É necessário, antes de tudo, compreender e distinguir os conceitos de alfabetização e de letramento, os quais são, inúmeras vezes, principalmente em discursos de discentes universitários e em práticas metodológicas de educadores do ensino básico, confundidos.

A alfabetização, de modo geral e sucinto, é o domínio dos códigos que facilitarão o letramento literário. Desta forma, o letramento literário caracteriza-se por ser, principalmente, uma percepção mais aprofundada de leitura e escrita. Além disso, deve-se levar em consideração também, os aspectos culturais envoltos no processo de letramento e, diante de tais considerações, questionar-se: como o educando aplicará os conhecimentos adquiridos na alfabetização em seu contexto social?

Tomando como base o que, de fato, deve ser compreendido a respeito dos princípios de alfabetização e letramento entende-se a correlação indissociável de leitura e de produção textual. Porém, em contraste a informação anterior, uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), Itaú Cultural e pelo IBOPE Inteligência, revela que houve um aumento, no que se diz respeito ao número de brasileiros alfabetizados, mas, infelizmente, uma queda de cerca de 4,6 milhões de leitores, entre 2015 e 2019 nos campos nacionais. O principal fator indicado pelos leitores é o interesse por mídias sociais que, na maioria das vezes, consome boa parte do tempo da população.

Diante do cenário exposto pelos pesquisadores e instituições voltadas às práticas de leitura e escrita, percebe-se o quão graves são as dificuldades enfrentadas por educadores dos níveis básico, médio e superior. Isso porque, além de encararem a falta de interesse pelas literaturas básicas, canônicas e sugestões das diretrizes curriculares, enfrentam também o desafio dos alunos não obterem sucesso no que se diz respeito às expressões nas escritas. As produções textuais dos alunos, de todos os níveis, possuem marcas significativas da oralidade, além disso, há também dificuldades em expressões coloquiais e escritas científicas.

Em virtude dos fatos mencionados, estudiosos como Kleiman (2005) defendem o uso das inovações e de metodologias contextualizadas com a realidade do discente para um processo de letramento mais leve, eficiente e produtivo. Além disso, para Alexander Luria (1972), a escrita pode e deve ser tratada como uma técnica sociocultural, em que o educador compreenderá toda jornada de aquisição do aluno. De forma prática, pode-se utilizar dos meios cibernéticos para atraí-los, há exemplos: fanfics (podem ser lidas e escritas pelos alunos), hipertextos, podcasts literários, etc. E, se ainda assim não houver êxito, sugere-se que o docente faça as devidas adaptações em suas práticas, de acordo com o contexto do educando, porque, como diz o exímio Guimarães Rosa “Viver é um rasgar-se e remendar-se.” 

Referências: 

ALVES, José. Retratos da leitura no Brasil. CENPEC Educação, 2020. Disponível em: < https://www.cenpec.org.br/tematicas/retratos-da-leitura-no-brasil-por-que-estamos-perdendo-leitores>. Acesso em: 07 de Março de 2021.

EDUCAMUNDO, Equipe. Alfabetização e Letramento. Educamundo, 2017. Disponível em: < https://www.educamundo.com.br/blog/alfabetizacao-letramento >. Acesso em: 07 de Março de 2021.

ROSA, Guimarães. Grande Sertão Veredas. São Paulo: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, T. A. Queiroz Editor, 1980.