRETO (2009) apontam que com o desenvolvimento e descobertas da neurofisiologia se notam disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado, distúrbios gestuais e nas atividades convencionais sem danos aparentes no sistema nervoso. Portanto o que determinava que para cada sintoma houvesse uma lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. Com Dupré, sob enfoque neurológico, nasce o termo psicomotricidade para dar conta de certos fenômenos clínicos que a partir de estudos define síndromes, incapacidade de relaxar voluntariamente os músculos e inabilidades, sem que estas estejam atreladas a danos neurais. 

Para SOUSA (2004) Em 1909 Ernest Dupré deu início aos estudos da psicomotricidade, essas pesquisas de Dupré consistiam em estudos clínicos na observação de pacientes, em um desses estudos ele definiu a Síndrome da debilidade motora essa síndrome é caracterizada pela presença de sincinesias, paratoniais e inabilidades, rompendo a relação entre perturbação motora e a síndrome. Dessa maneira o neuropsiquiatra Dupré evidenciou um fenômeno denominado paralelismo psicomotor que significa uma relação entre o desenvolvimento da psicomotricidade, da inteligência e d afetividade. O paralelismo psicomotor foi definido como uma tentativa de superação ao dualismo cartesiano (corpo e mente). 

De acordo com FALCÃO/BARRETO (2009), Dupré, formula a noção de psicomotricidade, partindo da possibilidade de poder ocorrer a dissociação entre localização neurológica e deficiências motoras, associando o desenvolvimento da psicomotricidade, inteligência e afetividade. Sendo a neurofisiologia, neuropsiquiatria e patologia cortical as três vias de acesso do conceito de psicomotricidade.

Para FALCÃO/BARRETO (2009), Henry Wallon, médico, psicólogo e pedagogo, foi o responsável pela psicomotricidade ser vista como campo científico. Segundo Wallon o movimento é a expressão e o primeiro instrumento psíquico, pontuando que ação, pensamento e linguagem são inseparáveis. A ação é o pensamento em movimento e o pensamento é o movimento sem ação. Diferentemente de Dupré que correlacionou a motricidade à inteligência, Wallon a relacionou com o caráter, o que possibilitou relacionar a motricidade ao afeto, concluindo que o desenvolvimento geral não poderia estar dissociado das emoções. 

 Segundo FONSECA (1995) Em 1925, Henri Wallon trouxe suas contribuições para a psicomotricidade através da análise sobre estágios e transtornos do desenvolvimento mental e motor na infância.  Para Wallon o movimento é a única forma de expressão e o primeiro instrumento do psiquismo. Wallon ainda criou o termo Dialogo Tônico que consiste na relação entre o tono postural e o tono emocional, dessa maneira a emoção torna-se um elo entre o orgânico e o social. Ele diz ainda que o movimento está relacionado ao afeto, a emoção, ao meio ambiente e aos hábitos da criança. Tornando a motricidade claramente relacionada ao caráter. 

FALCÃO/BARRETO (2009) pontuam que por volta de 1935, inicia-se a prática psicomotora, inspirada pelos estudiosos do assunto daquela época. Eram usadas diferentes técnicas advindas da neuropsiquiatria infantil como reeducação psicomotora e atividades de relação e controle motor em crianças que apresentavam alguma dificuldade no movimento. Já em 1942 outros estudiosos, entre eles psicólogos da Gestalt, mostraram interesse pelos mecanismos da percepção. Também Clapariede, Montessori e Piaget na área da Psicologia Evolutiva contribuíram para um melhor entendimento sobre o desenvolvimento da criança. 

Para LEVIN (2007) No final da década de 40 a psicomotricidade começou a ter seu valor diante das outras ciências, adquirindo sua autonomia, o autor também acrescenta que essas mudanças ocorreram devido ao surgimento de técnicas ligadas a distúrbios psicomotores, essas técnicas foram propostas por Julian de Ajuri guerra, Julian foi um psiquiatra que conseguiu romper a antiga concepção psicomotora, sua ideologia estava centrada na relação do corpo com o meio. Em 1960 segundo FALCÃO/BARRETO (2009), Ajuriaguerra, Wallon e Piaget foram influenciadores de outros autores, que redefiniram os objetos da psicomotricidade, que enfatizaram as relações, emoções e movimentos.

