Reflexão sobre uma crise chamada Coronavírus

Fernando Paz/Administrador

 

                Em Gestão da Qualidade aprendi uma coisa que trago como lema: “todo problema é uma excelente oportunidade de melhoria”. É assim que eu encaro problemas e é assim que procuro orientar as pessoas com as quais eu trabalho.

                   Eis então a nossa oportunidade, ímpar, como cidadãos: melhorar nossa concepção de sociedade, de nação, tendo em vista que o problema atual é igualmente ímpar. Com o “medo” instalado, quer seja da doença, da morte, do desemprego, da fome, da falência, ou, seja ele qual for, trouxemos à tona os mais íntimos sentimentos individuais e também coletivos, a exemplo da fome ou da ameaça à raça humana. Com isso, afloraram os questionamentos sobre a sociedade como um todo, como estamos tocando nossas vidas, como estamos nos comportando social, profissional e até politicamente, e qual o nosso papel na sociedade.

                Tentamos achar culpados para isso tudo (falo do Coronavírus): a China por disseminar o vírus, o Trump talvez por haver inflado isso com uma briga comercial com a China, o Bolsonaro por não ter fechado fronteiras mais cedo, o governador de nosso estado por ímpor o isolamento (ou qualquer outro porquê, de acordo com o ponto de vista de cada um), o Lula, por ter destinado recursos para construir estádios ao invés de hospitais (até isso eu já li nas redes sociais), entre outros tantos.... Questionamos então algumas das ações políticas que deveriam servir ao bem comum da sociedade como um todo.

                Voltamos então à minha frase lá do início... “todo problema é uma excelente oportunidade de melhoria”. E espero que façamos isso agora, como povo, como nação. Que isso sirva (o susto que tomamos, o medo que passamos) à uma verdadeira mudança de posicionamento individual como cidadão.

                É um bom momento para repensar, refletir de verdade sobre as ações diárias que temos. Se queremos estar preparados para estes “sustos”, se queremos uma cidade melhor, se queremos um país melhor, se queremos mais médicos e hospitais, mais escolas, mais policiamento, mais empregos, mais oportunidades, mais comida na mesa (o suficiente já está bom), enfim, mais qualidade de vida, precisamos participar mais efetivamente da comunidade local. E participar não necessariamente significa ir às reuniões da Câmara de Vereadores toda a semana (mas ir algumas vezes, com um olhar crítico, já seria de grande valia), não é estar filiado a um partido político, não é virar um ativista em redes sociais. Na minha opinião, participar da comunidade, e contribuir com ela, se traduz em evoluir como profissional, evoluir em conhecimentos gerias, evoluir como pai, como mãe, como marido, como esposa, como filho, como aluno (respeitando ao professor), como amigo, como cidadão (respeitando fila, sinal de trânsito, limite de velocidade, ao policial...). Estes novos cidadãos certamente serão mais seletivos, questionadores, exigentes.... e elegerão governantes melhores, mais capacitados. Então, o ciclo se completa. Retornarão melhores políticas de saúde de segurança, de educação, de trabalho e renda, de moradia, etc., etc., etc....

                Falando de política local, o que fazemos hoje, com raras exceções: votamos num vereador por que é nosso amigo, às vezes só conhecido, às vezes nem conhecido, mas amigo de um amigo, às vezes por que apertou a nossa mão e pediu o voto, às vezes por que nos convidou para um churrasco, ou nos ajudou numa consulta médica.... coisas assim. E o pior, depois disso, nunca mais nos informamos sobre o que ele está fazendo e se está fazendo direito. Se tem competência para tomar as decisões, ou contribuir para elas, necessárias para tudo aquilo que queremos de nossa cidade. O mesmo vale para prefeito, governador, etc... Mas se olharmos com muito cuidado para o nosso município, já ajuda muito. As coisas começam na nossa cidade. O vereador de hoje pode ser o deputado estadual (ou federal) de amanhã, o governador, quiçá o presidente do país.

                Afinal quem está tomando a decisão agora pelo nosso futuro? O político que elegemos! Quem tomou as decisões no passado que agora nos fazem sofrer mais do que deveríamos? Os políticos que elegemos! Minha saudosa mãe, com toda a sua limitação acadêmica, mas com muita sabedoria, já me dizia: “o maior castigo de quem não gosta de política é ser governado por político”.

                Não quero crer que vamos sair deste cenário (e isso vai passar) iguais como entramos. Temos que ter aprendido algo que possa efetivamente nos transformar.

                Não sou político, não tenho preferências políticas. Tenho preferência por resultados melhores, e, queiramos ou não, passa pelo meio político.

                Infelizmente sabemos que vai haver quem passe tudo isso e não leve nem o aprendizado de como lavar bem as mãos. Uma pena!