Proposta do Modelo pedagógico para o 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral e para o Programa do Ensino Secundário á distância (PESD), usando as TIC’s, “O caso da Escola Secundária da Manhiça”

Armindo Alberto Maulele[1] & Joao Zacarias Alberto Langa[1] & Joao Zacarias Alberto Langa[2]

Resumo

O presente trabalho, tem como objectivo propor o uso das Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC’s) no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral, assim como no PESD, o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), desempenha papel de apoio a aprendizagem no ensino presencial e assume papel principal de sala de aula no ensino a distância. O PESD, é baseado em material impresso, produzido e enviado até as Escolas pelo Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) via Direcção Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano (DPEDH) de cada província, apesar de as Escolas possuírem os módulos em formato digital. Esta forma de produção de material é questionada por ser bastante cara quando comparado a disponibilização do material em AVA. A metodologia básica usada para o alcance dos objectivos deste trabalho foi a metodologia qualitativa, auxiliada pelas seguintes técnicas de pesquisa: Pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, e trabalho de campo. Concluímos que o uso do modelo deve ser definido de acordo com a tecnologia a ser utilizada na interacção professor aluno e aluno escola fora da instituição escola, o que acrescenta qualidade ao PESD. Como forma de minimizar os custos e adequar o PESD á educação tecnológica, e a globalização, Sugerimos o uso do modelo pedagógico e a transição do PESD no sistema modular em vigor para o uso de AVA.

 

 1Introdução 

O uso das TIC’s na Educação permite largas possibilidades de aprendizagem e de abrangência em termo de números de alunos e aumento da capacidade das Escolas, já que o professor e o aluno não precisam de estar no mesmo lugar geográfico para que a aula decorra, eliminando, desta forma, a distância física. (BR nr 49, I Série, de 12 de Dezembro de 2000).

A actualidade do ensino à distância (EAD) em Moçambique é caracterizada pelo uso do material impresso, apesar de haver experiências de ensino baseado em plataformas de aprendizagem em muitas instituições de ensino superior. Relativamente aos materiais impressos, este facto faz com que se levantem questões de custos de reprodução, transporte e disponibilização aos alunos em tempo útil.

 A conjugação de diferentes recursos tecnológicos, como, as plataformas de aprendizagem, livros, CD-ROM, material audiovisual e vídeo não é muito explorada, o que poderia contribuir para a redução de custos de reprodução e distribuição de materiais, “ESTRATÉGIA DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA 2014-2018 “.

A disciplina das TIC’s é leccionada a partir do 2° Ciclo do Ensino Secundário Geral (11ª e 12 ª Classes). Se a introdução fosse no 1º Ciclo (8 ª 9 ª e 10 ª Classes) e no PESD (Programa do Ensino Secundário Geral á Distância), poderia contribuir para a redução dos custos de produção dos materiais instrucionais, bem como permitiria o uso e domínio destas plataformas digitais quer pelos professores quer pelos tutores do Ensino à Distancia, minimizando, desta forma, maior parte dos problemas por que passam as escolas moçambicanas e em particular a Escola Secundária da Manhiça.

O presente trabalho tem como objectivo propor o uso das TIC’s tanto no 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral, como no PESD na Escola Secundária da Manhiça.

Quanto à estrutura, o trabalho apresenta, além do historial do EAD em Moçambique, a revisão da literatura na qual se contextualiza, se busca o suporte teórico e, à posterior, se discutem diversos pontos de vista em torno do tema em estudo com o foco na realidade da Escola Secundária da Manhiça e, para finalizar, a construção do modelo da plataforma que se propõe que a escola use.

2- Breve Historial do Ensino à Distância em Moçambique

Segundo Neeleman & Nhavoto (2003), em 1980 foi criado dentro do INDE o DED (Departamento do Ensino a Distância), o que culminou com a introdução do termo  ”Ensino a Distância” em Moçambique, já que outrora era chamado de ensino por correspondência;

