REFLEXÃO DO 31º DOMINGO DO TEMPO COMUM 30/10/2010

MUDANÇA DE RUMOS

O evangelho de hoje nos fala da figura de Zaqueu que era um homem de baixa estatura e que não tinha moral em sua comunidade.. Por sua altura precisou subir na árvore para poder ver o tão famoso Mestre Jesus de Nazaré. Mas realmente não possuía estatura moral ao menos diante de seus concidadãos, pois era um cobrador de impostos. Zaqueu não era apenas um cobrador de impostos contratado pelos Romanos, mas ocupava uma posição de coordenação de um grupo de cobradores de impostos. Sua enorme riqueza provinha certamente da exploração do povo, por isso era odiado por sua comunidade.

Mas nele surgiu o desejo de dar um novo rumo à sua vida. Pelas cenas que ouvimos no Evangelho Jesus diz: Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa, e pela pressa com que ele atendeu e pela alegria com que hospedou Jesus em sua casa, temos a certeza de que ele “procurava ver Jesus” porque desejava uma “conversão” e uma transformação em sua vida.

Zaqueu modificou totalmente sua vida, quando aceitou Jesus e seus ensinamentos, compartilhando seus bens, reparando e indenizando 4 vezes mais a todo quanto havia explorado. Imaginemos como não seria o mundo se todos os que prejudicaram os outros resolvessem devolver o que foi roubado, reparar os males causados, reconstituir a vida daqueles a que antes tinham dado prejuízo...

As exortações de Paulo à comunidade residente em Tessalônica, que iremos ouvir em nossa celebração que vamos participar nesse final de semana, indicam que é “pelo poder” divino que podemos fazer o bem porque só o Senhor dá vida e corrige com sua amizade e carinho o que está em nós corrompido, perdoa, repara, reconstrói as vidas humanas, permite a conversão que é dar um novo rumo à vida que não se encontrava na direção adequada.

Portanto, o Evangelho de hoje, de São Lucas, nos leva a perceber que há dois modos de olhar Zaqueu:

Um é olhar, o mais comum, o olhar do desprezo:

- a “multidão” que impede ver Jesus não repara em que passa “fazendo o bem” e sua tendência é julgar e condenar os outros, atribuindo-lhes culpa, pecado e autoria de todos os males. É olhar de desprezo do outro (“não sou como os outros homens, dizia o Fariseu de outra parábola”) Esse desprezo pelo outro que não que muita gente cuidar da sua própria vida e corrija seus próprios erros.

- mas Jesus nos pede um novo foco, um novo olhar, não de condenação, mas de quem quer recuperar aquele que estava perdido, acolher aquele que esta sem rumo e quer se reencontrar. Esse, caros radiovintes é o “desejo do bem” e a “atividade da fé”. O resto pode ser culpa, condenação ou ressentimento. Mas não é a visão do criador que se expressa no olhar amoroso de Jesus.

Não vamos esquecer que Deus é bom, que Deus é misericórdia e sempre esta de braços abertos para nos acolher, da forma como somos, Deus e não quer nossa condenação. E quem, como Zaqueu, “procura ver Jesus” vai reencontrá-lo nos outros, sobretudo nos mais frágeis com quem devemos compartilhar nossa riqueza, não apenas material, mas abrindo o espaço interior para prestar atenção no outro que tanto precisa de nossa atenção.