Já entre 1947 e 1948, de acordo com FALCÃO/BARRETO (2009), Ajuriaguerra e Datkine, redefiniram o conceito de debilidade motora, onde os transtornos psicomotores oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. 

 Para LEVIN (2007) A partir de 1974 surgem na psicomotricidade outras diferentes concepções como o conceito psicanalítico, Sigmund Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott passaram a ser citados em obras que abordam a psicomotricidade. Ainda para este autor é através da contribuição psicanalítica que são introduzidos no estudo da psicomotricidade conceitos como inconsciente, transferência e imagem corporal. 

FALCÃO/BARRETO (2009) acrescentam que na mesma época, há uma nova definição da psicomotricidade em que o foco não é mais voltado ao plano motor e sim ao corpo em movimento, passando assim a se tratar não mais de uma reeducação e sim de uma terapia psicomotora, que observa e opera o corpo em movimento, que se move e constrói a própria realidade e onde as emoções se manifestam. Então o amplo enfoque do corpo é determinado por três dimensões, instrumental, tônico-emocional e cognitiva, consolidando a terapia psicomotora.

FALCÃO/BARRETO (2009) seguem acrescentando sobre a evolução da psicomotricidade como a relação do desenvolvimento motor no perceptivo, experiências entre espaço e tempo como evolução no aprendizado, exercícios para desenvolvimento perceptivo motor, controle ocular, comportamento perceptivo motor ligado ao desenvolvimento intelectual consolidando a teoria da pirâmide do comportamento perceptivo motor. Também pesquisas sobre testes de percepção visual, ligados a dificuldades escolares sob aspectos multidisciplinares.

Segundo LUSSAC (2008), no Brasil a evolução da psimotricidade não foi diferente, que já na década de 50, quando Gruspun e Lefèvre ultilizavam o estudo do movimento nos processos terapêuticos em crianças excepcionais e também em crianças com distúrbio de aprendizagem. A partir de 1968 a psicomotricidade foi introduzida nas universidades em diversos estados brasileiros, sendo que a princípio a formação dos profissionais era das escolas francesas e argentinas. No início era utilizada nas escolas especializadas a fim de corrigir distúrbios ou dificuldades de aprendizado das crianças excepcionais.

FALCÃO/BARRETO (2009), conta que em 1977 foi inaugurado o GAE, Grupo de Atividades Especializadas, responsável pela clínica do ISPE (Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação) destinado a formação de profissionais de psicomotricidade. Em 1979, o primeiro Encontro Nacional de Psicomotricidade. Em 1980 é fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, integrada a Sociedade Internacional de Psicomotricidade. A partir daí começam a surgir os primeiros trabalhos científicos sobre o tema. Em 1983 o primeiro curso de Pós-Graduação em Psicomotricidade. Em 1984 foi aberto o curso de graduação em psicomotricidade com duração de quatro anos, aprovado pelo MEC. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1999) a psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento em relação com o mundo, e a sua capacidade de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.

Pode-se dizer que a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1999) considera que  desde o seu surgimento ate os dias atuais a evolução da psicomotricidade está relacionada a três diferentes pontos. O primeiro é que está relacionada a práticas reeducativas seguidas da terapia psicomotora e por fim a clinica psicomotora, o primeiro foi influenciado pela neuropsiquiatria na qual o foco era o aspecto motor tendo como instrumento o corpo. 

 

APLICABILIDADE DA PSICOMOTRICIDADE 

 Elaine Del Boni Pereira (2014) em sua pesquisa afirma que existem diversas formas de aplicar o estudo da psicomotricidade na prática, diversos métodos de condicionamento e aprimoramento surgiram a partir dos estudos psicodinâmicos. Tendo dessa maneira o desenvolvimento da tonicidade, da equilibração, da lateralização entre outros objetivos a motricidade traz consigo diversas técnicas com o intuito de desenvolve-la. Dessa forma a autora apresenta algumas formas de aplicação da motricidade, são elas: Feldenkrais, Eutonia, Danças Circulares, Antiginástica, Contrologia (Pilates) e Yoga. 

