Introdução
 
Um dos domínios da vida humana é a religião, entendida como um sentimento do sagrado, a necessidade do homem se lidar com um Ser sobrenatural como forma de se afastar do caus e não correr o risco de ser domado pelo acaso. Este sentimento existiu desde o homem primitivo, manifestando-se de diversas formas nas diversas regiões e até mesmo na mesma região na medida em que os tempos iam se passando. O continente e o homem africano não foram poupados desse sentimento, encontraram, como em todas as partes e povos do mundo, uma forma de se relacionar com esse ˝Ser˝ Supremo representado por vezes de forma concreta (através duma arvore, rocha ou animal e.t.c ), ou de forma abstrata (sob forma de espirito). Porém, há debates entre os pensadores Europeístas dos quais se minimiza a religiosidade do africano aliando ao seu atraso no processo de evolução. É sobre esses debates que brotam as reflexões em torno da religiosidade do africano.
 
SOBRE A RELIGIÃO
 
O que é Religião? Etimologicamente, a palavra deriva quer do latim relegere («respeitar» e, por extensão, «prestar um culto»), quer do verbo religare que significa «religar» a religião constitui, então, um vinculo que une o homem a Deus como fonte da sua existência, particularmente segundo a tradição cristã. (Durozoi & Roussel, 2000: 327). Analisando a definição acima, podemos encontrar no homem africano: 1. Atitudes de respeito pelo sagrado, que seria prostração ao divino, nesses termos encontramos um homem que reconhecendo a existência duma entidade superior a si, procura interagir com ele, recorre a ele, esta em sintonia com ele, vive nele, acredita nele, confia nele interagindo directa ou indirectamente. Diretamente, quando o homem se prostra e dialoga numa perspectiva metafisica com o sobre natural; Indirectamente, quando o homem se dirige ao sobre natural através de um intermediário 2. A consciência de estar ligado a um “Ser” supremo a quem deve cultuar. A religião manifesta-se primeiro sob a forma de um fenômeno interior, um sentimento religioso que, apoiando-se geralmente no sentimento do sagrado, supõe, salvo algumas excepções (budismo, por exemplo), a crença em seres sobrenaturais ou num Deus pessoal (grandes religiões monoteístas, como o cristianismo ou o islão) com o reconhecimento da transcendência divina que implica uma atitude de adoração e de submissão perante Deus. (ibidem. pag 329). Nesse caso a religião seria a explicação da crença em algo sagrado a quem se atribui ou detêm poderes sobre as coisas. Independentemente dessa consciência ser natural, no caso de o reconhecimento da existência do “Ser” Supremo basear-se simplesmente na razão, deísmo, ou nascer da revelação divina que por vezes desagua em textos sagrados como é o caso da Bíblia e Corão das chamadas religiões positivas ֞ (Judaísmo, Cristianismo, islão). Em algum momento, os pessimistas quanto a religiosidade do homem africano servemse da ausência de textos escritos por parte das visões africanas para diabolizar as suas crenças. Como se o domínio dos textos sagrados fosse o único requisito ou pelo menos requisito para tornar alguém religioso.