2.4- Importância do estudo das estações arqueológicas encontradas na região do Namibe (Caraculo) para a construção da História de Angola

Depois de termos falado das Pinturas rupestres localizadas na Província do Namibe, importa-nos questionar, que utilidade tem o estudo destas figuras para a História de Angola? Em gesto de resposta, salienta-se o seguinte:

Falar da Pré-História africana em particular da angolana, revela-se realmente importantíssimo, indispensável para um conhecimento mais sólido, mais completo, dos mitos do passado da humanidade. Keita também não se isola do comentário acima referenciado, dizendo o seguinte:

Da África do Sul ao lago Chade, passando pela África Oriental, encontramos os mais famosos sítios arqueológicos relativos a achados de ossadas e outros testemunhos materiais […] nenhum outro continente oferece tal potencialidade. Foi aqui, no continente negro, que surgiu a primeira escrita coerente e prática sustentando uma língua […] a língua egípcia, no vale do Nilo. A noção de África – berço da Humanidade-advém daí (Boubacar N. Keita, 2009: 43).

Ao estudarmos o passado do Homem da Pré-História, não podemo-nos esquecer da relatividade que existe entre a História e a Arqueologia. Pois ambas possuem um determinado objecto de estudo. A Arqueologia estuda o passado do Homem através dos artefactos, enquanto a História estuda, analisa o passado do Homem através dos acontecimentos.

Com isto, implica-se que não se faz um levantamento arqueológico sem o auxílio de vários outros ramos científicos (ciências naturais e sociais), assim como é importantíssimo adquirir o conhecimento das populações mais remotas de Angola através da fonte oral que é quase sempre o ponto de iniciativa para o desenvolvimento de algum estudo. Costuma-se dizer que «cada velho que morre é uma biblioteca que arde», pois é informação que se perde. A investigação não é só a recolha de artefactos durante uma escavação ou somente a pesquisa bibliográfica, o contacto humano é muito importante. Rematamos que tanto a Arqueologia como a História, são ciências muito ligadas. Daí a necessidade de estudarmos a História do passado de Angola através das Pinturas rupestres.

A Arqueologia, como ciência, estuda os vestígios das antigas sociedades, por meio de escavações, técnicas, métodos, etc. Despertou o interesse de muitos, com o passar dos tempos. Muitas das compreensões obtidas hoje nos livros de História geral, jamais, poderiam ter sido escritas sem que houvesse as pesquisas arqueológicas. O passado vem à superfície no trabalho dos arqueólogos, capazes de compreender as vozes fracas que atravessaram os tempos em vestígios materiais e pelas escritas feitas nas paredes dos locais em que viveram.

Queremos com isto dizer que procuramos especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também para a sociedade.

Passado este que propusemo-nos a investigar; a História angolana deve atravessar fronteiras não só através do desporto, música e outros meios, mas sim através da divulgação da Arte rupestre encontrada neste vasto território. É bom quando somos falados no país e no mundo. Isso vai reflectir-se no turismo cultural que se está a desenvolver pouco a pouco, com a obtenção da paz. Foi através das Pinturas rupestres que os arqueólogos, puderam estudar vários aspectos dos seres humanos dessa época, como viviam, o que faziam, do que se alimentavam, e principalmente a localização das regiões onde eles habitavam.

Paralelamente a isto, a Arte rupestre, era uma das maneiras que os habitantes da Pré - História angolana usavam para a sua comunicação. Assim, os Homens mais antigos, que viviam em cavernas, desenharam e pintaram nas suas paredes cenas da sua vida que atravessaram milhares de anos e chegaram até nossos dias.

O País apresenta uma rica lista de lugares nos quais a Arqueologia oferece vestígios que aconselham que é muito importante o conhecimento das Pinturas Rupestres e que devem ser urgentemente estudados, para que sejam cientificamente interpretados para fecharem as lacunas existentes no domínio do conhecimento da Pré-História e da História angolana.

Os primeiros habitantes de Angola não deixaram nada escrito, mas deixaram muitos vestígios arqueológicos como furnas com Arte rupestre, objectos como ponta de flechas, vestígios, machados, sepulturas, etc. As marcas da Pré-História angolana estão presentes em todos os cantos do país. As Pinturas rupestres nas suas cenas de relações sociais ajudam-nos a compreender melhor a História desde os tempos imemoriais. E, também, as nossas relações com o meio ambiente terrestre, relações que são essenciais para a nossa vida em sociedade global. Ceruti aponta que:

Elas ainda nos apontariam uma direcção para uma convivência mais harmónica e plena com o meio. E nos permitiriam notar a contínua "reinvenção" da espécie humana em seus símbolos (Ceruti, 2004: 75).

Por isso, há que se divulgar as grandes descobertas arqueológicas de Angola, isto é, para que o nosso país possa ser visto no mundo inteiro, como sendo um potencial da Arte rupestre.

Gutierrez diz que, "As estações arqueológicas de Arte rupestre noutros países fazem parte da lista do património da humanidade da UNESCO, o que não acontece em Angola"

 

Numa alusão directa a esta «desatenção», o arqueólogo francês sugere a preparação de um "dossier" que retrate a realidade da Arte rupestre em todo o país e posteriormente ser apresentado à UNESCO.