Em 1987, o DED deixou de existir como departamento do INDE e foi integrado, no Departamento de Formação em Exercício de Professores do Ministério da Educação. Com esta mudança, a Educação a Distância passou a ser uma modalidade apenas para a formação de professores. No ano 2000, foi criado o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia. E em seguida no ano de 2001, foi criada a comissão interdisciplinar: (MINED/MESCT 2001) com a tarefa de desenhar a estratégia do ensino á distância para todos os níveis de ensino no pais, Ao desdobrar a sua visão, a comissão já não se interroga sobre se Moçambique deve ou não introduzir a educação à distância. O debate é colocado noutros termos: Moçambique não será capaz de realizar a expansão e diversificação das oportunidades de educação que o Governo preconiza sem recorrer à educação à distância de qualidade. A questão, portanto, passa a ser: como introduzir a educação à distância. Em 2005, o MEC (Ministério de Educação e Cultura), procurando adequar os seus objectivos às exigências do país, criou o IEDA (Instituto de Educação Aberta e à Distância, capitalizando as experiências do então IAP – Instituto de Aperfeiçoamento de Professores e do já extinto DED, o IEDA tem como missão, promover a formação à distância de professores em exercício e de cidadãos não cobertos pelo sistema do ensino presencial e ou outros com outras necessidades, o IEDA é responsável pelo PESD.

O historial acima descrito, visa demostrar que, o ensino a distância em Moçambique evoluiu ao longo do tempo e sempre que foi pertinente e necessário, novas maneiras de ser e estar foram introduzidas, e os programas adequados a nova realidade, Como vemos, a utilização das TIC’s é associado à Educação tecnológica, enquanto processo, dirigido e exercido para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade, atinge o pleno quando a aprendizagem da técnica (conjunto de procedimentos que constituem uma arte ou um ofício) e assimilado em paralelo com a tecnologia como processo do estudo dos procedimentos técnicos em geral, GARCIA (1997).

A Estratégia da Educação à Distância 2014-2018, aponta como sendo um dos pontos fracos do ensino à distância em Moçambique o não uso das TIC’s, a falta de conjugação de vários recursos tenológicos disponíveis, pode tornar o PEA nesta modalidade de ensino não atractivo.

3-Funcionamento do PESD na Escola Secundária da Manhiça

Nesta subsecção do trabalho, os pesquisadores deslocaram-se ao Núcleo do Ensino à Distância na escola acima mencionada com o propósito de compreender a dinâmica do Ensino à Distância naquela Instituição. Segundo o gestor do programa do Ensino a Distância na escola em causa, este funciona no sistema modular, com quatro dias de aulas presenciais e obrigatórias (tutorias) para a 8ᵅ e 9ᵅ classe, e 5 dias de aulas presencias e obrigatórias (tutorias) para a 10ᵅ classe.

As tutorias diárias contrastam com as vantagens de um aluno estar no PESD, precisa de ir a escola todos os dias, não vai poupar muito em transporte e fica sem tempo para trabalhar ou aplicar se em outras coisas úteis á sua vida, por estar empenhado a tempo inteiro na Escola e nas tarefas Escolares.

Na nossa maneira de ver, se fosse introduzia o AVA, os alunos do PESD na Escola, não precisariam de deslocar-se para a escola todos esses dias, pós eles poderiam acompanhar as aulas através da plataforma, a partir das suas casas ou de outros pontos que ofereçam melhores condições de acomodação, o que também poderia reduzir o número de dias para as tutorias presenciais, e os alunos inscritos poderiam desfrutar das vantagens do PESD.

Os materiais instrucionais são impressos pelo Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, embora a Escola receba via direcção provincial de Educação e Desenvolvimento Humano os módulos em formato impresso e digital; a Escola tem tido grandes problemas de falta de módulos, de um lado porque o número de alunos aumenta de ano para ano, e do outro lado as deploráveis condições de conservação, pois o Núcleo está desprovido de mobiliário. Aliado aos factos atrás mencionados, ainda correlação aos materiais impressos, os alunos, não os devolvem, obrigando os tutores a criarem grupos de partilha dos poucos materiais existentes tanto na escola, como nas zonas de proveniência em função da proximidade das respectivas residências. A fonte acrescentou ainda que os módulos que mais tendem a escassear são de Português e Matemática, da 8ᵅ e 9ᵅ classes, respectivamente.

Se os professores e os alunos no PESD estivessem a usar a plataforma virtual de aprendizagem, o custo de produção e impressão dos materiais poderia ser reduzido uma vez que os módulos no formato digital que a escola possui, iam ser colocados na plataforma no espaço dedicado a cada disciplina. Em caso de dúvida os alunos poderiam rever a aula.

Outro aspecto negativo é o facto de na Escola, e no núcleo haver falta de módulos das disciplinas básicas (Português e Matemática) o que pode contribuir para que os alunos, transitem de uma classe para outra sem saber ler e escrever correctamente e nem realizar as principais operações básicas com precisão, o que pode validar a ideia de que as dificuldades assumidas pelo professor como sendo do sistema acabam tendo grande impacto na qualidade do aprendizado adquirido.

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