...Quinze minutos parecem não ouvir o meu suplício. À espera, ansioso, pelo fim dum curto período ? no qual minha sensibilidade me exige descanso, e minha mente me atropela o físico ou, de modo ameno, reduz o meu ser, limitando-lhe o espaço, qual rio sobremodo apertado entre os montes ? persisto portando o esquálido espírito, franqueado em algumas frações de segundos...Percebo-me fóssil, pois. Meu espírito, porém, me entusiasma, e isto, provavelmente, me equilibra a existência, num envoltório que, dadas as circunstâncias, reflete o que sou, o que deveria e o que serei, socialmente. Há algo que freme dentro de mim... Há algo de furor que me algema a alma à vontade quase que liberta dos meus algozes perniciosos. Não mais ouso refletir sobre o reflexo que de meu ser emana ao convívio em sociedade (como fazem outros seres, via de regra), porque, se refletir a respeito fosse mortal, haveria uma hecatombe. E tudo isso se me diz impessoal. Aguardo por um trem que custa a chegar, ou nunca passará pela estação na qual me dediquei ao ofício do cumprimento, do realizável por mim: um ente menos do que um verbo por não mudar de forma; mas lhe sendo superior, uma vez pensante e pensado. Hoje, o meu pendor é desacreditar da palavra humana, pondo-a em questão ? a palavra foi responsável por isso. Não sou protagonista de qualquer história senão da minha. E eis o relevante, o agora percebido com prudência e sobremaneira resignação.