As gestões urbanas voltadas para a mobilidade e transporte urbano devem ser pautadas, primeiramente, ao acesso, segurança e conforto do pedestre. Neste ponto deve-se ressaltar a necessidade de calçadas amplas, seguras e adequadas de pavimento. O objetivo do presente estudo é determinar a viabilidade de converter as ruas do centro de Manaus em vias para pedestres sem comprometer o tráfego de veículos de cargas e quem precisa passar pelas ruas. As ruas escolhidas foram as ruas Barroso e Saldanha Marinho. A metodologia utilizada vem da equação do Highway Capacity Manual (HCM) do ano de 2000. Essa equação baseia-se no espaço disponível por pedestre em que pode ser determinado em campo, dividindo-se o número de pedestres que ocupam uma determinada área da calçada em um determinado tempo pela área. Os resultados apontaram que nas duas ruas em que foram levantados os dados, calcula-se a média de 30 pedestres/minuto/metro, o que implica, que o espaço nas calçadas das ruas Barroso e Rua Saldanha Marinho é suficiente para velocidades normais de caminhada e para desviar de outros pedestres, no entanto, não para qualquer direção em função do espaço ocupados por carros, ambulantes e outros obstáculos nas calçadas.

1 INTRODUÇÃO

O deslocamento a pé é um dos mais importantes modos de transporte urbano (FERRAZ; TORRES, p. 26, 2001). Seja nas pequenas cidades ou metrópoles, o raio do centro das cidades era curto e tinha-se uma caminhada aceitável das pessoas para fazer as atividades diárias. Gehl (2013) argumenta que a maioria dos centros urbanos mede um quilômetro quadrado, o que permite aos pedestres alcançar todas os serviços urbanos andando um quilômetro ou menos. Vasconcellos (2005) ressalta que para haver deslocamentos das pessoas e as cargas sejam transportadas, é necessário haver uma infraestrutura física na cidade que permita a circulação a pé ou por meio de veículos. Logo, as vias para pedestre, é uma maneira de valorizar o pedestre no consenso do trânsito em desvantagens a outros modos de transporte urbano. No Brasil, foi somente no ano de 2012 sobre a Lei nº 12.587/2012 com a política nacional de mobilidade urbana passou a exigir que os municípios com população acima de 20 mil habitantes elaborassem plano de mobilidade urbana, com a intenção de planejar o crescimento das cidades de forma ordenada. Assim, essa lei determinou que os planos priorizem o modo de transporte não motorizado e os serviços de transporte público coletivo Em Manaus, com uma população estimada em 2.130. 264 milhões (IBGE, 2017), a cidade manauara cresceu e o transporte público não acompanhou esse crescimento. Com o aumento do número de automóveis, a histórica gestão da ineficiência do serviço de transporte público em infraestrutura e operação, a cidade sofre com pesadas consequências, na mobilidade não motorizada e transporte público de passageiros. No ano de 2015, segundo o Plano de Mobilidade Urbana de Manaus (PlanMob), foi realizado um levantamento da discriminação das calçadas e passeios públicos. Essa discriminação foi baseada em dois indicadores: condição física do passeio e largura do passeio. Os resultados apontaram que 49% das calçadas de Manaus necessitam de reconstrução do pavimento e guias, na retirada de pequenas obstruções, tais como floreiras, degraus, saliência e pequenas rampas para automóveis (PlanMob, 2015). A infraestrutura que o pedestre necessita para circular, requer planejamento e espaço disponível separadas do tráfego de veículos motorizados. Essas infraestruturas para pedestre podem ser variadas, como: passarelas, calçadas, caminhos compartilhados entre pedestres e bicicletas ou passagens para pedestre em interseções semaforizadas. As ruas escolhidas para torna-se vias exclusivas para pedestre são as ruas Barroso e Saldanha Marinho, especificamente parte delas em pontos específicos de interseções. Nas ruas em questão, há vários comércios varejistas e atacado de têxtil e calçadistas e, principalmente o comércio de ambulantes que ocupam calçadas. As ruas são locais e, pelo que se pode observar, tem suas faixas predominantes para estacionamento e baixo tráfego de veículos. Além disso, a transformação dos trechos das ruas em vias para pedestres somaria com outras vias de pedestre já transformadas em gestões municipais anteriores, aumentando ainda mais as áreas de pedestres no centro da cidade de Manaus. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo é determinar a viabilidade de converter as ruas em vias para pedestres, não comprometendo o tráfego de veículos de cargas e quem precisa passar pela área, bem como, apontar as características da mobilidade a pé que seriam necessárias para sua implantação. [...]