RESUMO

O presente artigo tem o objetivo de demonstrar a importância da relação entre professor –aluno no ensino superior, entendendo-se que para ser um bom docente, muito mais do que ser um especialista em alguma área ou ser um reconhecido profissional no mercado de trabalho, há a necessidade de conhecer especificidades que levam estes profissionais à competência na área na qual atuam e não apenas pessoas dispostas a repassar sua experiência profissional fora do ambiente do ensino superior a alunos cuja pretensão seja saber exatamente como estes profissionais trabalham para ter condições de replicar suas práticas no futuro exercício de suas funções após estarem formados.

INTRODUÇÃO

     O presente artigo foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica, sendo que o objetivo é compreender como funciona a relação professor-aluno na pratica docente no ensino superior, pois o interesse de pesquisar sobre esse tema surgiu durante a pós graduação, ao perceber que independente da área de estudo a que o aluno esteja vinculado.

      De acordo com Stallivieri (2011), as Universidades no Brasil, são bem mais novas do que as Instituições de Ensino Superior de outros países da América Latina, pois começaram com a necessidade de formação de profissionais com qualificação fundamentalmente em áreas das engenharias, medicina e direito.

    De maneira que as Instituições de Ensino Superior no Brasil surgiram para atender ao mercado de trabalho que solicitava profissionais qualificados, pois a exigência era primordial para os profissionais (PANIZZI, 2004)

    Assim percebe-se que a relação entre professor –aluno tem a ver com a construção do processo de ensino e aprendizagem, de modo que nesse processo, alunos e professores deparam-se frente a frente, numa relação em que o principal não é o ensino, mas a aprendizagem e compreende-se que a relação entre docentes e discentes se torna imprescindível na ação educativa, uma vez que facilita caminhos mais adequados para o processo de ensino e aprendizagem e, consequentemente, a docência.

O Ensino Superior: Ensino e Aprendizagem

    O ensino consiste na resposta planejada do processo da aprendizagem, pois uma das principais questões relacionadas à atuação do professor universitário refere-se à relação entre ensino e aprendizagem, de acordo com Masetto (l986), uma das mais importantes opções feitas pelo professor dá-se entre o ensino que ministra ao aluno e a aprendizagem que este adquire, dessa forma, as ações que desenvolvem em sala de aula podem ser expressas pelo verbo ensinar, assim a medida que a ênfase é colocada na aprendizagem, o papel predominante do professor deixa de ser o de ensinar, e passa a ser o de ajudar o aluno a aprender.

   Sendo assim o educar deixa de ser a arte de introduzir ideia na cabeça das pessoas, mas de fazer brotar ideias consciente ou inconscientemente, os professores tendem a enfatizar um ou outro polo, o que faz com que sua atuação se diversifique significativamente.

    Em apoio à postura que enfatiza o ensino, a missão do professor é a de ensinar, e sua preparação é a medida que seja um especialista na matéria e que domine por meio da metodologia de ensino, para que seja repassado aos alunos. 

   De acordo com Freire (2002) muitas críticas, no entanto, tem sido feitas à postura dos professores que conferem maior ênfase ao ensino, mas na aprendizagem, também tem gerado equívocos, de modo que há professores que exageram o peso a ser atribuído às qualidades pessoais de amizade, carinho, compreensão, amor, tolerância e abnegação e simplesmente incluem a tarefa de ensinar de suas cogitações funcionais, mas também, muitos professores simplesmente se eximem da obrigação de ensinar.

    De modo que o ensino passa a ser mais do que a transmissão de conhecimento, e sim um fornecimento de métodos e de ferramentas para o desempenho desse papel ativo. Assim, o professor, é mais do que transmissor de conhecimento, é um facilitador da aprendizagem, de maneira que as aulas tornam-se muito mais vivas e interessantes quando existe a participação dos alunos, pois a troca de conhecimento e aprendizagem torna-se mais agradável e enriquecedor para ambos.

 A docência e o ensino superior

    O professor quando exerce a função de docência, ele se destaca por suas competências desenvolvidas na sua carreira, mas quando chega ao ensino superior, o professor antes não tinha uma formação para dar aulas para o ensino superior, então ele conta com a sua experiência como aluno, o modelo de ensino que predomina no sistema universitário e as reações de seus alunos.

