INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA – GOIÁS

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

 

 

BETHINA FERREIRA DE OLIVEIRA FARIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES ESSENCIAIS ACERCA DA PSICOPATIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Itumbiara

2014

 BETHINA FERREIRA DE OLIVEIRA FARIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONSIDERAÇÕES ESSENCIAIS ACERCA DA PSICOPATIA

 

 

 

 

 
 

Trabalho apresentado ao nono período do curso de graduação de Direito, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Psicologia Jurídica na Faculdade Luterana de Ensino Superior.

Professora Sheila Fernandes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Itumbiara

2014

CONSIDERAÇÕES ESSENCIAIS ACERCA DA PSICOPATIA

O estudo da psicopatia se mostra imprescindível na compreensão de acontecimentos bárbaros no meio social, envolvendo como protagonistas, indivíduos com atitudes socialmente reprováveis, gerando um indiscutível sentimento de comoção social na coletividade. Observa-se, dessa forma, que psicopatas possuem um comportamento social desviante, em que a pessoa é desprovida de qualquer consciência moral, as atitudes de um psicopata demonstra completo descompromisso com o semelhante e com as normas socialmente impostas, na qual os especialistas a caracterizam como uma “deficiência significativa de empatia”.

Ao se fazer uma análise histórica acerca do tema, duas questões importantes no que tange à origem da psicopatia podem ser identificadas. A primeira aponta para o fato de que o comportamento social em epígrafe, sempre existiu na sociedade e a segunda questão revela para a presença da psicopatia nos mais diferentes tipos de sociedade, das mais desorganizadas, as mais complexas. Tais questões históricas acabam por levantar importantes indagações acerca das origens deste transtorno que até o presente, ainda provoca discussões, que é quanto a participação de elementos biológicos e sociais na determinação de comportamentos psicopáticos.

Quando se fala ou pensa em psicopatia, inicialmente tem-se a ideia de que psicopatas possuem perfis facilmente identificáveis, comportamentos, traços e atitudes peculiares que os tornam distintos, tornando simples a tarefa de reconhecê-los na prática. Contudo, a psicologia tem demonstrado o contrário, pois psicopatas enganam muito e disfarçam situações, tornando-as muito bem articuladas, fazendo com que eles sejam invisíveis diante da sociedade em que vivem.

A psicopatia é assunto de grande importância na seara da psicologia forense e do Direito, já que os portadores deste comportamento estão em sua maioria envolvidos com a criminalidade ou em processos judiciais diversos. A nomenclatura “psicopatia” é a mais utilizada tanto por doutrinadores como pelo senso comum, mas recebe ainda outras denominações, como sociopatia, personalidade antissocial, personalidade psicopática, personalidade dissocial, dentre outras.

Porém, cumpre destacar, que apesar dos termos psicopatia e transtorno de personalidade antissocial estejam relacionados, esses conceitos possuem muitas diferenças que devem ser ressaltadas. O transtorno de personalidade antissocial está presente no Manual de diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais-IV (DSM-IV TR) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A psicopatia não está incluída em nenhum desses manuais, o DSM-IV TR apresenta o transtorno de personalidade antissocial ressaltando os critérios comportamentais, no entanto, a psicopatia não é só desenvolvida por questões comportamentais, mas também interpessoais e afetivas.

O DSM-IV TR utiliza como critérios para classificar um indivíduo portador de personalidade antissocial: incapacidade de se adequar às normas sociais; propensão para enganar, usar nomes falsos ou ludibriar os outros; impulsividade ou fracasso para fazer planos para o futuro; instabilidade e agressividade; desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia; irresponsabilidade consistente; ausência de remorso, contudo, a psiquiatria forense não caracteriza a psicopatia na visão tradicional de doença mental, visto que o sujeito não apresenta nenhum tipo de anomalia, ou seja, não manifestam nenhum tipo de sofrimento psicológico.

Assim, é interessante notar, que indivíduos com personalidade psicopata possuem como principais características o fato de serem desprovidos de qualquer sentimento de culpa, remorso, sensibilidade ou senso de responsabilidade ética, além de possuírem uma grave deficiência de empatia, ou seja, a capacidade de se colocarem no lugar do outro é nula ou próxima desta, portanto, são indiferentes aos sentimentos e sofrimentos alheios, não gera em si nenhum sentimento de reprovabilidade ao mentir e o pior é não sentirem remorso ao serem desmascarados pela sua perversidade. Ressalta-se, ainda, que os psicopatas pertencem a qualquer classe social, incluindo homens e/ou mulheres, infiltrados nos mais diversos contextos culturais, econômicos, sociais etc.

Indivíduos psicopatas podem ser classificados em três categorias (leve, moderado e grave), dependendo tal nivelamento da prática de atos menos danosos, pequenos golpes ou roubos, até um perfil que utiliza métodos mais brutais e violentos, podendo cometer crimes hediondos de alta complexidade. Para avaliar e diagnosticar um indivíduo psicopata e o referido nível, o psicólogo Robert Hare, um dos principais especialistas na área, com ênfase na psicopatia, criou um método de operacionalização desse tema através do inventário da psicopatia, o Psychopathy Cheklist Revised (PCL-R), apesar de não ser o único método para tal avaliação, ele tem sido, atualmente, um dos principais na identificação da psicopatia e do seu nível.

Outro ponto que tem ensejado inúmeras discussões foram as questões levantadas a respeito da recuperação e até mesmo a cura dos psicopatas, porém, ainda não existem comprovações efetivas que afirmem com precisão que eles podem, de fato, se recuperar após um tratamento psiquiátrico ou psicológico, entretanto, muitos argumentos tem pesado significativamente em desfavor da tese de eficácia no tratamento dos psicopatas, pois, segundo estudiosos, os psicopatas não teriam a capacidade de formar vínculos emocionais para uma terapia efetiva e, portanto, não seria possível se beneficiar desta.

Argumentos que ratificam a impossibilidade de recuperação de indivíduos com traços de psicopatia, estão embasados em experiências empíricas como um estudo desenvolvido com 80 prisioneiros federais inscritos em um programa de tratamento, no qual seus resultados mostraram com consistência que os psicopatas demonstravam uma melhora clínica inferior, eram menos motivados e abandonavam o programa antes dos não psicopatas.

Apesar de não haver nenhuma pesquisa contundente que prove a possibilidade de recuperação de pessoas psicopatas, as expectativas para o futuro são promissoras, já que vários profissionais especializados tem se ocupado em pesquisar estratégias que poderão dar uma visão mais abrangente sobre o assunto, elaborando elementos para o manejo e reinserção desses indivíduos no meio social.