REFLEXÕES DO BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA!  (Parte I) 

Professor Me. Ciro José Toaldo

 

            “A História é a grande mestra da vida, por meio dos exemplos do passado, ela ensina aos homens do presente a agir melhor e com prudência”. Esta foi uma das grandes constatações de Cícero (107 a.C. – 43 a.C.), importante filósofo, político e orador romano.

            Não tenho dúvidas, tratando-se da História do Brasil, ainda se deve aprender sobre seu passado. Infelizmente, essa mestra foi esquecida, diria jogada na lata do lixo, pois num forte propósito ideológico, a meta foi levar o povo a esquecer de suas raízes, afirmando que seus vultos e heróis para nada serviram!

            É triste escrever sobre a ciência de minha formação, destacando aspectos negativos. Entretanto, faz-se necessário resgatar nosso processo histórico, não para tirar o mérito da participação popular, mas para relatar a História, sem apagar nenhum de seus lados. Nesta dimensão de ‘desprezo’ pelo passado, vivemos um momento sombrio, onde surgem segmentos defensores do ensino da História que não condiz aos reais acontecimentos.

Aliás, essa tendência em manipular a História, sempre existiu, entretanto, atualmente há uma tendência em levar o alunado em desvalorizar sua origem. Caso, você esteja indignado com este relato, convido para ir numa escola e observar um ‘momento cívico’, quando os alunos estão no pátio e cantam o Hino Nacional, ali irá percebe o ‘massacre realizado com os sentimentos patrióticos, bem como quanto desprezo e deboche por parte da maioria dos presentes! A sensação, ao analisar a reação destes participantes, demonstra que eles fazem reverência para quem fiz maldade à pátria!

            Cruel e melancólico civismo! Dentro desse contexto, como ‘celebrar o bicentenário de nossa independência (1822-2022)’? Qual o sentido do brado heroico do Sete de Setembro de 1822: “Independência ou Morte”? O que representa para a História do Brasil, as figuras de D. João VI, Maria Quitéria, Joana Angélica, Frei Caneca, D. Pedro I, José Bonifácio e Dona Leopoldina? O que representa o quadro de Pedro Américo, pintado sessenta e seis anos após a Independência?

            Talvez, tivéssemos vontade maior em conhecer a nossa História, sem viés ideológico, poderíamos, além de conhecer os personagens históricos citados anteriormente, também ter outra noção de pátria e cidadania. Enquanto, adjetivos maléficos menosprezando os fatos de nossas origens, continuarem sendo difundidos, sem levar a interpretação de dois lados da História, teremos uma nação desrespeitoso para com seu passado!

Dentro de todo este imbróglio, estamos frente às comemorações do bicentenário da separação entre Brasil e Portugal. Quiçá consigamos, ao menos com alguns, desmistificar e ressaltar os dizeres de Cícero, enunciado no início do artigo. Quanta diferença, por exemplo, nas menções de nomes como George Washington ou Thomas Jefferson, até na forma como é escrita suas biografias, ressalta-se a vigorosidade e pujança destes vultos históricos da independência norte-americana; lamentavelmente, não é a situação de quando são citados os ícones de nossa independência.

Não basta criticar sem conhecer e, como afirmava Cícero: “é preciso no presente agir melhor e com mais prudência”. Tristemente vemos que nossa História, além do desprezo do passado, continua-se cometendo os mesmos erros, até mais graves que muitas figuras clássicas desta nação. Até quando, continuaremos com essa forma de agir?

Em outros artigos, continuaremos a refletir sobre o bicentenário.