REFLEXÕES SOBRE MINHA TERRA NATAL! (PARTE I)
Por Ciro Toaldo | 11/02/2020 | SociedadeCapinzal: Minha Terra Natal! (Parte 1)
Professor Me. Ciro José Toaldo
Dedicarei dois artigos para homenagear e rememorar bons tempos vividos em Capinzal (SC). Na próxima semana, este município irá celebrar seus setenta e um anos de emancipação política.
Neste primeiro, escrevo a respeito da região onde nasci e fui criado. Trata-se do então ‘Frigorífico Ouro’, lá no final da Rua Ernesto Hachmann. Corta o coração ver aquela grande edificação, com tanta história estar em ruinas e deteriorando. Este descaso (aqui não quero culpar ninguém) incomoda, não apenas este que vos escreve, mas muitos que deixaram parte de suas vidas impregnada naquele local de trabalho!
Este não é um artigo científico, apenas há o desejo de fomentar a memória de um bom tempo de infância, adolescência e juventude vivida naquela região.
Desde os tempos de meninice era acordado pelo apito do frigorífico e também da madeireira Hachmann. Ao abrir a janela do meu quarto, além de avistar o imponente Rio do Peixe, observava a majestosa Maria Fumaça com seus infinitos vagões. Portanto, esta tríade de apito, trem e rio ainda fazem parte de minha mente e de meus bons sonhos! Não escrevo com cunho saudosista, pois o tempo não volta, nem há como ter o ‘apito’ ou a Maria Fumaça, muito menos ver as águas límpidas do Rio! Mas, podemos rememorar este tempo vivido em um lugar onde se usufruía as regalias de uma boa infância!
Na atualidade, com as prerrogativas das balelas intituladas de ‘bullyng’, isto existia em relação aos moradores daquela região. Não sei o motivo e nem irei procurar saber, mas quem era daquela região era menosprezado! Dane-se quem pensava desta forma! Posso afirma que éramos pessoas felizes! Imagina poder tomar banho em rio de águas límpidas enquanto sua mãe lavava roupa, brincar de trenó em uma folha de coqueiro ou então rolar em um gramado (mesmo que depois a coceira fosse grande), mas eram ações que tinham um sabor inigualável e sensacional!
Voltando ao Frigorifico Ouro, nele meu pai foi, entre tantos cargos, pesador de porcos (inclusive eu ficava horas vendo trabalhar na balança), meu avô materno, era saboeiro e meus tios, primos, amigos e vizinhos, lá também trabalhavam. Desta forma, naquela região formávamos uma grande família!
Naquele frigorifico, além da matança de porcos, bovinos (bem mais tarde teve inicio o abate de frango), havia uma serraria, fabrica de caixa, fabricação de banha, salame, torresmo e tantos outros derivados de carne, sobretudo suína. Lembro que no fundo, havia uma enorme e profunda represa, alimentada por uma sanga que vinha do meio do mato.
Após os muros daquela grande edificação, havia a ‘vila operária’ onde residiam centenas de operários com suas famílias. Esta ‘vila’ guarda muitas histórias. Hoje, dela resta uma cerca e o mato que tenta encobrir infinitas e calorosas histórias de vida.
Enfim, torna-se difícil na brevidade relatar as muitas lembranças deste tempo vivido! Quando Capinzal celebra seus setenta e um anos de vida, faz-se necessário lembrar que nenhuma região, localidade, rua ou história de vida de qualquer cidadão capinzalense deve ser menosprezada. Aliás, por muito tempo a sociedade, isto em todo o país, desprezou as regiões periféricas, como no caso deste artigo, a região do Frigorifico Ouro. Quiçá, neste novo contexto de Brasil em que passamos a viver desde o ano passado, todos os rincões e torrões de nosso querido e amado Capinzal (SC) sejam valorizados, pois a História é feita por todos nós.
Parabéns meu Capinzal (SC) amado e abençoado! Próxima semana haverá a segunda parte!