Sobre o Protestantismo:

Introdução

Para que uma estrutura se abale é necessário que essa esteja comprometida de alguma forma. O protestantismo não nasceu simplesmente do dia pra noite por conta de uma crise de rebeldia de Martinho Lutero, ou ainda por conta do seu conceito formado, erroneamente, sobre a interpretação das sagradas escrituras. O pensamento de Lutero nasce em uma época em que não só a Igreja passa a se reestabelecer após o conturbado período de conflito politico, mas já se iniciando outro conflito com o que viria a ser o Grande Cisma do Ocidente, mas a sociedade esta se recompondo da pandemia de Peste Negra.

Para compreender o que foi a Reforma, temos que compreender que diferente das outras heresias, que originavam um movimento particular, definido, que propunha rivalizar e superar a Igreja Católica, o Protestantismo foi um movimento geral, nascido dentro da Igreja e que propunha dissolve-la.  De uma briga espiritual de família, passou para uma guerra civil espiritual, resultando numa guerra civil real, onde não só na religião houve uma divisão, mas na cultura da civilização Ocidental Europeia.

Segundo Hilaire Belloc, podemos dividir o movimento da Reforma em duas partes: a primeira um conflito dentro de uma religião; a segunda uma nova cultura distinta e separada da cultura católica. Ambas com um período de tempo, segundo Belloc, de uma vida humana. O conflito entre o mundo católico e o mundo protestante veio depois, muito mais tarde, tal como já estamos acostumados.

“Homens da extrema esquerda, de Calvino ao Príncipe Palatino, ainda pensavam em termos de 'Cristandade'. James I, em sua ascensão ao trono, ao mesmo tempo em que denunciava o Papa como um monstro de três cabeças, afirmava o seu direito de pertencer à Igreja Católica.” (BELLOC).

Os Imperadores Germânicos e a Igreja

Iniciamos aqui, em 1122, com a Concordata de Worms, onde a Igreja tenta por freio na intromissão da monarquia na nomeação de Bispos, Abades e até mesmo Papas, depois dos conflitos entre o Papa São Gregório VII e Henrique IV, Rei da Germânia e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, do Papa Pascoal II e Henrique I da Inglaterra (Sogro de Henrique V, que era filho de Henrique IV, citado acima. Henrique V casou-se com Matilde, Filha de Henrique I).

Para entendermos melhor isso:

No Sacro Império Romano-Germânico, existia a nomeação do imperador por príncipes-eleitores. Poderíamos ter um Rei da Germânia que não necessariamente fosse o Imperador.

Como a questão das investiduras sempre houve um problema quanto ao sua aplicação. Sendo o Imperador considerado protetor da Igreja Católica (Desde Carlos Magno), esses se achavam no direito de se intrometer também nas questões internas da Igreja, havendo conflitos entre Papas e Imperadores.
Os imperadores, em suas investiduras (intromissão na nomeação dos cargos eclesiásticos), tendiam a fazer o jogo de interesses dos nobres que faziam parte dos príncipes-eleitores.

Eis que chegamos em 1138, com subida ao trono por Conrado III, iniciando assim a Dinastia Hohenstaufen, que mesmo após o tratado de 1122, pretendia uma restauração do Império.

Em 1152, Frederico I “Barba Ruiva” sobe ao trono como Rei da Germânia e em 1155 como Imperador, pregando uma romanização do Império novamente.

Roma passava por um período conturbado com as ideia do revolucionário anticlerical Arnaldo de Brescia e o papa Alexandre IV pede para Frederico I a intervenção. Capturado o revolucionário, o mesmo papa nomeia Frederico I rei da Itália. Desafiando a autoridade papal de Adriano IV desde o inicio do seu reinado, em 1159 apoia Victor IV, antipapa, em oposição ao verdadeiro papa, Alexandre III. Frederico I invade e destrói Milão, havendo combate armado nas cidades italianas que eram contra o poder do rei.

