A Psicologia Histórico-Cultural surgiu no início do século XX, no contexto da Revolução Soviética, tendo como base o materialismo-dialético, como forma de superar a crise da psicologia. (SILVA et al, 2012). De acordo com Oliveira (1997), há três pilares importantes para entender a teoria desenvolvida por Vygotsky e colaboradores, sendo: 1) que as funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral; 2) o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre os sujeitos e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico; 3) a relação homem/mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos (OLIVEIRA, 1997).

     Essa abordagem preocupa-se em perceber o diálogo relacional entre o terapeuta e usuário, ou seja, compreender os valores, crenças e sentidos produzidos pelo sujeito. Nesta perspectiva a história do sujeito deverá ser resgatada, pontuando experiências significativas. Entende-se que as relações construídas pelo sujeito através do emaranhando de relações que estabelece, bem como a cultura onde está inserido, constituirá aspectos como a linguagem, emoções, afeições e significados, que refletirá em suas escolhas.

     Igualmente, o viés do materialismo histórico propõe a ruptura do olhar dicotômico dos indivíduos, não os vendo de forma separada, mas sim inteira; ou seja, tendo como princípio a dialética. As psicologias positivistas, nos dias atuais, ainda propõe uma visão restringida e limitada sobre a compreensão do ser humano em sua complexidade, caberá aqui salientar uma proposta teórica que ainda se faz muito atual e necessária nos dias atuais.

     Para Lima (2013 apud FRANÇA, 2011), o terapeuta deverá atentar-se na realidade na qual o sujeito vive, e como ele percebe suas experiências, nas quais possam ser questões a serem trabalhadas, proporcionando desenvolvimento da zona de desenvolvimento proximal, heterocronia, instigação, contextualização, despotencialização de ideia e comportamentos fossilizados, estimulação e potencialização do eu em cada sessão com a pessoa.

     Para Vigostki, diferentemente dos teóricos comportamentalistas, a consciência é o objeto de estudo da psicologia. Se opondo aos teóricos mentalistas, a consciência não explica tudo nem explica a si mesma, mas ao contrário, como objeto de estudo, demanda um estrato da realidade do qual seja função e que permita explicá-la.  (OLIVEIRA, 1997).

     Para Dias (2005), no contexto clínico, a teoria é utilizada na medida que  o terapeuta Estabelece paralelo entre os passos desenvolvimentais cunhados por Vygotsky e as estruturas de personalidade quanto à forma de processamento e mediação do real, à percepção do sujeito sobre sí e sobre os outros, bem como o modo de relacionamento. O processo dinâmico-relacional está centrado no intercurso das emoções e seus significados, através da análise psicológica e do desdobramento dos elementos constituintes da reação mental.

     Para o enfoque histórico-cultural, a relação emocional afetiva entre cliente e terapeuta faz parte da construção do processo de subjetivação do sujeito, e resultará num processo de mudança deste, dependendo do tipo do demanda apresentado. Os processos emocionais constituídos no processo de significação do sujeito também são importantes para o entendimento de sua história (RATNER, 1995).

     Na clínica, pensar o homem e sua complexidade de forma histórico-cultural é compreendê-lo como um ser subjetivamente atravessado por vários outros processos e relações extraordinariamente complexos de subjetivação. Dessa forma, não se pode reduzir os fenômenos subjetivos a uma organização única e padronizada (KAHHALE, 2003, pág. 201). Procure um psicólogo para saber mais sobre o assunto.

Referências.

DIAS, Maria Helena Soares Souza Marques. A psicologia Sócio-Histórica na Clínica: uma concepção atual em psicoterapiaRev. da Sociedade de Psicologia do Triângulo Mineiro, SPTM, V.9.1 n. 1 Jan/Jun 2005. Disponível em: http://www.ugr.es/~recfpro/rev102COL2port.pdf. Acesso em 02 de julho de 2014.

KAHHALE, Edna María Peters; SANCHEZ, Sandra Gaglíardí. História da psicologia: a exigência de uma leitura crítica. In: BOCK, Ana Mercês Bahia (Org.). A perspectiva sóciohistórica na formação em psicologia.Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

LIMA, Paula Márcia de; CARVALHO, Carolina Freire de Carvalho de. A Psicoterapia Socio-Histórica. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 33, n. spe, p. 154-163,    2013 .   Available from . access on  19  Sept.  2016.

OLIVEIRA, Marta Khol de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997.

___________________. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

RATNER, Carl. A Psicologia Sócio-Histórica de Vygotsky: aplicações contemporâneas – trad. Lólio Lourenço de Oliveira. Porto Alegre: Artes Médicas 1995.

SILVA, J.C., & Hai, A. A. A psicologia histórico-cultural e o marxismo: em defesa do desenvolvimento humano integral. In X Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional. Maringá, PR. Recuperado em 25 set., 2012, de: www.abrapee.psc.br/xconpe/trabalhos/1/31.pdf.