Elmira José da Silva[1]

Prof.ª Dra. Edlucia Dalva Lira Turiano &

 Dra. Jedida Severina de AndradeMelo[2]

Introdução

A sociedade através de seus meios de comunicação tem observado uma crescente propagação das diversas formas de violência.  A violência é um problema histórico, que tem suas raízes fincadas em macroestruturas, conferindo-lhe formas de expressão conjunturais, atualizando-se no cotidiano das relações interpessoais.

Dessa forma, o tipo de violência que mais aflige crianças e adolescente é aquela que se dá no plano interpessoal, particularmente no contexto familiar e escolar, sem necessariamente desconsiderar uma forma de violência mais ampla ou estrutural.

Os estudantes que sofrem violência escolar tendem a concentrar-se menos nas aulas, frequenta pouco a escola, afetando assim sua aprendizagem. A escola como instituição, objetiva socializar os indivíduos, almejando uma boa convivência inter-relacionais.

Neste sentido, é imprescindível que a educação institucional promova o levantamento da situação atual e apresente possibilidades que venham a solucionar os problemas que afetem negativamente a escola e os meios a ela relacionados. Investigando os tipos e as causa da violência escolar e o que elas podem acarretar no processo de ensino aprendizagem.

Desta forma, perguntamos: Quais os principais tipos de violência foram detectados nas escolas? Quem são os principais agressores e as principais vítimas? Quais os danos causados pela violência na rotina escolar? Que implicações essa violência pode interferir no processo da aprendizagem?

Responder a tais questionamentos, se faz necessário, a realização de um diagnóstico geral desta problemática nas escolas, colaborando para compreensão deste fenômeno e, detectando assim, se realmente a violência escolar afeta no desenvolvimento da aprendizagem escolar, contribuir para a elaboração de projetos de intervenção e prevenção na construção de políticas públicas neste campo de conhecimento.

A sociedade através de seus meios de comunicação tem observado uma crescente propagação das diversas formas de violência.  A violência é um problema histórico, que tem suas raízes fincadas em macroestruturas, conferindo-lhe formas de expressão conjunturais, atualizando-se no cotidiano das relações interpessoais.

Neste sentido, é imprescindível que a educação institucional promova o levantamento da situação atual e apresente possibilidades que venham a solucionar os problemas que afetem negativamente a escola e os meios a ela relacionados. Investigando os tipos e as causa da violência escolar e o que elas podem acarretar no processo de ensino aprendizagem.

Desenvolvimento

A violência se manifesta por meio da tirania, da opressão e do abuso da força. Ocorre do constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um ato qualquer. Existem diversas formas de violência, tais como as guerras, conflitos étnico-religiosos e banditismo.

A violência, em seus mais variados contornos, é um fenômeno histórico na constituição da sociedade brasileira. A escravidão com os índios e depois com a mão de obra africana, a colonização mercantilista, o coronelismo, as oligarquias antes e depois da independência, somados a um estado caracterizado pelo autoritarismo burocrático, contribuíram enormemente para o aumento da violência que atravessa a história do Brasil.

Diversos fatores colaboram para aumentar a violência, tais como a urbanização acelerada, que traz um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas e assim contribui para um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. Colaboram também para o aumento da violência as fortes aspirações de consumo, em parte frustradas pelas dificuldades de inserção no mercado de trabalho.

A violência atual no Brasil é resquícios de fatores conhecidos, embora possam ser ignorados. E caminha ao lado de características da história social e econômica brasileira. Onde encontramos associações históricas dos atos violentos empregados em todos os momentos da história da construção brasileira, tanto no âmbito público como no privado, possibilitado possível legitimação do ato de violência como uma ferramenta do poder do estado.

Dessa forma, afirmamos que a sociedade brasileira é violenta e ainda, esta violência é moralmente aceita. A violência sempre foi um recurso utilizado nas relações de dominação, nas fazendas, na vida doméstica e no plano da vida política. Neste sentido, os movimentos de rebelião popular sempre foram reprimidos com violência extrema, onde muitas pessoas perdem suas vidas.

A violência é resultado da historicidade das agressões sofridas e desigualdades sociais, que vem se mantendo, no Brasil, há décadas, quase intocável, inclusive por força da ausência de políticas sociais e públicas compensatórias que efetivamente transfiram renda de uma minoria rica para os menos favorecidos. O crime e a violência ganharam espaço, pois os governantes não foram capazes de programar política pública. A maioria dos envolvidos em crime e violência da periferia, de baixa renda, vive em condições precárias. Demonstra vínculos frágeis com a família, a escola, o mercado formal de trabalho. Sua condição, simbolizada ameaça social, tornando-se alvos fácies de grupos de extermínio constituídos.

