Rap da Delegacia


Esta é a canção que eu não queria
Este é o rap da Delegacia
Esta é a canção que eu não queria
Este é o rap da Delegacia

Limiar do século vinte e um, a VTR sobe o morro e prende mais um.
O Zé, um dos primeiro no tráfico, hoje viciado prisioneiro do crac.
Perdeu a mulher, o orgulho, a amante, os filhos.
Levou muita porrada, cadeia, nunca dei ninguém,
Não leva este espinho na veia.
Chora, a saudade vem, lembra do tempo de criança, de seus irmãos, de seus pais.
O passado não volta, mais.
Mas a D.P. (Delegacia de Polícia) devia ser coisa de primeiro mundo.
Nela ainda tem muito safado, político, polícia, vagabundo.
Tem gente boa, honestas, coisa rara, analisa meu olho profundo.
O lugar! Nele vivem juntas pureza e poluição.
Poluição, o tira ta na merda, quer carro, casa, lazer, comida e salário,
Passa-me tua grana seu otário.
Nas ruas cobra pedágio, a lei vira bandido, corrupção.
Botam assalto com os pés e com as mãos
Tapo-me de nojo de quere quero. Qual é o teu nome meu filho?
Não sabe! Amanhã tu vens mais cedo, vem sorrindo, cantando e esconde esse.
Vem sorrindo, cantando e esconde esse medo.

Esta é a canção que eu não queria
Este é o rap da Delegacia
Esta é a canção que não queria
Este é o rap da Delegacia

Queria amenizar afrouxar, deixar passar batido, esquecer.
Esquecer não é possível. A sirene corta o silêncio da noite, dilacera o coração.
O menino paralisado não entende, não chora, os amarelos levam seu pai p?ra prisão.
É apenas um laranja, rolam cascas pelo chão.
Busco ficar mais ligth, society, filosofar outras besteiras.
A lua tem vida, marte não é verde.
O sol se abre e me dá sede. Sedentos de poder estão.
Serram os punhos, matam a esperança.
Esperança, flores na delegacia, um sorriso, um abraço amigo, uma PT.40 (pistola) nas mãos.
Tira a roupa e deita, essa é a seita.
Aceita, à noite não existe, o sol brilha soberano, há anos me debato entre seres humanos.
"Manos", procuro, "estendo a visão, ?quem manda não ser burro, não sofria tanto".
Levanto-me, ando, procuro uma saída, fingir, polícia também é gente.
Ta tudo certo, saio pela tangente, o bem e o mal são eternos.
Não tem meio termo, polícia é polícia, bandido é bandido.
As mãos que afagam também geram destruição.
Pulsa inveja, medo, desconfiança e solidão.
Cada um por si. Polícia e bandido se enquadram no mesmo artigo.
O diabo sorri. Tapo-me de nojo de quero-quero.
Qual é o teu nome meu filho? Não sabe! Amanhã tu vens mais cedo.
Vem sorrindo, cantando e esconde esse medo.
Vem sorrindo, cantando e esconde esse medo.

Esta é a canção que eu fiz e não queria
Este e o rap da Delegacia
Esta é a canção que eu fiz e não queria
Este é o rap da Delegacia.

As leis e seus guardiões foram criados para proteger os cidadãos.
Na teoria, divinos são, mas na prática, se desviam de sua missão.
Os rigores da lei batem nos excluídos.
Os favores para os já protegidos.
Penso, reflito refletir é preciso. Possuem muitos braços o 171 do Dr Artigo.
São muitos os incisos. Insisto, a Dona Justa não tem muita paciência.
O coração está na ponta da caneta, que importa se vai mais um p?ra sarjeta.
Cadeia não redime. Atualizar a lei é preciso.
Tapo-me de nojo, de quer-quero. Qual é o teu nome meu filho?
Não sabe!Amanhã tu vens mais cedo
Vem sorrindo e cantando e esconde esse medo
Vem sorrindo e cantando e esconde esse medo.