"Por outro lado, a verdade de uma proposição expressa um fato, no caso dos juízos morais não há nada que equivalha à afirmação de que um determinado estado de coisas 'é'. Um consenso normativo, formando em condições de participação livre e universal no contexto de um discurso prático, estabelece uma norma válida (ou confirma sua validade). A 'validade' de uma norma moral significa que ela 'merece' o reconhecimento universal em virtude de sua capacidade de, por meio da razão somente, obter o consentimento da vontade daqueles a quem se dirige." (HABERMAS 2007, p. 65-66) [i]

Bom, o que temos é a proposição de um lado que aponta para o fato que "é" e do outro o juízo moral que não tem a mesma possibilidade, ora aqui caberia um esclarecimento acerca desta proposição que em um de seus aspectos poderia ser uma abrangência de uma experiência dada e cristalizada em um resultado do que "é" ou seja, algo que contagia ou possibilita uma relação que caracterizaria como um sujeito e sua circunstância, uma dualidade que clama uma unidade, aquilo que é ou aquilo em que a própria proposição aponta ou ainda o fato e, quanto ao juízo moral, que não aponta para o que é, porém apenas talvez, para o que poderia ser, ou seja, o suposto ou ainda o pressuposto e aqui temos um difícil embate proposto por Habermas, razão e vontade e poderíamos perguntar o que caracteriza a razão? Ou ainda, a razão em sua afirmação é vontade ou construção sobre um alicerce ou uma estrutura de vontade? Melhor seria colocarmos, o que constituiria a razão? Seria a proposição uma característica intrínseca da mesma, ou seja, a razão? A razão em sua constituição não se afirma em proposições, conforme se olhe para isto, porém quando chegamos à validade de algo estamos diante do dilema, afirmação e negação em que de acordo com isto, a razão, subordinará ou não à vontade tornando - se um reconhecimento que talvez possamos dizer com esta palavra, algo que foi conhecido e que precisa novamente passar pelo mesmo processo do conhecer, ou seja, reconhecer é conhecer duas vezes para que se encaminhe para aquilo que poderia se caracterizar como o fato que constitui aquilo que talvez dê coesão ao designado como universal.

Obra Consultada

HABERMAS, Jürgen. A Ética da Discussão e a Questão da Verdade. Tradução: Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2007.