Em vista disso, a solução para a questão da violência no Brasil envolve os mais diversos setores da sociedade, não apenas a segurança pública, mas, um judiciário eficiente, e também demanda com urgência, profundidade e extensão na melhoria do sistema educacional, saúde, habitacional, oportunidades de emprego, mudança nas políticas públicas e participação da sociedade nas discussões e soluções desse problema de abrangência nacional.

Ela é um fenômeno histórico na constituição da sociedade brasileira, desde os tempos da escravidão. Em nossa sociedade que mantém altos níveis de desigualdade, as vítimas tendem a ser quem mais precisam de proteção como os jovens, as crianças, os idosos, as mulheres e a população mais pobre.

São diversas as causas da violência, tais como: problemas sociais, como miséria, desemprego, as fortes aspirações de consumo da sociedade, a exclusão social, o abuso de álcool e drogas, o isolamento social, a intolerância, o preconceito e ainda a falta de atendimento às necessidades básicas como saúde, educação e lazer. O ato violento pode se manifestar de diferentes maneiras, contudo, uma característica comum a todas elas podem ser verificadas pela negação da autonomia do agredido, os danos à integridade física ou psicológica, e até mesmo a morte da vítima. Quanto às características de quem comete o ato violento: ​violência autodirigida, a conduta de suicídio e o abuso e ​violência interpessoal, podendo ser ligada a família como abuso infantil, maus tratos a idosos e entre parceiros íntimos; e também atos violentos entre indivíduos sem relação pessoal; ​violência coletiva, compreende um caráter social, político e econômico.

A violência faz parte do cotidiano da população brasileira, direta ou indiretamente, diariamente estamos expostos a todo tipo de informação relacionada a feitos de violação de integridade física, psicológica e moral. Assistimos atos violentos, conhecemos pessoas que foram vítimas ou agressores, somos mártir ou invasor e deixamos sequelas físicas e psicológicas. Discutir o problema envolve o risco constante da vulgarização e do senso comum.

Essa situação expressa à ineficácia do Estado, que não possibilita um serviço de segurança pública eficiente à população. À medida que o poder do Estado não toma providências para proteger os brasileiros, o crime organizado se institui como um poder paralelo, que estabelece regras de ética e conduta próprias, implantando fronteiras para a atuação de facções criminosas. Encontramos ainda, a violência caracterizada pela fome e pela miséria, pela falta de oportunidade para o mercado de trabalho e pelo nível escolaridade inferior. Tais aspectos sociais arruínam os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, subjugados aos países desenvolvidos, num relacionamento de desigualdade e poder.

Desta forma, a educação em nosso país é fundamentada na discrepância das classes sociais, onde o ensino tem nível melhor para o mais favorecido. Enquanto, o ensino do indivíduo com poucos recursos financeiros é uma educação precária, situação desigual. Oportunizando assim, a classe mais abastada, conduzindo as pessoas com menos recursos à margem da sociedade e, muitas vezes, ao mundo do crime e da violência.

Portanto, o Brasil é um dos países com maior desigualdade, no mundo, de forma que existe um abismo econômico, social e cultural entre as elites brasileiras e os miseráveis. Pensar o problema de forma sociológica se faz necessário, distanciamento, procurando investigar cautelosamente. Conscientizar as pessoas que viver em paz é melhor forma possível de crescimento. Tentar encontrar soluções incansáveis viáveis para um convívio pacífico em sociedade, na qual estamos inseridos seria a melhor forma por um mundo melhor.

As formas violentas propagam-se todos os dias nas escolas. Segundo Lucinda et al (1999, p.11), uma marca que se constitui violência, é a ação que se situa no plano físico, psicológico e ético, tendência à destruição do outro e falta de amor. As agressões físicas e verbal entre aluno-aluno, professor-aluno e aluno-professor, muitas vezes se dá em sala de aula pela falta de respeito mútuo e incapacidade de domínio do professor com a turma.

