Thiago B. Soares[1]

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[1] Doutorando (PPGL-UFSCar). E-mail: [email protected]               

            A psicologia pode ter sido uma construção das ciências modernas do século XIX, contudo, desde a Antiguidade Clássica, Sócrates, Platão e Aristóteles entre outros pensadores já começaram a colocar o homem no centro das questões ligadas ao seu desenvolvimento intelectual e social na medida em que cindiam com uma mitologia estratificada para uma antropologia. Assim, a preocupação com o ser não é tão nova, porém, novo é o diálogo da Psicologia com a Educação.

            Quanto à aplicação da Psicologia educacional Klausmeier (1977) diz:

 (...) está progredindo ainda sob um terceiro aspecto: teorias e modelos de alto valor explicativo têm sido recentemente reformulados, com relação a todas as facetas da aprendizagem humana, desenvolvimento e ensino.

Sendo que um primeiro e segundo aspecto do constante progresso dessa área é o rápido desenvolvimento das teorias e a demanda socioeducacional que cada vez mais precisa de apoio. Desse modo, a aprendizagem como uma das primordiais capacidades humanas passa a constar nos estudos da Psicologia.

            Em breve revista, a Psicologia tem seu marco com Wundt e sua “Psicologia dos Povos”, em seguida o inicial Comportamentalismo de Pavlov e Watson com o papel fundamental de arregimentar provas contundentes para o estabelecimento de uma ciência com métodos e técnicas até o arrojado comportamento respondente de Skinner, nessa esfera Moreira (1999, p.62) reflete, “Tecnologia educacional, engenharia de instrução, enfoque sistêmico e outras terminologias desse tipo, hoje em desuso, refletem a grande influência do behaviorismo de Skinner na instrução”. Mesmo que esta abordagem tenha perdido crédito ao tratar da educação, não se pode perder de vista suas contribuições para a ereção de novas formas de dar suporte a educação. Prosseguindo em revista, temos Piaget com a teoria do desenvolvimento cognitivo, fundando o enfoque construtivista como diz Moreira (1999) ao desenvolver os quatro períodos cognitivos. Nesse sentido, a educação pode se pautar em estágios maios ou menos fixos para relacionar conteúdos a serem aprendidos a maturidade do educando para que assim não haja um desequilíbrio sem uma posterior equilibração. Vygotsky também construtivista se volta para o social através da teoria da mediação, na qual a aprendizagem é fator patente na intervenção da zona de desenvolvimento proximal ou potencial. Tal contribuição se vê na necessidade de uma educação volvida para práticas socioculturais e sobre as quais o ensino deveria estar pautado, pois mesmo com a ajuda de mediadores simbólicos o que vale um conhecimento senão for aplicado? Nada, diria Platão. De outra maneira, o socioconstrutivismo marca tanto o processo de ensino quanto o de aprendizagem na medida em que vincula a realidade concreta com o saber. E, ainda, a Gestalt com seu insight relacionando o todo com seus elementos constitutivos tal como sugere Moreira (1999, p. 44) “O ser humano percebe o mundo holisticamente, em todos os sentidos”, é nesse sentido que a Gestalt surge como movimento reacionário ao estruturalismo, dando, dessa forma, sua contribuição a Psicologia da Educação.  

            Ademais, a Psicanálise com os constructos de consciente e inconsciente, transferência e contratransferência cria condições de pontuar problemas no ensino-aprendizagem e outras ferramentas para auxiliar a educação no tocante pedagógico.  E mais recentemente Gardner e Perrenoud revolucionam as antigas concepções de ensino-aprendizagem, a saber, suas bases são as múltiplas inteligências para o primeiro e o segundo as competências e habilidades. Com esses aportes e outros a Psicologia educacional ganha com essas inovações, educadores e educando são os principais beneficiados.

            Dessa feita, o expresso acima é fundamental na formação que docentes necessitam, isto é, o mínimo condensado de saber o que influenciou as práticas antigas e as influencia atualmente, é, pois, com efeito, que a Psicologia da Educação deve apresentar os mais diversos recursos em amparo da Educação, e cabe ao docente avaliar os métodos que usará de acordo com seu público alvo, perfazendo um planejamento mais preciso ao perceber que quem está em suas mãos são sujeitos históricos, socioculturais com necessidades diferentes, porquanto, por mais que a educação seja universalizante o mediador do saber precisa ver cada um para atender a sociedade como um todo.  

REFERÊNCIAS

MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. EPU, São Paulo, 1999.

KLAUSMEIER, Herbert John. Aprendizagem e capacidades humanas. Trad. Maria Célia T. Azevedo de Abreu. Harbra. São Paulo. SP. 1977.