Feldenkrais

Elaine Del Boni Pereira (2014) explica que o método Feldenkrais busca em sua técnica conectar o ser humano consigo mesmo e com suas habilidades físicas e psicológicas com o objetivo final de melhorar as capacidades funcionais do cotidiano. O fundador dessa prática Moshe Pinhas Feldenkrais se baseou para a criação de sua técnica em técnicas anteriores como a Técnica de Alexander, que procura condicionar a pessoa a um relaxamento muscular, e se inspirou nas artes marciais em especial o Judô, a qual ele teve uma experiência pessoal com o seu criador. Esta técnica trabalha a motricidade desde a sua primeira unidade funcional no aprimoramento de aspectos cognitivos como a atenção, alerta e inclui gestos motores levando em consideração a orientação da pessoa no espaço e no tempo em sua execução.

 

Contrologia

Elaine Del Boni Pereira (2014) apud Garcia Filho (2012) explica que a Contrologia, também conhecida como Pilates, quando desenvolvida tinha o objetivo de desenvolver de forma sistematizada os três aspectos da natureza humana, são eles: corpo, mente e espirito.

Segundo Elaine Del Boni Pereira (2014) a relação entre motricidade, cognição e afetividade encontra a analise das condições do corpo, que são por sua vez influenciadas pelo psicológico da pessoa. Joseph Pilates, criador dessa técnica enfatiza a importância da boa postura e do movimento na prática do seu método.

 

Antiginástica

Elaine Del Boni Pereira (2014) explica que a Antiginástica por sua vez foi criada por um fisioterapeuta chamado Therèse Bertherat, ele criou a Antiginástica a partir de suas desilusões enquanto estudante, quando se deparava com a metodologia antiga reducionista e cartesiana dos aspectos patológicos e anatômicos do ser humano. Foi então que Therèse Bertherat na busca da interação do corpo em sua totalidade desenvolveu diversos métodos de terapias corporais que já existiam até fundar a sua própria técnica. Esta técnica desenvolve a motricidade, a coordenação e a orientação espaço-temporal, além das percepções sensoriais do indivíduo nele mesmo.

 

Yoga

Elaine Del Boni Pereira (2014) apud Brouilleitte (2008) explica que a yoga é uma pratica milenar já difundida em todo o mundo e tem o objetivo de buscar o alinhamento entre corpo, mente e espírito, essa técnica é realizada através de posturas, respirações e meditações. A pratica do yoga é estudada por diversas universidades entre elas está a Universidade do Quebec de Montreal, nessa universidade um grupo avaliou a yoga como uma prática psicomotora positiva no rendimento escolar de crianças de 5 e 6 anos de idade. Além disso foi comprovada a melhora do equilíbrio e da motricidade global, da capacidade de lateralização, da relaxação e da cognição, e houveram melhoras também em casos de Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Em outros estudos realizados no Rio Grande do Norte a prática do Yoga se sobressaiu a outras práticas físicas. Neste caso o yoga de sobressaiu em testes cognitivos realizados antes e depois da aplicação dessa prática, esse estudo foi realizado durante 6 meses com 36 integrantes do Exército Brasileiro.

 

 

Eutonia

Elaine Del Boni Pereira (2014) é uma prática corporal que foi desenvolvida na Europa por Gerda Alexander no século XX, Gerda quando desenvolveu essa técnica visava ampliações da consciência corporal e da percepção sensorial. A Eutonia é uma palavra a ocasionada pela junção de duas palavras originarias do grego, eu (bom) com tônus (tensão), essa técnica dedica-se a despertar e cultivar a consciência da unidade psicofísica de cada indivíduo, que é observado nas posturas e nos gestos corporais a impressão das experiencias físicas que a mesma já vivenciou. Essa prática utiliza também conceitos de união corpo e mente de Wallon, como sua base teórica para o desenvolvimento de sua tese. 

