QUE PAÍS É ESTE?

O ideal é não viver preso ao passado, mas, ás vezes, precisamos voltar e relembrar acontecimentos que ocorriam tempos atrás, para fazermos um paralelo com a realidade atual e avaliarmos se houve avanço ou retrocesso social.

Neste sentido, quero destacar alguns casos para exemplo: quando uma pessoa cometia um crime e era apresentado diante das câmeras de televisão ou das máquinas dos repórteres, via-se em sua expressão facial, um sentimento de vergonha e, em muitos casos, de arrependimento pelo ato cometido. Nos dias atuais, estamos acompanhando comportamentos totalmente diferentes, onde os violadores da Lei fazem questão de sorrirem para as câmeras dos órgãos de imprensa e, quando entrevistados, dizem com total frieza que não se arrependem do que fizeram.

Durante duas semanas seguidas, estamos acompanhando mais um desses fatos, principalmente por ser transmitido em rede nacional de televisão e impresso em todos os jornais de circulação no território brasileiro - o caso do “mensalão”.  Após muitos anos de tramitação processual, várias pessoas de grande notoriedade, foram sentenciadas como sendo violadores da lei, mas, para nosso espanto, ao serem presas, não demonstraram nenhuma expressão de arrependimento ou, sequer, de vergonha. Na verdade, deixaram transparecer que haviam ganhado um prêmio, pois além do sorriso estampado no rosto, levantavam as mãos para serem ovacionados por seus familiares ou partidários, como se fossem verdadeiros heróis. Isto nos fez lembrar, uma fala da Deputada Cidinha Campos, do PDT/RJ, “de que a corrupção deste País está no DNA das pessoas”, isto é, elas já herdam este desvio de conduta ao nascerem. Este mesmo tema foi abordado na letra da música do grupo Legião Urbana, assim apresentada:

“Nas favelas, no Senado, Sujeira pra todo lado, Ninguém respeita a Constituição, Mas todos acreditam no futuro da nação. Que País é este? Que País é Este? Que País é este? 

No Amazonas, no Araguaia iá, iá, Na baixada fluminense, Mato grosso, Minas Gerais e no Nordeste tudo em paz, Na morte eu descanso, Mas o sangue anda solto, Manchando os papéis e documentos fiéis, Ao descanso do patrão. Que País é este? Que País é este? Que País é este? Que País é este?

Terceiro mundo se foi, Piada no exterior, Mas o Brasil vai ficar rico, Vamos faturar um milhão, Quando vendermos todas as almas, dos nossos índios num leilão. Que País é este? Que País é este? Que País é este? Que País é este?”

A resposta para o questionamento desta canção deixou de ser implícita, passando a ficar clara para todos nós, que é o Brasil!  Isto, por que as pessoas não acreditam mais na justiça corretiva, pois ela só funciona rigorosamente para pobres e miseráveis deste País. Para os criminosos de “colarinho branco”, isto é, os que violam a lei, mas estão em cargos do alto escalão ou possuem muitas riquezas, ela não é aplicada com o mesmo rigor, inclusive o tratamento é diferente e amparado pela própria Lei (foro privilegiado, aposentadoria compulsória, pedido de exoneração etc.).

Estima-se que atitudes como estas, mostram de forma clara o retrato fiel e característico de nosso Brasil varonil, onde as pessoas além de trazerem consigo o DNA no sangue, já incorporaram em suas condutas diárias, uma despreocupação com os órgãos de segurança pública ou com as questões de ordem judicial, sabendo que não serão presas ou, se forem, não receberão o mesmo tratamento penal rigoroso, que é dado ao pobre e miserável cidadão brasileiro. Este é o Brasil.

  

EDUARDO VERONESE DA SILVA

Professor de Educação Física

Bacharel em Direito

Especialista em Direito Militar

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