O bom de trabalhar com pessoas, de estudar o comportamento humano é que a gente escuta de tudo, vemos aquelas coisas que ninguém acredita que possa existir ou acontecer, mas aprendemos um monte com tudo isto e por vezes até conseguimos dar uma contribuição para que a pessoa reflita sobre suas colocações e quem sabe mude aquilo que está lhe gerando sofrimento.

            Outro dia uma pessoa me perguntou qual a vantagem de ser empático se empatia é se colocar no lugar do outro e isto não tem nada de bom. Na sua percepção, o colocar-se no lugar do outro era algo muito sofrido, pois via a sua vida tão ruim e a dos outros uma maravilha. Vê-se que esta pessoa não tinha o entendimento pleno do que é empatia, sem falar aqui, os sentimentos que transparecem em sua fala.

            Empatia é a capacidade de sentir o que a outra pessoa está vivendo, de colocar-se no lugar do outro, permitindo que nos aproximemos de outras pessoas e quem sabe, até nos unamos à elas. A empatia cognitiva e emocional nos leva a sentir a alegria ou tristeza que o outro está vivendo e nos mobiliza, levando-nos a ajudar o outro se necessário. Também é uma maneira de fazer com que a partir do olhar que temos para as emoções do outro, possamos olhar para as nossas emoções e refletir sobre elas.

            Refletir sobre as nossas emoções nem sempre será a melhor coisa, porque podemos descobrir sentimentos que nutrimos durante toda uma vida, que nos atrapalham e que não conseguimos nos livrar. Claro que nestes casos, sentir a alegria, a paz, a felicidade, o sucesso, a determinação do outro nos incomoda e muito.

            Muitas pessoas acreditam que têm que serem empáticos somente frente a dor do outro, claro é mais fácil, pois me dá a sensação de ser uma pessoa muito bem resolvida emocionalmente, feliz, sem problema. A empatia se dá tanto nas horas ruins como nas boas.

            O processo de empatia se forma em uma parte profunda do cérebro, nos sistemas primários de baixo para cima que estão vinculados ao afeto e ao apego e estes se misturam com circuitos mais reflexivos, de cima para baixo, que nos dão a capacidade de avaliar o bem estar do outro.

            Lidar com o bem estar do outro é algo que incomoda as pessoas invejosas, que não conseguem ver o quanto, este bem estar, lhe convida a pensar sobre a sua vida. Afinal, se o outro consegue, você também pode conseguir, desde que esteja dispostos a enxergar o que lhe impede de viver uma vida tranquila e bem sucedida.

            A empatia cognitiva nos permite compreender a maneira de ver e pensar dos outros e isto nos proporciona a oportunidade de avaliar ou reavaliar a nossa maneira de pensar; nos leva a pensar sobre a linguagem que usamos para nos comunicar e que muitas vezes pode não ser a melhor, causando um ruído na comunicação.

            Tanto a empatia cognitiva e emocional ampliam a nossa compreensão em relação ao universo e as demais pessoas. Porém, para tanto, é necessário que compreendamos os nossos sentimentos, a fim de compreender o dos outros.

            Portanto, a grande vantagem de ser empático é poder se conhecer, se descobrir através do outro e a partir daí fazer os ajustes necessários para que possa viver plenamente, sem tantos conflitos, desconfortos, insatisfações e principalmente, sem precisar projetar para o outro a responsabilidade das coisas ruins que acontecem com você.