 

Danças Circulares

Segundo Elaine Del Boni Pereira (2014) a dança é a forma de expressão da arte através do corpo, ela tem o poder de difundir culturas e unir povos em todo o planeta.             Essa Técnica possui elementos como o ritmo e sociabilização. Ela é expressa em rituais religiosos e pagãos, em celebrações de eventos sejam eles sociais ou esportivos, como os jogos olímpicos por exemplo. Já a dança Circular foi idealizada pelo bailarino Bernhard Wosien no séc. XX, essa técnica utiliza coreografias, música e pode ter diferentes vertentes, um exemplo desse tipo de dança no brasil é a dança de roda. A dança é um método incorporado pela motricidade pois trabalha com a noção de corpo, de lateralização através do movimento, a relaxação e o processo de aprendizagem.

           

 

OS ELEMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE

 

Existem elementos os quais possibilitam os avaliadores a realizarem suas avaliações através da observação destes, são eles: Esquema corporal, Coordenação Motora Ampla, Coordenação Motora Fina, lateralidade, Equilíbrio, Estruturação Espacial, Orientação Temporal.

 

Esquema corporal

 

Segundo PESSOA (2013) a criança nasce possuindo um conhecimento do próprio corpo, essa capacidade motora possibilita a criança a utilizar as partes do seu corpo de forma intuitiva, essa capacidade de reconhecer e atuar sobre as partes de seu corpo é denominada esquema corporal.

 

Deste modo a autora considera que a constituição da personalidade da criança também faz parte deste projeto, ao qual o corpo primeiramente toma consciência de si para depois conhecer o mundo. O esquema corporal traz para a criança mais segurança e reconhecimento de suas potencialidades e possibilidades de agir e transformar o mundo a sua volta, traz também segurança a criança a medida em que ela efetua movimentos e seu corpo lhe obedece.

Para LE BOULCH (1983) O esquema corporal representa o conhecimento que a criança adquire do seu corpo, e das partes de seu corpo, segundo ele esse conhecimento possibilita a criança de agir, manipular e utilizar suas habilidades corporais no relacionamento entre corpo e ambiente.

 

Coordenação Motora Ampla

           

ALMEIDA (2007) apud AQUINO/ BROWNE/ SALES/ DANTAS (2012) explica que a coordenação motora ampla é a primeiro elemento a ser desenvolvida e vivenciado pela criança, e com o tempo ela desenvolve e aperfeiçoa os movimentos dos membros superiores e inferiores.

 

Coordenação Motora Fina 

Para LE BOULCH (1983) a coordenação motora fina ou coordenação viso motora é um elemento que deve se iniciar a partir do primeiro ano e termina junto ao termino da educação infantil básica, esse elemento segundo ele ocorre a partir da reação da mão e do olho que são dominantes, a motricidade fina é a capacidade de executar gestos coordenados utilizando grupos musculares pequenos.

 

AQUINO/ BROWNE/ SALES/ DANTAS (2012) explicam que a coordenação motora fina cobra do indivíduo a execução de maiores habilidades, habilidades essas que são essenciais para manipular coisas e objetos, a criança precisa saber nesse elemento se movimentar com determinada desenvoltura e ter habilidades como o equilíbrio e domínio dos gestos. Esse elemento segundo os autores é muito importante porque diz respeito a habilidade que exige uma determinada destreza manual, essa coordenação se faz necessária para movimentos como os da escrita.

 

Lateralidade 

MEUR/ STAES (1984) apud AQUINO/ BROWNE/ SALES/ DANTAS (2012) para ele a lateralidade constitui na dominância lateral de um lado do corpo em relação ao outro lado, a lateralidade consiste na noção que a criança vai estabelecendo durante sua atividade de deslocamento que é quando o corpo trabalha.

 

Equilíbrio 

Segundo HURTADO (1991) apud AQUINO/ BROWNE/ SALES/ DANTAS (2012) o equilíbrio é a capacidade que a criança tem se controlar o seu próprio corpo de diferentes maneiras, utilizando todos os lados ao mesmo tempo, utilizando apenas um lado do corpo, e alternando os lados do corpo.

 Estruturação Espacial 

Segundo OLIVEIRA (2007) A estruturação espacial é um elemento muito importante para se viver em sociedade, e é através da estruturação espacial que  a criança se situa no meio no qual esta inserido, que estabelece relações de vinculo entre os objetos, que faz observações e comparações sabendo diferenciar objetos que de fato são diferentes. 

