RELATO DE UMA PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: SUAS EXPERIÊNCIAS, SUAS EXPECTATIVAS E SUAS FRUSTAÇÕES.

Parte I

Sou Pedagoga há vinte anos, pós- graduada em Gestão Escolar, trabalho na Educação Infantil há quase treze anos, e a maioria desse tempo, (dez anos), trabalhei com bebês de seis meses a um ano e onze meses. Tenho muito para aprender ainda, mas gostaria de compartilhar aqui,  algumas das experiências que ao longo desses anos fui adquirindo  através da prática, do exercício como professora,   que  se deu a partir das observações das  crianças, das relações  entre  os  familiares, da socialização com os  colegas de trabalho e com o  auxilio  das  diversas  leituras  sobre a Educação.

As famílias, quando trazem seus filhos para a  creche pela primeira vez, chegam cheias de dúvidas, medos, anseios , curiosidades e indagações,  o que é  normal, pois  será  nesse  novo ambiente, diferente do seu lar, com pessoas habilitadas, porém desconhecidas, que elas terão que deixar seu pequeno por mais de dez horas. Muitas vezes, as mães nunca ficaram longe de seus filhos, e esse momento pode ser muito doloroso para ambos.

Nessa hora, o educador precisa ser paciente, transmitir confiança aos pais, mostrar o ambiente e o espaço onde a criança permanecerá por um longo período de tempo, ser tranquilo, compreender principalmente  que o receio deles, não está no nosso trabalho, mas sim porque alguns  estão inseguros, outros sentindo-se até mesmo culpados por terem que deixar seu filho com pessoas desconhecidas , ou até mesmo pela simples falta de conhecimento de como  uma instituição de Educação Infantil funciona.

Assim como os pais, durante esse período, as crianças apresentam  diferentes tipos de comportamentos, algumas no início, têm  maior dificuldade em aceitar o novo ambiente e  reage com choro aos estranhos,  outras, talvez por conviverem com mais pessoas ou por estar acostumadas a ficar longe de  seus pais, ou talvez pela capacidade de interagir melhor  com o outro,  demonstram maior tranquilidade.

Durante esse tempo de reconhecimento, de adaptação e de integração tanto das crianças com os novos colegas, com os professores e com os funcionários da creche, quanto dos pais com os professores e com a nova rotina, que se estabelece na vida da criança, surge questionamentos e incertezas inevitáveis.

O professor precisa compreender, principalmente quando trabalha no primeiro agrupamento, que a maioria das crianças são menores de um ano,   as vezes, ainda são amamentadas , e por isso o processo é lento. Cada criança terá seu próprio tempo para integrar-se, interagir com o grupo, aceitar um novo tipo de alimentação e principalmente fazer parte da inevitável rotina de uma instituição de Educação Infantil.

O apoio e o diálogo com as famílias, o carinho, a afetividade com a criança, os esclarecimentos sobre o dia a dia e sobre as atividades desenvolvidas na creche são fundamentais para um bom relacionamento entre o educador e os pais.

A responsabilidade do processo educativo não restringe somente aos professores e a família da criança. A Gestão Escolar tem a função de informar  sobre os  direitos e deveres  dos pais e da equipe , lembrar com  frequência do compromisso com o bem estar e o desenvolvimento da criança e cobrar para que essas ações sejam efetivadas. A falta de comunicação gera transtornos desnecessários e que podem ser evitados se, a troca de informações for constante e esclarecedora.

SIMONE BATISTA CAMPOS - Graduada em: Pedagogia; Especialista em Gestão Escolar e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.