Imagine num mundo possível em que fosse dado para alguns mortos só uma chance para voltar a vida por apenas um dia! De tudo que fosse possível acontecer, uma situação eu imaginaria que haveria: dariam mais valor as coisas simples a sua volta, pois com elas conseguiriam ter, em pouco tempo, a chance de rever a sua essência: sentir um olhar, ser solidário e amar com toda força a vontade de respirar e respeitar as diferenças, tocar e ser tocado, comer, correr, sorrir com a paz de estar ali, e simplesmente ali, com as pessoas que te aceitam, te querem e te apoiam, e que estão bem mais perto do que imaginam: um pai uma mãe que te chama para tomar café e, entes, se irritava como se fosse inimiga, enfim, não teriam tempo para odiar, ser políticos, disfarçar situações ou jogar em favor do mal. Aconteceria que eles iriam ainda voltar a brincar sem tempo de malícia, sem formalidades. Seriam menos burocráticos para expressar apenas o que sentem, livres e libertos de regras fabricadas, apenas obedecendo à regra da vida e da harmonia com as pessoas. Seriam, assim, menos artificiais para ser confirmar com liberdade apenas o que são. Ou seja, viveriam intensamente o que na vida toda não conseguiu viver pela limitação do que disseram ser melhor para nós. E por isso, nós que ainda vivemos mais do que um dia, no dia a dia nos damos a cadeia de nossas próprias atitudes e nos vendemos ao sistema, à política, à hipocrisia e esquecemos de ser equilibrados, quando, dessa forma, não mantemos nossa originalidade em nossos atos. Morremos, assim, aos poucos, mesmo estando vivos! Matam-nos devagar; e o que veem de nós é apenas um ato de sobrevivência e não de vida de verdade. (Autor: Wallas Cabral de Souza)