"Na Europa por exemplo, ninguém fala da Arte rupestre de Angola. Os próprios angolanos não sabem o que é a Arte rupestre do seu país. Um dos primeiros objectivos é conhecer a existência de estações de Arte rupestre na província do Namibe e no resto do país. Achamos nós que as Gravuras e Pinturas têm qualidade para fazer parte da lista do património da humanidade da UNESCO".

Partindo desta ideia, há que se trabalhar a consciência dos angolanos para a observação, conservação, pesquisas e divulgação dos principais sítios arqueológicos existentes no nosso país, pois constituem a História negada durante muito tempo sobre o fundo primitivo do povoamento de Angola e das suas actividades. Começam a emergir um tipo de historiadores que, na rejeição de mitos antigos, estão contribuindo para o surgimento de novos mitos, tendência que só pode ser combatida por uma nova geração liberta de preconceitos, capaz de reconstituir tão cientificamente, objectiva e honestamente quanto possível o processo da construção da História de Angola.

A História é uma peça fundamental em todo o tipo de cultura. Um povo sem História, é um povo sem memória, e um povo sem memória é incapaz de avaliar os erros do passado, para evitar erros no futuro, e é facilmente manipulado. Quanto mais ampla for a nossa visão da maneira como os homens se comportaram em diferentes momentos da História da humanidade, maior será a nossa capacidade para lidar com os problemas da actualidade.

Aqui consiste a importância de se elaborar a História de Angola através das Pinturas rupestres encontradas nas diversas zonas do País. Estudar os povos, os hábitos e os costumes, é a melhor maneira de se conhecer a História do nosso belo e rico país. Apesar do grande esforço de um bom número de investigadores no campo da Arqueologia, o conhecimento da História de Angola é ainda hoje muito incompleto. Com efeito, podemos dizer que a História completa de Angola está ainda por se escrever, pois existem ainda muitas lacunas. Há períodos completos ou grupos étnicos inteiros sobre os quais pouco ou nada se sabe da sua História. Como exemplo, conhecemos apenas a História de alguns povos bantu que vieram ocupar Angola, pouco se sabe sobre a História Pré-bantu de Angola.

No caso específico desta viagem pelo conhecimento da História de Angola, mencionamos um outro exemplo das migrações dos povos Bantu e o seu impacto nas populações que até aí ocupavam o território de Angola, que desconhecemos quase completamente. Em certos países de África e da Europa, por exemplo, utilizam as suas Pinturas rupestres em forma de publicidade; nas suas moedas locais, nos selos, nos órgãos de difusão massiva, etc. Fazem isto para a divulgação das manifestações artísticas que os seus ancestrais faziam nos locais em que viveram, por outro lado dando-lhes também o respeito devido.

Recentes reavaliações e o crescente número de descobertas têm ilustrado a autenticidade das figuras encontradas e indicam o alto nível de capacidade de arte dos humanos do Paleolítico Superior, que usavam apenas ferramentas básicas. As Pinturas rupestres podem proporcionar, também, valiosas pistas quanto à cultura e às crenças daquela época.

Portanto, no subcapítulo em epígrafe, está a evidência, como uma forma de fazer e transmitir a História de Angola, de melhor compreender as populações angolanas do passado, a partir das Pinturas rupestres. Daqui decorre a importância primordial dos contextos em Arqueologia quer nas representações artísticas mais longínquas bem como as recentes; pouco terão significados se não lhes fornecerem os devidos cuidados. Angola é um mosaico etnocultural e linguístico; nós poderíamos acrescentar que o país é um balaio de ricas e importantes transformações artísticas. Se não valorizarmos estes bens que constituem o património cultural, elas poderão desaparecer.

A importância de estudar esse período da Pré-História e descobrir que no nosso País também existiu esse período, é muito importante. Antes, só sabíamos a História de Angola a partir de obras escritas por historiadores europeus, obras estas que não revelavam a veracidade da História angolana. E realizando esse trabalho, percebemos que o nosso país possuía desde os tempos mais remotos a sua própria identidade cultural.

Assim, os antepassados da região em estudo expressavam as suas actividades diárias, nas paredes das cavernas em que viviam. Não interessa só em si mesmas, mas também servem de padrões de comparação de identificação dos traços arqueológicos comuns entre os diversos povos de Angola, daí o título: Reflexões sobre a Arte rupestre encontrada na Província do Namibe (Caraculo) e sua importância para a construção da História de Angola.

Portanto, no subcapítulo em epígrafe, está a evidência, como uma forma de fazer e transmitir a História de Angola, de melhor compreender as populações angolanas do passado, a partir das Pinturas rupestres. Daqui decorre a importância primordial dos contextos em Arqueologia quer nas representações artísticas mais longínquas bem como as recentes; pouco terão significados se não lhes fornecerem os devidos cuidados. Angola é um mosaico etnocultural e linguístico; nós poderíamos acrescentar que o país é um balaio de ricas e importantes transformações artísticas. Se não valorizarmos estes bens que constituem o património cultural, elas poderão desaparecer.

A importância de estudar esse período da Pré-História e descobrir que no nosso País também existiu esse período, é muito importante. Antes, só sabíamos a História de Angola a partir de obras escritas por historiadores europeus, obras estas que não revelavam a veracidade da História angolana. E realizando esse trabalho, percebemos que o nosso país possuía desde os tempos mais remotos a sua própria identidade cultural.