Reflexões sobre a prática pedagógica

Autora: Mariane Damke

Co-autora: Edilce Teresinha de Barros Miercalm

Durante nossos estudos em uma formação continuada revisitamos diversos autores que marcaram nossa graduação em pedagogia. Relendo esses autores e comparando com diversas práticas nos deparamos com algumas questões e estas nos fizeram questionar algumas atitudes onde nós como protagonistas da ação não nos dávamos conta que iam de encontro com tudo o que acreditávamos como certo. Para exemplificar podemos citar alguns pontos que por vezes nem são observados no dia a dia, como a importância de uma pedagogia participativa, cujo foco é a criança como sujeito ativo e não uma folha em branco a ser preenchida. Ponto este inicialmente pautado por Jean Piaget, biólogo que defendia a idéia de que vários processos compunham o desenvolvimento e aprendizado das crianças independentes da ação do professor. Sendo o conhecimento construído por meio da interação com o meio originando-se em uma troca constante entre a criança e as experiências vividas por ela.

            Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas.

Ao comparar o texto de Garcia, Pinazza e Barbosa com alguns fazeres pedagógicos vivenciados em nossas carreiras como educadoras, percebemos alguns pontos marcantes relacionados ao planejamento de algumas atividades, que tendem a padronizar as experiências das crianças como o banho, a troca de roupas e ou atividades de pintura com tinta, por esperar que com isso elas se encaixem nos “moldes” de um grupo que possa ser avaliado igualmente. No entanto refletindo sobre elas notamos o quão empobrecidas eram essas propostas e como podemos expandir essas propostas e assim conseguir um genuíno resultado marcado por experiências enriquecedoras para nossas crianças, permitindo que se tornem sujeitos de ação, reconhecendo seus conhecimentos prévios e valorizando sua identidade individual.

(...) Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida.Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade. FANTACHOLI; Fabiane das Neves.

              MACEDO (2006) nos possibilita lembrar que o currículo é marcado por fundamentações históricas, tornando possível afirmar que mesmo involuntariamente algumas situações como essas são mais comuns do que se imagina, pois nossas ações são marcadas por vivencias e experiências de aprendizagem. Podemos no entanto refletir sobre nossa prática e construir uma ponte entre o que é realizado e o que é almejado por todo educador que visa rearticular os saberes de forma que sua prática seja mais que a simples transmissão de conhecimento, mas a produção dele, tornando o tão significativo que o sujeito produtor poderá viver uma experiência única e verdadeira.

            Cabe a nós educadores essa tarefa de repensar as práticas e produzir não só o material que irá dar suporte a formação dos futuros educadores, mas também possibilitar que sua experiência educacional seja marcada por vivencias significativas que nortearão suas práticas futuras como sujeitos críticos e de direitos.

 

Referencias:

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.

FANTACHOLI, Fabiane das Neves. (https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-brincar-na-educacao-infantil.htm ) Acessado em 12 de janeiro de 2021.

MACEDO, Elizabeth. Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural. Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 32 maio/ago. 2006