Orientação Temporal 

AQUINO/ BROWNE/ SALES/ DANTAS (2012) diz que a orientação temporal é capaz de auxiliar na leitura e na comunicação, e dá o exemplo que em uma conversa é passível que se emitam sons que surtem de uma maneira ordenada e compreensível, para uma criança isso se torna mais complicado já que para apreender a ler ela precisa ter um domínio do ritmo, noção de tempo, memoria auditiva e é necessário também que a criança possua uma noção de diferenciação da duração de cada som e de cada palavra.

 

 

A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM

 

                        VIEIRA (2009) explica que a psicomotricidade relacionada a aprendizagem se produz através de relações afetivas de acordo com as possibilidades de cada pessoa, a psicomotricidade relacional pretende promover as atividades de professores e alunos, recriando uma escola em existe espaço para atividades práticas, tais atividades colaboram para a constituição da personalidade e inserção e reinserção social.

 

FALCÃO/BARRETO (2009) explicam que na década de 70, diversos autores tinham a intenção de inspirar professores quanto a importância da psicomotricidade na educação infantil, dentre eles, Le Boulch, influenciado por Wallon, em seu livro “A Educação pelo Movimento”. Viabilizando assim, de uma maneira original, que crianças inadaptadas desenvolvessem suas potencialidades, podendo assim ter acesso ao mundo escolar. Isso através de soluções baseada nas evidências que através das suas ações as crianças desenvolvem o conhecimento de si mesmas.

 

 

FALCÃO/BARRETO (2009) acrescentam que entre 1896 e 1980 Piaget foi um dos autores que mais pesquisou sobre a ligação entre psicomotricidade e percepção. Nota a relevância do período sensório-motor e a motricidade, antes mesmo do desenvolvimento da linguagem e inteligência. Pontua sobre o contínuo desenvolvimento, que passa sempre pela equilibração progressiva, sendo a inteligência uma adaptação ao meio ambiente. Para tal há a necessidade da criança em manipular os objetos a sua volta, para que ocorra a modificação dos reflexos primários.

 

OLIVEIRA (2007) ressalta a contribuição de Piaget na construção da psicomotricidade, para Piaget a motricidade está relacionada com a inteligência, através das experiencias motoras das crianças ao explorar o mundo Piaget percebe assim a relação da psicomotricidade e da aprendizagem. 

 

 

CON     TEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA

 

Escola é um ambiente que pode dar oportunidade de aprendizagem para os profissionais da área de Psicologia. A interação entre esses dois ramos possibilita um conhecimento teórico-prático-vivencial da realidade do trabalho desenvolvido pela Psicologia Escolar.

O trabalho em si proporcionou entendimento sobre o papel do psicólogo escolar, segundo CASSINS (2007), que tem como função principal a promover da saúde e bem estar social dos que fazem a escola, e para isto este profissional poderá trabalhar com os inúmeros grupos existentes na escola – grupos de alunos, de professores, equipe técnica, dentre outros. Os campos de atuação são os mais variados, já que se trata de um ambiente dinâmico. Oportuniza ao profissional utilizar sua criatividade, fazendo jus a parceria da Psicologia e da Educação. Para uma boa atuação do Psicólogo no ambiente escolar se faz necessário inicialmente um levantamento de dados e um diagnóstico institucional, para poder conhecer a instituição em si, os seus componentes e pontos emergenciais a serem ajustados e devidamente aprimorados.

O Estágio Básico II- Foco Escolar é uma disciplina do curso de Psicologia, ministrada pela professora M. Sheila Maria Pereira Fernandes, com o objetivo de trabalhar a psicomotricidade com crianças de aproximadamente quatro á dez anos. Este estágio com foco escolar tem como proposta apresentar a prática de Estágio Supervisionado em Psicologia Escolar da Ulbra, desenvolvida em unidades de CEMEI, Centro Municipal de Educação Infantil - Rosa Arantes.

O estágio de acordo com Ementa da disciplina tem como objetivos: Geral: Avaliar o desenvolvimento infantil em seus aspectos cognitivos, afetivos e motores. Específicos: conhecer os princípios básicos da psicomotricidade; desenvolver atividades avaliativas do desenvolvimento infantil; iniciar a atuação prática com ênfase nos aspectos éticos; desenvolver a leitura crítica da realidade escolar.

  [...]