Rodolfo Bernardo Chissico[1]

Felizardo Cipriano João[2]

Resumo

O fraco aproveitamento de estercos bovinos na fertilização de solos no posto administrativo de Nanhupo-Rio vem reduzindo o nível de produção dos campos de cultivos sobretudo na área de hortícolas. Desta fraca aderência do uso deste rico fertilizante que desde outrora veio a ser utilizado nos campos de cultivo e hoje ignorado por esta população, surge a necessidade de perceber as razões que fazem com que os praticantes de horticultura não usem estes estercos para a fertilização de solo. O estudo é qualitativo, com o recurso de métodos empíricos como questionário, observação directa, técnica de entrevista e o método experimental. Foi possível perceber que uma grande parte dos horticultores não usa os excrementos bovinos nas suas parcelas de cultivo, fundamentando que este adubo possui elevado índice calorífico, capaz de danificar as culturas. A outra razão do uso deficitário, está relacionada com as questões de natureza mitológica que desde outrora, veio influenciando a sua rejeição a nível local. De igual modo, foi possível identificar e perceber dos agricultores o nível do desconhecimento das técnicas de conversão do esterco bovino em adubos orgânicos, considerados mais sustentáveis ao meio ambiente.

Palavras-chave: esterco bovino, meio ambiente, biofertilizante.

Introdução

Os dejectos são o material ou substância excretada por animais, constituídos por fezes, urina, água, matéria orgânica (nitrogénio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, manganês, ferro, zinco, cobre e outros elementos incluídos na dieta dos animais (Diesel, Miranda & Perdomo, 2002).

Excrementos de animais são produtos químicos orgânicos que para além do seu impacto ambiental fornecem energia e adubos por possuírem maior índice de nutrientes tais como: azoto (N), que é responsável no estímulo e crescimento dos brotos e das folhas; potássio (K), que desempenha um papel importantíssimo no fortalecimento dos tecidos vegeta tornando as plantas deste modo, mais resistentes a secas e pragas; fósforo (P), este tem o seu papel crucial, no fornecimento de floração e surgimento de frutos e outros micronutrientes que contribuem para o desenvolvimento saudável das plantas (Dias & Fernandes, 2006).

Actualmente a sociedade em geral vem discutindo quase em vários órgãos de informação sobre a melhoria de vida sobretudo no contexto nutricional. Para o efeito, em Moçambique é notório o elevado índice de desnutrição provocado pela carência de alimentos ricos em vitaminas, facto que se verifica com maior incidência no posto administrativo de Nanhupo-Rio. Este cenário está relacionado com o fraco engajamento na diversidade de produção agrícola de alimentos ricos em vitaminas. Nesta parte de Moçambique, produz-se mais alimentos ricos em carboidratos, pois esta actividade agrícola não exige muito uso de fertilizantes.

De acordo com EMBRAPA (2011), de entre vários benefícios que os dejectos de vaca podem trazer na actividade agrícola destaca-se a redução do índice de toxicidade e maior resistência do solo.

Com efeito, o foco desta pesquisa tende procurar compreender as razões do baixo índice do nível de aproveitamento dos resíduos excretados pelos animais para a produção de adubos orgânicos, para serem usados na produção de hortícolas, alimentos ricos em vitaminas. As vitaminas são substâncias sem nenhum valor nutritivo, mas indispensáveis para o desenvolvimento do organismo. Estas substâncias actuam como sequestradores e eliminadores de radicais livres no organismo humano.