Reflexão crítica da Música Metamorfose de Raul Seixas
Publicado em 18 de dezembro de 2017 por ADRIANA SOELY ANDRÉ DE SOUZA MELO
Reflexão crítica da música Metamorfose Ambulante de Raul Seixas a partir de conceitos discutidos pela Psicologia Social: Percepção Social, Identidade, Papel Social, Grupos Sociais,Atitude: Estereótipo e Preconceito tendo como fundamento, A Psicologia Social: O homem em movimento de Silvia Lane:[1]
Adriana Soely André de Souza Melo[2]
A música Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas é uma denúncia a forma como a sociedade vivia na época em que foi lançada, carrega em si uma opinião diversa ao que pensa a maioria das pessoas, já que estas não são modelo de sucesso. Propõe ainda, esclarecer que não existe uma verdade absoluta, mas sim, diversas verdades, de modo que o que se configura como verdade hoje, poderá não ser amanhã e vice-versa. Raul quis negar o modelo político de direita, portanto a contestação através da música que ora vai, ora vem, na tentativa de mostrar a volatilidade da vida.
A forma como as palavras e ideias são colocadas no decorrer da música, mostra que as pessoas podem e devem mudar de opinião, tantas e quantas vezes se fizer necessário e ainda, que esta característica da metamorfose ambulante, consiste numa mudança constante.
Embora a música date do início dos anos 70, especificamente no ano de 1973, até o presente, provoca o sentimento reflexivo no sentido de ter e instigar a percepção de que a realidade é metamórfica. Mais do que nunca, a ideia seixiana exposta na música, continua atual e convida o leitor à premissa de que devemos enxergar a realidade social percebendo que esta é mutável, que está em constante mudança, seja esta para melhor ou para pior, mas que é imperativa a necessidade de mudança.
Ao fazer um paralelo entre a referida música e o texto de Silvia Lane, “O homem em movimento”, remetemo-nos a “inevitabilidade da morte é a única certeza que todos nós podemos ter, como uma contingência da vida” (Ciampa, 2007). Ademais, a outra certeza de que podemos ter é que nascemos para começar – e não de que nascemos para morrer – sobre isto, a autora Hanna Arendt (1983), também afirma que “um começo que vem ao mundo quando nascemos, começando algo novo, por nossa própria iniciativa” Ambas as citações permite-nos a inferir que o indivíduo age durante toda sua vida: toma iniciativa, recomeça, movimenta e deixa-se movimentar. De modo que se vive não apenas para viver, mas que este viver seja repleto de significados e sentidos, na busca de lutar sempre pela emancipação humana. Em o Homem em movimento, a autora, adepta de uma linha marxista sócio-histórica, provoca/propõe uma transformação na Psicologia Social que pode ser encarado como uma orientação e um desafio. Quais os problemas concretos da nossa sociedade? Como podemos participar no sentido de buscar transformar essa sociedade? Com o encarar os estereótipos e os preconceitos? Como se perceber na sociedade e quais papeis desempenhar no sentido de promover a tomada de decisão, o alargamento das ideias, a busca incansável por respostas que talvez nunca cheguem, mas que são necessárias para a evolução do ser enquanto humano? São, portanto, indagações necessárias, pertinentes que nos levarão a tentativa de buscar desenvolver uma tomada de atitude direcionada para os problemas concretos de nossa realidade atual. Desta forma, é possível vencer os estereótipos, o preconceito, contudo, isto só poderá ocorrer através do desprendimento e libertação dos mitos, o alargamento dos saberes, a busca constante pela descoberta e principalmente, a consciência de que somos seres dotados de uma capacidade invejável de adaptação.
É preciso, portanto, negar-se a qualquer forma de dogma e seguir na tentativa de ser sempre proativos, incentivar o movimento, a metamorfose, tendo a consciência de que o foco será sempre o ser humano que estará em constante movimento, considerando sempre sua subjetividade e particularidades, diferenças, escolhas que são características inerentes ao ser humano.
REFERÊNCIAS
CIAMPA, Antônio da Costa. Sílvia Lane: O Homem em Movimento Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil. Psicologia & Sociedade; 19, Edição Especial 2: 17-23, 2007.
SEIXAS, Raul. Metamorfose ambulante. Música, You tube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7VE6PNwmr9g. Acesso em: 13 de out. de 2017.
[1] Texto elaborado para cumprimento de atividade da disciplina Psicologia Social no Curso de Especialização em Serviço Social e Gestão do Trabalho Social ofertado pela Faculdade Metropolitana de Petrolina, sob a orientação da profªEspecilaistaSiane Cavalcante.
[2] Discente do Curso de Especialização Lato Sensu em Serviço Social e Gestão do Trabalho Social.