Frederico I enfrenta depois problemas políticos na própria Germânia, abdica em favor dos filhos e comanda a terceira Cruzada, após a tomada de Jerusalém por Saladino.

Um detalhe:

Victor IV, o antipapa, é uma tentativa de sucessão do também antipapa Anacleto II que se opunha ao papado de Inocêncio II, de 1130, assim como em 1105, Henrique V apoia o antipapa Silvestre IV em oposição a Pascoal II, por conta das decisões tomadas contra as investiduras.·.

Chegamos em 1211, com a nomeação de Frederico II como Rei da Germânia, e em 1220, Imperador, onde concedeu poder secular aos Bispos da Germânia em troca do apoio a coroação de seu filho Henrique VII ao reinado.
Henrique VII é proclamado rei em 1231 e junta-se a Liga Lombarda, um conjunto de 30 cidades da Itália setentrional que se opôs contra Frederico I, contra seu pai. A rebelião falhou e Frederico vence a batalha contra a Liga Lombarda em 1237, rejeitando as propostas de paz.
O que acontece é que essas cidades-estados eram parte dos Estados Pontifícios e Gregório IX excomunga Frederico II em 1239. Os conflitos se intensificam, Frederico queria conquistar toda a Itália, anexou os territórios Pontifícios e se fez chefe deles.
Com a morte de Gregório IX, Frederico II retira suas tropas de Roma. Assume Inocêncio IV, em 1243, que lutou bravamente contra Frederico II e por isso precisou se exilar na França, voltando após a morte do Imperador em 1250.

“Como tão frequentemente acontece, um terceiro se beneficiou do violento duelo dos outros dois. E este foi o rei da França, que agora se tornava a principal força e, por setenta anos, isto é, durante maior parte do século XIV (de 1307 a 1377) o papado se tornava uma coisa francesa. [...]” (Idem).



O Grande Cisma


O Grande Cisma do Ocidente fora um período que durou cerca de cem anos (1378-1417, mas considerando a transferência do papado à Avinhão, em 1309, onde começa a se criar o abalo na estrutura) onde sua história descrevo abaixo:

O cativeiro de Avignon

Tudo se inicia com os conflitos ativos do clero e nobreza, em especial entre o Papa Bonifácio VIII e Guilherme de Nogaret. Nogaret fora enviado pelo rei Filipe IV da França, esse neto de São Luís, para tratar de assuntos diplomáticos (Filipe IV era laicista e defendia também a transferência da Santa Sé à Avignon), tendo havido um mal estar entre o papa e o chanceler (1300). Em resposta o Papa Bonifácio VIII publica a bula Unam Sanctam (1302), a respeito do poder do papa tanto no âmbito espiritual quando temporal. A bula suscitou a ira do rei da França e Nogaret, junto a alguns inimigos do papa, prendeu-o em seu Palácio em Anagni (7 de setembro de 1303). Os habitantes da cidade vão em socorro do papa que falece em 11 de outubro do mesmo ano.
É eleito então Pierre-Roger de Beaufort, o Papa Gregório XI que retorna a Santa Sé para Roma em 1377 e falece um ano depois.

É convocada a conclave, que definiria não só o novo papa, mas a continuidade em Roma ou transferência do papado para Avignon. Bartolommeo Prignano, Arcebispo de Bari, é escolhido, tomando o nome de Urbano VI, com a aprovação do seis cardeais franceses de Avignon. Porém, foi contra o desejo de restaurar a sede papal em Avigon, faz duras críticas ao Colégio dos Cardeais, ocorrendo um embate entre eles, resultando na retirada dos cardeais italiano à Fonti, sob proteção da Rainha de Nápoles, Joana I, elegendo em uma reunião com os cardeais franceses, Roberto de Genebra como novo papa, assumindo como Clemente VII, que assumiria, posteriormente, sua residência em Avigon. Iniciava assim, o cisma.