    De acordo com Pimenta e Anastasiou(2010)os professores de ensino superior recebem ementas prontas, dessa forma, elaboram seus planejamentos individuais, esquecendo que a prática pedagógica reflete como um todo, contribuindo assim para uma docência restrita.

    Para GIL (2010), o principal papel do professor do ensino superior passa a ser, portanto, o de formar pessoas, prepará-las para a vida e para cidadania e treiná-las como agentes privilegiados do progresso social.

    Assim percebe-se que os professores entravam para dar aula no ensino superior sem ter uma experiência ou uma qualificação para qual, e com o passar do tempo percebe-se que isso vem mudando.

     De acordo com Masetto (2003, p.13):

 

Recentemente os professores universitários começaram a se conscientizar de que seu papel de docente do ensino superior, como o exercício de qualquer profissão, exige capacitação própria e específica que não se restringe a ter um diploma de bacharel, ou mesmo de mestre ou doutor, ou ainda apenas o exercício de uma profissão. Exige tudo isso, e competência pedagógica, pois ele é um educador.

 

     Mas também além de sua especialização, existe outros desafios na docência universitária como: a proposição de um ensino atual que seja interessante e motivador ao aluno, que não é uma tarefa fácil.

    Conforme Cunha (2005) os saberes do docente do ensino superior também foram atingidos pelas transformações e progressos sociais, e pelas inúmeras questões devem fazer parte da reflexão docente visto que a sociedade atual é muito diferente da vivenciada por ele durante seus estudos.

     Sobretudo as exigências são outras, os saberes estão afetados pela inserção exacerbada das tecnologias, estas acabam competindo com o próprio processo de ensino e aprendizagem, devendo ser pensada como possibilidades para este processo atual, visto que sua estadia na sociedade é permanente.

 

Relação professor - aluno no ensino superior


       Quando se fala na relação professor-aluno no ensino superior, observa-se a construção dessa relação pode ter resultados positivos e negativos, como as dificuldades acadêmicas não podem ser focadas apenas nos alunos, é preciso investir tanto no aluno como no professor para que não se instale um círculo vicioso: professor-problema, aluno-problema, onde se instala um prejuízo maior para a formação do aluno. (PIMENTA E ANASTASIOU 2010).

     Pois dentro de uma sala existe relações interpessoais do professor com o aluno, onde o professor explica, responde, indaga, repreende, elogia, e o aluno questiona, responde, interage, enfim, um universo de atitudes pelo qual se relacionam, de modo que tanto o professor como o aluno devem encontrar na sala de aula um lugar onde, além da busca do conhecimento, seja um espaço de convivência, de vínculo afetivo que correspondam às necessidades de quem o busca.

     Assim, observa-se que a didática envolve o domínio do conteúdo pelo professor, o planejamento de aulas, a capacidade de avaliar o aluno por meio de um processo contínuo, saberes didático-pedagógicos e a construção de vínculos afetivos importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.

   Com base nessa aprendizagem Pozo diz:

Os modelos de aprendizagem associativa, em geral, baseiam-se num enfoque elementarista, analítico, que decompõem qualquer ambiente num conjunto de elementos associados entre si com distinta probabilidade, de modo que aprender é detectar, com maior precisão possível, as reações de contingência entre esses elementos ou fatos. […] As teorias construtivistas, em contrapartida, aceitam um enfoque holista, organicista e estruturalista, pois vinculam a aprendizagem ao signficado que o organismo atribui aos ambientes que têm diante de si, em função das estruturas cognitivas e conceituais, a partir das quais interpreta esse ambiente. (POZO 2004, p.20-21)


        Dessa maneira se faz necessário a quebra de paradigmas relação ao comportamento do professor, essas funções contemplam a seleção de conteúdo, organização e sistematização didática para facilitar o aprendizado como fonte de socialização, permeada pela relação afetiva professor-aluno.

     No âmbito universitário, sabendo-se que o processo ensino-aprendizagem acontece da perspectiva de troca de conhecimentos, de interação, de relação afetiva.

    Segundo Rogers (1986) o professor que se preocupa com o estudante, que o aprecia, que confia nele, cria um clima muito mais favorável para a aprendizagem, de maneira que consigam conviver em harmonia e trocar experiências.

    Para Roncaglio (2004), a relação professor-aluno na educação superior, é compreendida como aquela que se constrói no cotidiano universitário, que se estabelece entre o professor e o aluno, com regras acerca do comportamento esperado de ambos.