 Neste sentido, o problema da violência está relacionado diretamente com a educação e, elas não são veementes pesquisadas e debatidas. Ocasionando, consequências relevantes preocupam professores e familiares, pois a violência vem crescendo assustadoramente no âmbito escolar. Não devemos analisar a violência escolar separadamente, à medida que ultrapassa os muros da escola caracterizada por diversos fatores como: pais não alfabetizados, família desestruturada, baixa renda familiar, falta de alimento, desrespeito ao contexto regras de convívio social. Os motivos da violência na escola são numerosos e profundos. Porém a origem de todas elas podem estar nas intransigências das condições sócias econômicas produzidas pelo modelo de desenvolvimento através do tempo.

Conclusão

A violência escolar é um problema social que carece de um olhar mais atento através de uma dimensão global, sobretudo é uma questão de exclusão social vivenciada e reprisada no decorrer de décadas e intensificada pela crise econômica, onde o Estado tem a obrigação de interferir, na busca por formas de aplacar o problema, equilibrando os danos ocasionados pela condição de carência e miséria. Entretanto, podemos citar outras generalidades como a relação entre miséria e cidadania, na qual a ausência de oportunidades, tanto educacionais quanto trabalhistas, para a maioria das pessoas, menos favorecidas, consequentemente barra a chance de desempenhar sua atribuição de cidadão, efetivando com igualdade seus direitos e deveres sociais. Ou seja, as escolas são violentas porque a sociedade é violenta. Não devemos desassociar a violência escolar do seu contexto social, pois o problema da violência está em suas dependências e fora dela. Por outro lado, a escola é formadora e transmissora de normas civilizadas.

As relações violentas na escola ocorrem de diversas formas: exteriorizam através da insensibilidade de alguns professores com os estudantes, julgando-os incapazes de aprender; através de ameaças de punição, como forma de garantir a atenção e o ensino aprendizagem. Por outro lado, ao detectar o fracasso escolar, culpando o estudante sua família. Assim, confundindo autoridade com autoritarismo, respeito com temor. Dessa forma, os estudantes fracassados, tornam-se indignas do sucesso escolar.

Ao constatar tais problemas, deve-se combater imediatamente a violência doméstica, pois, além de causar danos maiores ao estudante, está a situação não finda por si só. Pode existir baixo rendimento escolar sem que ocorra violência doméstica, porém, estudantes exposto a este tipo de violência dificilmente conseguirão escapar ao fracasso escolar. Por conseguinte, a violência doméstica, causa primeira do sofrimento do estudante, deve ser também a primeira a ser extinta.

Portanto, um dos fatores que podem amenizar a violência escolar pode estar numa formação específica e continuada dos profissionais de educação, imprescindível que os mesmos estejam preparados para solucionar os conflitos. Outros fatores, os estudantes que não tem sucesso escolar apresentam maiores níveis de comportamento destrutivos, resultados evidentes em adolescentes.

No entanto, a violência escolar é complicada, difícil de solucionar, se faz necessário que construa um projeto progressivo com ações são simples, passando por formação da ética e da cidadania em sala de aula, introduzindo como temas transversais, também nas disciplinas diversas. Incentivando os estudantes a participarem intervenção dos atos violentos, destacando os agressores e que eles reflitam se colocando no lugar do colega.

Por outro lado, há expectativas que permeiam um novo modo
de ser, de agir, de se relacionar no que diz respeito ao processo de aprendizagem no qual setem visto, que a partir do momento que o educador passa a se relacionar com seu
educando, num compromisso de ajuda, cumplicidade e que ambos através da consciência crítica e da reflexão, adquirem autonomia para agir, questionar e até mesmo interferir no âmbito escolar, inserindo sugestões que contribuam para o desenvolvimento de um trabalhomais consistente e menos violento.

Desta forma, dialogar sobre os objetivos e limitações, discutir e aplicar sansões sobre o ato em questão. Neste sentido, elencar ao estudante o que a escola e toda a sociedade espera dele através de contratos pedagógico em sala de aula pode ser um grande começo correlação pacífica de todos.

Referências

DIMENSTEIN, Gilberto; LOZANO, André. Grupos estudarão medidas antiviolência. Folha de São Paulo, São Paulo: 20 de abril de 1999. Caderno 3.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LUCINDA, Maria da Consolação; CANDAU, Vera Maria; NASCIMENTO, Maria das Graças. Escola e violência. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

PEDROSO, Regina Célia. Violência e cidadania no Brasil: 500anosde exclusão. São Paulo: Ática, 2006.

[1] Mestranda em Ciências da Educação – FICS

[2] Doutoras em Educação – FICS