13/11/15

EUROPA – APARENTEMENTE NA ALEMANHA – 1792

Por orientação da psicóloga eu caminhava por corredor, onde existiam portas de ambos os lados, todas elas com indicações de anos. Eu deveria entrar em uma delas. Caminhei por vários minutos. Parei em frente a porta que continha o ano de 1.792, caminhei mais um pouco e voltei e entrei naquela porta.

Eu me vi, muito parecido com a minha fisionomia de 18 anos. Eu estava numa cidade pequena, caminhei por ela e cheguei numa igreja muito grande. Fiquei ali por perto. Logo chegou uma moça linda, sorridente, ela era a minha namorada e se parecia muito com a Daniela. Entramos na igreja juntos e para o meu espanto todos os que estavam na igreja começaram a nos olhar muito feio. Nisso meu pai veio até nós e disse: Ela para lá e você para cá. Vcs já sabem disso há muito tempo. Fomos.

Começou a cerimônia com cânticos lindos, parecia gregorianos. Perto do altar, um pouco ao fundo eu vi uma freira e me encantei com ela. Ela se parecia muito com a Teresa. Fiquei olhando para ela por muito tempo, até meu pai perceber e me dar uma bronca.

Na saída não vi minha namorada e fomos para a casa numa carroça. Meu pai me disse que já era hora de eu me casar, para eu parar de pensar besteiras. Chegamos em casa, simples, mas aconchegante. Eu tinha um irmão pequeno e a avó. Não tinha mais ninguém na casa. Eu trabalhava tratando do gado, todos os dias.

Chegou o dia do meu casamento, na mesma igreja. Minha noiva, estava linda e da mesma forma sempre sorridente. Entramos na igreja e a freira estava lá novamente e eu não conseguia tirar os olhos dela e senti que ela de vez em quando também me olhava. Não me lembro de festas.

A vida seguia, trabalhando com o gado, eu casado e feliz, gostando da minha esposa, mas com o pensamento na freira. Depois de algum tempo nasceu a nossa filhinha, também muito bonita, loira, e quando crescendo, foi com os cabelos totalmente encaracolados.

Teve uma festa (tipo quermesse) no pátio da igreja e eu e a minha esposa trabalhamos numa barraca que vendia doces. Numa barraca próxima vi a freira trabalhando. Novamente trocamos olhares. Depois de um tempo, sai dar uma volta com minha filha nos braços e encontrei a freira juntamente com outras duas freiras. Elas pararam e comentaram: Que menina linda! Nossos olhares, cada vez mais carentes, se encontraram novamente. Elas se foram, e logo após ela se virou para me ver, nessa, que foi a última vez que a vi.

Estávamos todos doentes em casa, eu, minha esposa e minha filha. Só minha avó estava bem. Eu já não via mais o meu pai, acho que ele já tinha morrido. A doença era grave, eu delirava, ardia em febre. Minha mulher melhorou, mas eu e minha filha continuamos muito mal.

Depois de algum tempo vejo minha mulher chorando muito. Pergunto o que foi e ela me diz que a nossa filha morreu. Continuo muito doente, sinto que vou morrer, não vejo esperanças.

Morri mesmo e nesse momento vejo minha filhinha me chamando, Pai, vem para cá, vem comigo. Olho para meu corpo inerte, paro, penso, nossa que pena, morri e não conheci a freira, faltou isso na minha vida. Mas não me senti infeliz, senti que tinha faltado algo na minha vida. A minha filha continuava me chamando. Fui com ela.

Análise comparativa com a vida atual: Foi um amor totalmente platônico, pois foram apenas alguns olhares durante uma vida inteira, mas algo muito forte, pois naquela época, um simples olhar de uma freira para um homem era um sacrilégio total.

A aparência dela com a Teresa me remete à nossa história desta vida, em que também não completamos nosso ciclo, a meu ver. Faltou termos a filha, com a qual sempre continuo sonhando e que a Teresa queria tanto. Faltou completar tantos planos que tínhamos. Faltou vivermos nossa velhice juntos.

A aparência da minha mulher na época com a Daniela, minha mulher agora, também remete à história atual, em que ela é uma pessoa bonita, sempre sorridente, alegre e de bem com a vida.