Autora: Xenya Soares da Veiga Gomes

A escola é o lugar onde a aprendizagem sistematizada acontece, é também onde prepara o indivíduo para conviver bem em sociedade, mas infelizmente um lugar onde ainda se pode vivenciar atos e falas de racismo, preconceitos e discriminação. Entender o racismo é necessário para percebe-lo, segundo Hélio Santos (2001: 85), “o racismo parte do pressuposto da “superioridade de um grupo racial sobre outro”. As Pessoas preconceituosos e racistas têm dificuldades em aceitar e conviver com a diferença, assim o diferente acaba se tornando para essas pessoas, o inferior. O profissional da educação precisa dar atenção para esse problema encontrado no ambiente escolar, para assim, buscar meio de minimizar ao máximo situações racistas.  Precisa também entender que ações racistas, é algo intrínseco a sociedade, ou seja o aluno racista e preconceituoso não nasce assim, ele é modificado ou moldado em família e nos ambientes que frequenta.

Assim, entendemos que as primeiras ações ou experiências raciais apresentadas pelas crianças, são frutos do seu contato com os adultos, seja ela de forma positiva ou negativa. De forma negativa, alguns adultos quando estão perto de crianças, usam palavras pejorativas para se referir as pessoas e agem de forma preconceituosas com alguém. Atitudes que ficam ainda piores a medida em que a criança vai convivendo com pessoas que não veem como iguais os negros, os índios, as mulheres, os homossexuais, os idosos, as pessoas de baixa renda e os deficientes. A família é o primeiro meio de aprendizagem e também formadora de opinião de uma pessoa, assim, cabe aos pais tomarem o ensino de conceitos básicos de respeito mais frequentes em sua família, buscando dar a seus filhos visões mais humanizadas de mundo, de vida onde todos devemos viver em harmonia com o outro e suas diferenças.

Até aqui enfocamos o lado do que pratica o racismo, mas o lado da criança que passa sua vida escolar recebendo chacota por sua diferença merece o maior foco. Pois com certeza é ela a mais prejudicada em sua vida, e a que mais danos psicológicos pode carregar. Uma criança que é vítima de racismo pode acreditar que realmente ela é inferior e absolver essa ideia erronia de seu valor. Assim os danos psicológicos podem se alastrar por toda sua vida, as tornando pessoas retraídas, que carregam amarguras e lembranças ruins de uma vida se sentindo inferior. Recebendo assim privação da chance de obter uma vida social bem sucedida e valorizada.

 Cabe aos profissionais da escola buscar ter uma sensibilidade maior quanto ao tema racismo, também um preparo para saber lidar com situações racistas e preconceituosas na escola. Tentar ao máximo amenizar essa situação de racismo dentro da escola, ou quem sabe até mesmo eliminar. Os professores precisam participar de curso de qualificação voltado para relação étnico-racial, para melhorar suas discussões temática na escola e conseguir lidar melhor com situações flagrantes de discriminação racial no ambiente escolar. É necessário ter momentos pedagógicos na escola com os alunos, que promova discussões e conscientização sobre a diversidade, amor próprio, respeito e também as leis que tornam crime o racismo. Precisamos empoderar os diferentes a sua aceitação e valorização. Muitas vezes com ações simples e pensadas, podemos fazer a diferença na sociedade, desconstruindo pensamentos racistas, preconceituosos e desumanos. Diminuindo assim as chances de ver situações preconceituosas e racistas dentro de nossas escolas. E por outro lado, precisamos sensibilizar o indivíduo criado em ambiente racista e preconceituoso e ajuda-lo a repensar suas atitudes e modo de pensar. O papel da escola é destruir pensamentos racistas como cita Rocha:

Segundo Rocha (2008, p. 58)

Considerando a Escola como o espaço na qual estereótipos, preconceitos e práticas discriminatórias são desconstruídas. Ela reúne instrumentos pedagógico que viabilizam esse propósito a partir da reflexão dos profissionais que a compõem. Docentes e técnicos podem “pôr abaixo” grande parte dos entraves interpostos às populações afrodescendentes que as impedem de viver plenamente a cidadania. A apresentação positiva da História e da cultura dessas populações e uma das estratégias a serem colocadas em pratica de modo efetivo e consecutivo.

Precisamos trabalhar a história para mostrar como cada um teve seu valor no passado para construção de nossa sociedade, não como superior e inferior, mas sim como diferente e importante ao mesmo tempo. É de grande necessidade também ensinar a ver o diferente como algo que pode enriquecer e acrescentar em nossas vidas. A escola deve transmitir ao aluno, o quanto importante é o respeito as características próprias e individuais de cada pessoa. Enfim, como já dito, ao professor cabe ser o mediador de diálogos informativos e respeitosos que façam da escola um lugar que forme um cidadão humanizado e livre de preconceitos e formas de racismo. Quando a escola conseguir ser este lugar de formação humanizada, a sociedade num todo será mais harmoniosa e consequentemente mais plena.

Referências bibliográficas

ROCHA, Helena do Socorro Campos da. A Experiência com a Lei Nº10.639/03 CEFET-PA: Formação Inicial e Continuada. IN: COELHO, Wilma de Nazaré Baía, Mauro Cezar (Org.). Raça, cor e diferença: a escola e a diversidade. Belo Horizonte: MAZZA, 2008.

SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do ciclo vicioso. São Paulo: Ed. Senac, 2001.