“Essa mudança (ou melhor, esse interlúdio, pois a mudança não foi permanente) aconteceu justamente no momento em que o espirito nacional estava começando a se desenvolver em várias regiões da Europa e particularmente na França. Além disso, o caráter francês do papado chocou as consciências de então. O papado devia, por natureza, ser universal. Que fosse nacional, era chocante para a Europa Ocidental daquele tempo.” (Ibidem)

Parte das famílias reais Europeias apoiou o antipapa, entre elas, França e o reino de Nápoles.

Bonifácio IX sucedeu Urbano VI, em Roma, 1389, e Bento XIII (ou Papa Luna, não podendo ser confundido com o Bento XIII, que foi papa legitimo de 1724 a 1730), Clemente VII, em 1384.
Ao assumir o papado de Avignon, Bento XIII aceito a condição dos cardeais de que, se necessário, abdicaria para resolver o cisma, mas voltou atrás quando os cardeais abriram negociações, em 1395, fazendo a Igreja da França retirar o seu apoio a Avignon, em 1398, ficando privado de comunicação com seus apoiadores a mando do rei da França, fugindo em 1409 para as terras de, seu também apoiador, Luís II, Duque de Anjou. Tentou abrir negociações com Bonifácio IX, em vão. Inocêncio VII sucedeu Bonifácio IX e nada se resolvera.

Enquanto isso...

Ao passo que nada se definia quanto ao cisma, Inglaterra e França iniciavam uma guerra dinástica, com inicio em 1334 e que terminaria em 1452, ficando conhecida como a Guerra Dos Cem Anos (não que houve linearmente guerra em todo esse período).

O estopim dos conflitos se da pelo trono entre a dinastia francófona, da Inglaterra e a dinastia Capetiana, da França. O que acontece é que a sucessão francesa se dava de pai para filho, até surgir uma nova disputa pela sucessão e Eduardo III, rei francófono inglês, reclamou o trono da coroa francesa apelando à sua mãe, que era irmã de Carlos IV, rei da França, que falecido, que não tinha filhos. Porém, mulheres não podiam herdar e nem transferir a monarquia francesa, conforme as leis daquele país. O rei Filipe, capetiano, era primo do rei francês falecido e assim reclama o direito a coroa. Inicia ai uma disputa entre o rei Eduardo e o rei Filipe pela cora francesa.

Entre conflitos e tréguas e depois, a Peste Negra, o conflito reacende com a acessão da dinastia lancastriana ao poder.

Ao fim da guerra, os sentimentos nacionais estavam ainda mais fortalecidos e a Peste Negra deixou marcas em toda a Europa, tanto na estrutura física, quanto política e religiosa. Revoltas, movimentos revolucionários, e o horror tomavam aquela sociedade em total desespero.

Em meio a todos estes conflitos, estava o papado, que se dividia e dividia a população. Além de cada país apoiar, por questões políticas, cada qual uma metade, temos também os exemplos de S. Vicente Ferrer apoiando Bento XII e Santa Catarina de Sena, Gregório XI.

O cisma continuava, Gregório XII sucede Inocêncio VII em 1406 e em 1409, movidos pela ideia herética de que o concilio é superior ao papa, podendo assim, julgá-lo, condená-lo e até depô-lo, alguns cardeais, em uma tentativa de acabar com o cisma, iniciam o Concilio de Pisa, onde ambos os papas aceitavam abdicar ao papado, mas voltaram atrás quando concilio nomeou Pietro da Candia como papa, assumindo como Alexandre V.  Um ano depois, com o falecimento de Alexandre V, assumi João XXIII ( sim, João XXIII, nome que seria escolhido novamente em 1958 por Angelo Roncali, sucessor de Pio II, beatificado em 2000 pelo também beato João Paulo II).

Gregório XII em Roma, Bento XIII em Avignon e João XXIII em Pisa e em 1414 é convocado o Concilio de Constança, onde houve a abdicação dos três papas e a nomeação de um novo, Martinho V. O concilio não só colocou fim ao cisma, mas também decretou herética a ideia conciliarista, assim como declarou herege John Wycliffe (que já havia falecido em 1384), Jan Hus e Jerônimo de Praga.

