Autores:

Kerley José Freitas da Silva*
Márcia Borralho**

1.A GUISA DE INTRODUÇÃO

A vontade de aprender é inata. A capacidade de aprender é inata. A socialização induz algumas atitudes que maximizam e outras que condicionam a vontade de aprender. Assim, a aprendizagem passa a depender do conhecimento de que existe uma avaliação feita por alguém, de algum modo e em algum momento (Simões, 2000, p. 02).

Ao longo da História, o processo de ensino-aprendizagem tem sido caracterizado de diversas formas, que enfatizam o papel do professor como transmissor de conhecimento, assim como as concepções atuais que apresentam o processo de ensino-aprendizagem com um todo integrado, dando destaque ao educando dentro deste processo.

A avaliação no processo ensino-aprendizagem é sem duvidas um tema instigante e maleável, por possui implicações pedagógicas que vão além dos aspectos técnicos e metodológicos, atingindo aspectos sociais, éticos e psicológicos de alunos e professores, desprovidos da concepção assertiva de avaliação, fator que acaba por impulsionar a vivência de práticas avaliativas que vão do estimulo, promoção e avanço do conhecimento, como também a frustração, retrocessos e lacunas do mesmo conhecimento (Luckesi, 1994).

Para Hoffmann (1993) a avaliação é o caminho da aprendizagem do aluno quando possibilita ao professor tomar consciência da realidade do educando e a partir de então levá-lo a aprendizagem.

Avaliação é parte integrante e importante do processo ensino/aprendizagem. Porém, avaliar requer preparo técnico, capacidade de observação e dedicação dos profissionais, levando em consideração que deve haver uma cuidadosa análise das informações adquiridas, sobre o corpo discente atendido.Uma vez que, o ato de avaliar a aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionado à gestão da aprendizagem dos alunos (Perrenoud, 1999).

2.O ATO EDUCATIVO

Todo ato educativo obedece determinados fins e propósitos de desenvolvimento social e econômico e em conseqüência responde a determinados interesses sociais, sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a concepções epistemológicas específicas, leva em conta os interesses institucionais e, depende, em grande parte, das características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do processo (Moretto, 2001).

Freire (1999), "afirmava que o educador precisa saber que "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção". Esta afirmativa se contrapõe ao tradicionalismo implementado pelas escolas e seus educadores onde o mestre, através de seus anos de experiências em áreas específicas, transmitiam este saber em aulas expositivas e pouco interativas. Neste modelo não há incentivo, nem espaço, para desenvolver o auto-aprendizado. A resolução de um problema deve ser encontrada, em um padrão de informações compostas previamente para "facilitar" a aprendizagem, a cada problema exposto.

Para Luckesi (1999), a avaliação praticada nas escolas é a coerciva, pois provoca o sentimento de culpa nos alunos. Por meio das notas é realizada a classificação dos alunos, deste modo comparam-se apenas os desempenhos, diminuindo a importância dos objetivos a serem alcançados. Limita-se o conhecimento a uma só verdade que deve ser igual para todos, descartando novas possibilidades e questionamentos.

Segundo Vygotsky (1930), "cada aluno tem uma história diferente, uma necessidade diferente, uma expectativa diferente quando se relaciona com o outro, inclusive com o professor. O professor não deve apenas transmitir os conhecimentos ou fazer perguntas, mas também ouvir o aluno, dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a expressar-se, expor suas opiniões.

Nesse sentido, conhecer também o nível de conhecimento dos alunos, ter um bom plano de aula- aquele que tem objetivos claros e estratégias de ensino - capazes de ser colocados em prática de acordo com a capacidade dos alunos e os recursos de sala de aula disponíveis na escola.

Na realidade atual em que vivemos, observamos que as famílias estão meio perdidas, não sabendo lidar com situações novas: pais que trabalham o dia todo fora de casa, pais que brigam o tempo todo, desempregados, usando drogas, pais analfabetos, separados e mães solteiras. E acabam transferindo toda a responsabilidade para a escola.

3.A AVALIAÇÃO E O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

O conceito de avaliação da aprendizagem tem evoluído ao longo dos tempos, sua definição está mais ampla e mais complexa, assim como a sua efetivação, tal situação se deu em função da contribuição de vários teóricos, destacando- se entre eles: Libâneo (1994), Luckesi (1994), Moretto (2005), Perrenoud (1999) e Vasconcelos (1994).

