Recompensas

 

      Quando um doutor ou escriba da Lei disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas tem tocas e as aves do Céu tem ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8:19 e 20). Ele está dizendo que não mandou ninguém oferecer abundâncias a quem queira seguir o Seu caminho. Ao contrário; Ele diz ao jovem rico: “... Se você quer entrar para a vida, guarde os mandamentos...”  “Se você quer ser perfeito, venda tudo, distribua com os pobres, e você terá um tesouro no Céu. Depois venha e siga-me” (Mateus 19:16-22).

       Servir de coração a Deus, traz grandes bênçãos que enriquecem o espírito, mas acumular patrimônios, não. Este ensinamento é argumento daqueles sobre os quais Deus já se lamentou: “Este povo me honra apenas com os lábios, enquanto o coração anda longe de mim” (Is 29:13,14; Mt 15:8).

       Se ser pessoa de Deus trouxesse abonança, que quantidade de bens teriam acumulado os Apóstolo, os Profetas e os Discípulos que foram amortizados na peleja de aprender e ensinar o evangelho?

      As promessas de retribuições e prosperidades que, grande parte dos que se dizem ser “chamados por Deus” fazem, não condizem com as retiradas, nem com o martírio dos Apóstolos e Profetas, muito menos com a singeleza d’Aquele que convidou Seus escolhidos ao caminho da cruz.     

      Querer ou prometer ao rebanho proezas durante a caminhada ao Pai, é dizer que a peleja de Moisés no deserto, a paciência de Deus e a caminhada de Cristo aos pregos na cruz, foram em vão.

      Os quarenta anos no deserto, mostram que a passagem da escravidão para a terra prometida, não é estrada margeada de oásis nem arborizada com frutos do Céu.

      Iniciar a caminhada rumo a uma vida renovada, é algo parecido com o amadurecimento de Paulo, que nem murmurou diante de um não, a um dos poucos pedidos que fez ao Deus: ‘...foi me dado um espinho na carne, um anjo traquino para me espancar, a fim de que eu não me encha de soberba. Por esse motivo, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Ele, porém, me respondeu’: “Para você basta a minha Graça...” (2 Co 12:7-10).  Então, os que se propõem a atravessar o deserto para matar a sede com a água que jorra para a vida eterna (João 4:13,15), devem se encher de abstinência e aceitar o convite, assim como aceitaram aqueles que, com convicção, entenderam o SIGA-ME de Jesus, e mesmo quando muitos acharam muito duro o seu  jeito de falar, e desistiram (João 6:6), os doze, quando perguntados se também queriam desistir, responderam: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna...”

      Promessas de recompensas imediatas, não foi Jesus quem fez nem recomendou; ao contrário, quando lhe ofereceram todo luxo, toda a fama e toda a riqueza, Ele preferiu a coroa de espinhos e a obediência ao Pai. E deixou a oferta para os de coração endurecido e o tentador, que de Cristo ainda zombaram quando estava na cruz, sangrando e lavando os nossos pecados com sangue e lágrimas de dor.

      Pregar o evangelho, são muitos que pregam; resta saber se há ou não segundas intenções. É só observar se o estilo de vida deles é semelhante ao de Jesus. Se não houver nenhuma semelhança, e você decide ainda continuar seguindo-os, cuidado! Deus ainda continua sendo aquele que disse: “... Vou pedir contas a eles sobre o meu rebanho...” (Ez 34:1 ...). “Os profetas só falam mentiras, os sacerdotes só querem dinheiro, e o meu povo gosta disso! O que vocês vão fazer quando chegar o fim?” (Jr 5:30); e mais: (Jr 14:14-16; 15:1).