Wycliffe, Jan Hus e Jerônimo de Praga.

Como já foi dito, em meio todos esses eventos, principalmente no auge da Peste Negra, movimentos revolucionários se levantaram e, agravado pelo espirito nacional que se consolidava, o alvo desses movimentos eram a Igreja. Explico:

A Peste Negra ocorreu em meio a uma guerra entre Inglaterra e França. O papado era considerado, uma vez com a sede em Avignon, algo francês e não mais universal.

Wycliffe sendo Inglês passa a criticar a papa de Avignon, e entre suas ideias está a pobreza total do clero, a superioridade do rei ao papa e o confisco de bens da Igreja pelo Estado. As ideias logo se difundem principalmente pela nobreza. Logo a ideia ultrapassaria o campo politico para o popular, consolidando cada vez mais o espirito nacional. Pra melhor situar o tempo, o papa da época é Gregório XI, que havia retornado a sede da Igreja de Avignon para Roma, ou seja, não havendo ainda de um antipapa em Avignon, que só ocorreria um ano depois. Wycliffe escreveu nessa época dezoito teses que foram condenadas pelo papa Gregório XI logo que retornou a Roma.

Wycliffe começa a idealizar o que seria a Sola Scriptura de Lutero:

"A verdadeira autoridade emana da Bíblia, que contém o suficiente para governar o mundo" (De sufficientia legis Christi, WYCLIFFE, John).

 

A adesão ganha mais proporções ao traduzir a bíblia para o Inglês, até mesmo de padres, chamados de Lolardos.

Jan Hus

Jan Hus era da Boêmia, ordenado padre em 1401, passou a conhecer as ideias de Wycliffe e consolidou isso quando conheceu Jerônimo de Praga.
Com Hus as ideia ganharam proporções maiores. Suas ideias na verdade eram as mesmas ideias de Wycliffe, mas contextualizado à realidade da Boêmia.
Com o fim do cisma, Jan Hus foi condenado por heresia e sua morte fez com que novas seitas surgissem. O rei da Boêmia e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Sigismundo repreendeu e ameaçou as revoltas que começavam a surgir pela morte de Hus, mas isso só piorou a situação. Houve conflitos entre as seitas e a Hungria intervém na situação, a pedido do Papa Paulo II, em 1468.

Os conflitos estavam de certa forma, terminados, mas o espirito de uma reforma estava acesso, o espirito nacional se expandia, e muitos erros dentro da Igreja continuavam, mesmo diante dos esforços dos papas.

A falta de memória das pessoas e o esquecimento do passado, que acabaram levando a dar credibilidade a documentos que na época eram dados como verdadeiros e que posteriormente, foram provados como falsos, como inúmeros decretos; uma quantidade enorme de falsas relíquias, onde uma mesma relíquia dada como única se encontravam espalhadas pela Europa; a má formação do clero e seu mundanismo, onde os interesses temporais eram maiores do que os eternos; o mau exemplo dos papas, em seu pior caso, de Alexandro VI e sua família, os Borgias. Tudo isso agravou ainda mais aquela sociedade, que se não conseguia se recuperar de uma crise e logo se encontrava em outra.

“A situação era, então, a seguinte: não havia ninguém nascido entre os anos 1450-1500 que não considerasse, naquela época crítica de 1517, quando a explosão aconteceu, que alguma coisa devia ser feita, e quanto mais íntegro e mais culto era o individuo, mais ansioso estava para que algo fosse feito- tal como não há ninguém vivo atualmente, sobrevivente da geração nascida entre 1870 e 1910 que não saiba que algo drástico deve ser feito na esfera econômica se quisermos salvar a civilização.” (BELLOC).

 

Martinho Lutero

Eis que em 1517 surge Martinho Lutero, padre e vigário da ordem agostiniana, doutor em teologia, com suas 95 teses. Existe um impasse historiográfico quanto ao fato de Lutero ter realmente pregado suas teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg ou se fora enviada as autoridades eclesiais.