Durante muito tempo, a avaliação da aprendizagem serviu como 'termômetro' da quantidade de conhecimentos que o aluno teria apreendido. Mas, esta concepção mudou, tanto que a compreensão sobre avaliação se tornou mais crítica, passando a avaliação a ser utilizada para a melhoria da aprendizagem.

A avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos (vasconcellos, 1994, p. 43).

A avaliação da aprendizagem escolar no Brasil, hoje, tomada in genere, está a serviço de uma pedagogia dominante que, por sua vez, serve a um modelo social dominante, o qual, genericamente, pode ser identificado como um modelo social liberal conservador, nascido da estratificação dos empreendimentos transformadores que culminaram na Revolução Francesa. A prática da avaliação escolar, dentro desse modelo, é obrigatoriamente, 'autoritária'. (Luckesi, 1997, p.29).

Concordamos com Luckesi quando diz que a avaliação precisaria ser vista como um dos fios condutores, da busca do conhecimento; de modo a dar pistas ao professor sobre o caminho já percorrido, onde o aluno se encontra; que práticas ou decisões devem ser revistas ou mantidas, para que juntos professor e aluno possam chegar à construção do resultado satisfatório.

4.A GUISA DE CONCLUSÃO

A avaliação deve ter como objetivo, informar os atores envolvidos sobre a direção do processo de aprendizagem dos alunos; captar as necessidade e falhas do processo, se comprometer com a busca da superação; possibilitar aos professores e alunos refletirem conjuntamente sobre a realidade, selecionar as formas apropriadas de dar continuidade ao processo, tomada de decisão, uma mudança de atitude.

A avaliação diferencia os alunos desde aqueles que nada fazem até aqueles tudo sabem. Quando se pergunta por uma avaliação apenas se está interessado no resultado final. Perde-se o conhecimento da ação que conduziu aquele resultado. Assim, a avaliação não espelha o desempenho do aluno. Infelizmente a avaliação é um fator marcante de exclusão para muitas pessoas, porque não são criadas condições para que cada um possa ser um 'ás' numa certa especialidade para que estaria vocacionada (Simões, 2000).

É possível perceber que a educação escolar é a saída mais viável para escapar da situação de ignorância em que se encontram a maioria das crianças, especialmente as de baixa renda, que são a maioria em nossa cidade. Mas a educação que é oferecida, o ensino em algumas escolas, pauta-se pelo verbalismo e informações.

A aprendizagem é entendida como acumulação de conhecimentos onde cada professor cuida de sua disciplina, sem conexão com as demais e sem levar em conta a experiência e os significados que os alunos haviam construído ao longo de suas experiências pessoais.

Por isso, os profissionais de educação da atualidade, enfrentam sérias dificuldades em relação à aprendizagem dos alunos, e isso nos leva a concluir que os mesmos precisam estar atualizados em conhecimentos gerais e específicos para que possam corresponder às exigências do mundo globalizado e também às expectativas do educando. E não podemos ser ingênuos achando que basta o professor estar bem preparado no campo científico e pedagógico para desempenhar satisfatoriamente o seu papel, precisa-se da participação da família, dos professores e sociedade, todos juntos no mesmo objetivo, cada um cumprindo a sua parte.

5.REFERÊNCIAS

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 9 ed. São Paulo: Cortez, 1999.

______________________. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez Editora, 1997.

______________________. Avaliação da aprendizagem escolar. 3ª ed. SP: Cortez, 1994.

MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. RJ: DP&A, 2005.

PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência a regulação das aprendizagens entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

SANTANA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios e instrumentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

SIMÕES, Alcino (1998-2000). Avaliar? Folha do Alcino. Disponível em: http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/formar/outros/avaliar.htm. Acesso em: 11.11.2008

VASCONCELLOS, C. dos S. Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. SP: Libertad, 1994.

*Graduado (licenciatura e bacharelado) em História pela Faculdade de Macapá (2007). Atualmente encontra-se em fase de conclusão da Pós-Graduação (Lato Sensu) em História do Amapá pelo Instituto de Pós-Graduação e Extesão - IBPEX. Tem experiência na área de História com ênfase em História Cultural, atuando principalmente nos seguintes temas: Identidade Cultural, Tradições Orais e populações tradicionais (Parteiras e comunidade remanescentes de Quilombo).

** Licenciada Plena e Bacharel em História pela Faculdade de Macapá-FAMA (2007) e Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Instituto Macapaense do Melhor Ensino Superior-IMMES (2009)