    Para se estabelecer a relação professor x aluno e para que essa relação tenha sentido é necessária à aprendizagem. Para haver a aprendizagem é indispensável à presença de algumas condições, como: metodologia adequada, materiais, consideração de experiências anteriores, atenção, concentração e disciplina (JUSVIACK, 2008).

      Assim percebe-se que o trabalho do professor é expresso em sua concepção da relação educação e sociedade, de forma que se estabelece seu modo de agir em sala de aula, que poderá colaborar para o desenvolvimento uma aprendizagem significativa fundamentada numa determinada concepção de valores, e de maneira que a mediação e a qualidade das interações, refletem na qualidade dos saberes desenvolvidos na relação professor - aluno.

     Dessa maneira de acordo com Abreu & Masseto (1990), o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.

     Dessa maneira, a educação deve ter sempre uma função humanista e progressista, visando à construção de um cidadão autônomo e seguro a ponto de reconhecer seu espaço na sociedade com seus direitos e deveres para uma cidadania melhor e na esperança de construirmos juntos, uma boa relação professor e aluno no contexto acadêmico.

 

METODOLOGIA

 

      O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, que de acordo com TRENTINI e PAIM, (1999) é a análise crítica, meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento, optou- se por utilizar a revisão narrativa que é um dos tipos de revisão de literatura, pela possibilidade de acesso à experiências de autores que já pesquisaram sobre o assunto, segundo SILVA et al. (2002), a revisão narrativa não é imparcial porque permite o relato de outros trabalhos, a partir da compreensão do pesquisador sobre como os outros fizeram.

     Na elaboração deste artigo foi realizado uma revisão bibliográfica sobre o tema proposto: relação professor-aluno na prática docente no ensino superior, visto que esta revisão possibilita sumarizar as pesquisas já concluídas e obter conclusões a partir de um tema de interesse, assim a revisão literária é descrita por Gil (2004) como sendo uma ação sobre material já produzido.

 

CONCLUSÃO

 

     Conclui-se que a relação professor-aluno deve pautar-se como uma busca do aqui e agora e que nós não precisamos nos comparar com outras gerações, mas, sobretudo temos que ser fiéis aos nossos sonhos e na universidade, ocorrem múltiplas relações, sendo a relação professor - aluno uma das mais importantes, já que essa relação se faz significante para o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que é por meio dessa relação que os professores conhecem melhor os seus alunos, podendo qualificar o processo de ensino e, os alunos se sentem mais à vontade para debater e questionar durante as aulas, qualificando o processo de aprendizagem.

   O professor na educação superior também é modelo para os alunos e então é necessário que o professor se conscientize desse fato, pois, muitas vezes, o educando o segue sem nenhuma reflexão sobre a sua postura de docente ou enquanto pessoa, o que imprime maior responsabilidade à sua prática de mestre.

 

REFERÊNCIAS

ABREU, M. C.; MASETTO, M. T. O professor universitário em aula: prática e princípios teóricos. 8. ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 1990.

CUNHA, M. I. da. O professor universitário na transição de paradigmas. Araraquara-SP: JM Editora, 2005. 

FREIRE, P. Medo e ousadia. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

GIL, A. C. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2010.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa.5.ed.SãoPaulo:atlas, 2004.

JUSVIACK, A. Focos e enfoques da indisciplina, 2008.

MASSETO, M. T. Competência pedagógica do professor universitário. São Paulo: Summus, 2003.

PANIZZI, W. Universidade um lugar fora do poder. Porto Alegre: Editora URGS, 2002.

PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L.G.C. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2010.

POZO, J. Aquisição de conhecimento: quando a carne se faz verbo. Porto Alegre, Artmed, 2004.

ROGERS, C. Liberdade de aprender em nossa década. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

RONCAGLIO, S. M. A relação professor-aluno na educação superior: a influenciada gestão educacional. Psicol. Cienc. Prof. v. 24 n.2 Brasília jun. 2004.

SILVA, D. G. V. da; TRENTINI, M. Narrativas como técnica depesquisaemenfermagem.Rev.Latino-Am.deEnferm.Maio/Jun.2002;10(3).

STALLIVIERI, L. O ensino superior do Brasil: Características, tendências e perspectivas. Disponível em: sino_superior.pdf> acesso em 02 de fev de 2018.

TRENTINI, M.; PAIM, L. Pesquisa em Enfermagem. Uma modalidade convergente-assistencial. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.