Lutero em nenhum momento pensou em fundar uma religião. Queria, sim, uma reforma, uma mudança naquela realidade que vivia. Tanto que, das 95 teses, o papa Leão X pediu que excluísse 41, porém, em acordo e visando os interesses da nobreza alemã, Lutero não volta atrás e acaba atestando sua excomunhão.

Lutero começa a formar suas ideias quando se depara com os abusos e desobediência de John Tetzel quanto a cobrança de indulgências, mas, diferente do que se espalhou, não atribui ao papa o problema e nem mesmo se diz contrário a indulgências, como podemos ver na tese nº91:

90. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

 

E na tese nº 50, 51 e 53:

50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

 

51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

 

Fica evidente que Lutero se rebelou, nesse aspecto, não contra a Igreja, mas contra a atitude do monge John Tetzel, que era contraditória com a posição oficial da Igreja quanto às indulgências.

Mas com o passar do tempo Lutero foi mudando seu discurso, cada vez mais distante de uma conciliação de ideias.

A Alemanha era uma nação rica, porém, era humilhada por outros países. Não havia nela uma hegemonia politica e a nobreza se via insatisfeita com a submissão ao papa e o pagamento de tributos a Roma.

Os efeitos do renascimento nórdico, como o desenvolvimento da impressa, fizeram com que as ideias de Lutero se expandissem rapidamente.

Em pouco tempo surgiu lideras das ideias de Lutero em outros países, como Zuínglio, na Suíça e Calvino na França.

Lutero e Zuínglio não havia liderado nenhum movimento contra a fé católica. Porém, logo que Zuínglio passou a propagar suas ideias, que viriam criar terreno para a propagação do Calvinismo, começou a surgir novos grupos que discordavam de alguns pontos de Zuínglio. Assim surgiram os Menonistas. Outros divergiam quanto a ideia de batismo e assim surgiram os Anabaptistas.

O problema do anti-Igreja veio com João Calvino, onde seu pai havia sido excomungado pelo Bispo de Noyon por peculato, confiscando a maior parte da renda, que Calvino também desfrutava. Calvino usou das ideias de Lutero e Bucer para criar, além de uma nova doutrina cristã, uma nova forma de governo estatal e eclesiástico. Apesar de usar das ideias de Lutero, os dois nunca chegaram um total acordo. Enquanto Lutero queria reformar a Igreja Católica, Calvino achava que era impossível, sendo melhor criar uma nova Igreja. Lutero acabou perdido em suas ideias, saindo do ideal de reforma e levantado a doutrina da Sola Scriptura.

“Em meados do século XVI, portanto, havia três variedades de religião estatal do Ocidente: o catolicismo papal, o cristianismo estatal (luteranismo) e a teocracia calvinista. As três, ao menos em teoria, eram universalistas em seus objetivos: anteviam um futuro e até certo ponto trabalhavam por ele, em que suas doutrinas e instituições seriam impostas a toda cristandade. Cada qual apresentava um vinculo orgânico com o Estado em que existia.” (JOHNSON).

Ao passo que o calvinismo se expandia pela Europa, as guerras religiosas eclodiam e mais divisões ocorriam entre os próprios movimentos ditos reformadores, como aconteceu no Anglicanismo. Após queimar os escritos de Lutero, Henrique VIII, depois de negado, pelo papa Clemente VII, o pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena, confiscou todos os bens da Igreja no reino e passou a ser o chefe civil e religioso.

Podemos considerar Igrejas Protestantes aqueles que surgiram da Reforma, como a Luterana, Calvinista/Presbiteriana e Anglicana. As demais foram variações dessas que se dividiram em outros grupos menores por divergências politicas e culturais, onde o fator religioso teológico pouco importava.

Bibliografia:

BELLOC, Hilaire. As grandes heresias, Rio de Janeiro: Ed Permanência, 2009.

JOHNSON, Paul. História do Cristianismo, Rio de Janeiro: Imago, 2001.

http://www.espacoacademico.com.br/034/34tc_lutero.htm  acessado as 19hs do dia 14/04/2014