Data: 24.02.99, horário: 18:00 horas, “Viuvar”:

Ao deixar a Delegacia-Geral no final da tarde encontrei Walter sentado na recepção, atrás do balcão, junto à portaria e assistindo televisão. Parece que houve um esvaziamento, as pessoas simplesmente estavam sumidas. . Soube que Guinevere retornou para o quarto andar para atuar no setor de informática. Osnelito conseguiu lotação na Segunda Delegacia do Saco dos Limões (Florianópolis), mais próximo da sua residência. O Delegado Coimbra foi desligado do Gabinete de sua madrinha Delegada Lúcia. O Delegado Luiz Gonzaga Schmidtz (Schmitão) conseguiu se aposentar. Restaram as telefonistas e algumas empregadas terceirizados:  

  • E daí Walter, como vão as coisas?
  • Tá tudo do mesmo jeito, só tiraram uns, não para colocar outros,  só mudaram de lugar.
  • Sim, então continua tudo “guarda-chuva velho”?
  • É. eu já te disse vou ficar na minha, não quero mais saber de política.
  • Vamos esperar que o Amin coloque os salários em dia, esse negócio também de dizer que está pagando os vencimentos antecipados tá por fora.
  • Mais ele está pagando antecipado.
  • Sim, mas espera aí, e os vencimentos de outubro, novembro e dezembro?
  • Isso é atrasado, é do outro governo.
  • Pois é, mas é o Estado que deve não o governo, na verdade continua a dívida com os servidores, então que falem a verdade.
  • Ah, sim.

(...)”.

Data: 25.02.99, “O Tucanato”:

A Secretaria de Justiça e Cidadania, como sobra, ficou para o PSDB – partido dos tucanos que vai comandar o “patinho feio”: o sistema prisional. O Governador Amin adotou a mesma estratégia que Paulo Afonso concedendo essa Pasta problemática para algum partido aliado. E, parecia que os “Tucanos” iriam repetir o mesmo filme do PDT á frente do sistema prisional:

Frases

‘Jaime Duarte não é dono de nada. A secretaria é do partido e não dele.’

Jorginho Mello, deputado Estadual (PSDB), que disputa em chapa de oposição ao secretário de Justiça e Cidadania o comando do partido no Estado.

(‘A Notícia’, Celso Machado -  Apontamentos -, Opinião, pág. A-2)

“Anita Garibaldi”:

Premiados

Acordo que está sendo negociado nos bastidores da Assembleia Legislativa pode resultar na eleição dos deputados Onofre Agostini para a presidência da Comissão de Justiça, Jaima Mantelli para a Comissão de Fiscalização e Ciro Roza para a Comissão de Serviços Públicos. Só falta os deputados do PMDB, PDT, PSDB e PFL indicarem agora o deputado Jorginho Mello para a Medalha do Mérito Anita Garibaldi.

(‘A Notícia’, Moacir Pereira, 25.02.99, A-3)

“Julio Teixeira em ritmo de novas aventuras”:

E, quase que por ironia, na mesma coluna o jornalista Moacir Pereira narrava as “novas” aventuras do nosso “novo” Secretário- Adjunto dos Transportes:

Telegráficas

O secretário-adjunto dos Transportes, Julio Teixeira, do PFL, viajou a Cerro Negro para participar da campanha a prefeito do candidato do PPB, vereador Antônio Duarte.

(‘A Notícia’, Moacir Pereira, 23.2.99, pág. A-3)

Data: 09:45 horas, “O Procurador Ézio Miguel da Luz”:

Ézio era Procurador do Estado aposentado (antes passou vários cargos na Polícia Civil onde começou sua carreira profissional). Seu filho seguiu a carreira de Delegado de Polícia. A telefonista Glória veio me comunicar na sala do Osnelito (que já não estava mais na função e muito menos no cargo de Gerente de Jogos e Diversões) que havia uma ligação telefônica me aguardando. Logo que atendi a ligação pude ouvir do outro lado da linha aquela voz grave, cheia de reverências, imponência:  

  • Alô!
  • Doutor Felipe, pensei que iria assumir o cargo de Delegado-Geral?
  • Não! Nem pretendia.
  • Mas foi convidado?
  • Não! Não fui convidado para cargo algum, e também não pleiteei. Ézio se eu sempre combati a ingerência política, essa corrida atrás de cargos,  essa politicagem, como é que eu iria rasgar tudo aquilo que sempre combati, como iria ser contra tudo aquilo que eu sempre defendi, contrariando meus princípios, transformando a minha instituição num “boi de piranha”, não dá, poderia até ter me articulado politicamente para conseguir algum cargo, mas não era isso o que eu queria, não sei se tu sabes, trabalhamos num projeto justamente para minimizar as ingerências políticas, mas acho que o Amin não teve coragem de assumir reformas dessa magnitude.
  • Sei...
  • Mas diga lá!
  • Eu tentei falar com o Braga, mas como é difícil falar com esse homem.
  • Ele chega por volta de nove e trinta, mora lá no Ribeirão, tem que vir de ônibus, pega engarrafamento no Sul da Ilha e fica até uma dezessete horas.
  • Ah, sim, ele tem um horário especial.
  • É porque ele chega por volta de nove e fica direto até umas dezessete horas. Depois está com o tempo para se aposentar estourado.
  • Sim.
  • Mas Ézio no que eu posso te ajudar?
  • Eu não queria te incomodar.
  • Ézio você não incomoda, o que é isso?
  • Tu podes me dizer se existe algo de concreto realmente de que no mês de março, não digo o Moreto, mas o Secretário, se vão remover todos os Delegados Substitutos da Capital?
  • Olha, eu vou ser sincero, eu desconheço qualquer coisa nesse sentido, não sei de nada mesmo nesse sentido.
  • O meu filho está lá em Bom Retiro e tem que vir todo final de semana para cá, tem um filhinho e sabes como é?
  • Mas qual é a fonte, bom se tu não puderes me declinar a tua fonte, pelo menos me diz como é que recebestes essa informação, ela é quente?
  • Sim, no mês de março eles querem dar uma mexida geral.
  • Pois é, eu posso até omitir informações por questão de postura ética, mas não vou mentir, sobre isso que tu me perguntasses eu não sei nada, se vão tirar os Delegados Substitutos, mas que eu saiba não cabe remoção a pedido para Delegado Substituto.
  • Tu achas é?
  • Sim. Nada impede que seja requerido, o direito de petição está consagrado, no entanto, a administração pode remover os Delegados por conveniência do serviço, pois eles não tem a garantia constitucional da inamovibilidade, no entanto, como tu sabes muito bem, o ato tem que ser motivado, mesmo em se tratando de Substituto.
  • Eu até pensei em falar com o Moretto, falei com a Secretária dele, são duas, uma de manhã e outra à tarde.
  • Eu acho que é por aí, ele é uma pessoa muito acessível e talvez não haja possibilidade de lotá-lo aqui na Capital, no entanto, pode ser colocado em São José, Palhoça, Biguaçu.
  • Claro, é isso aí!
  • Olha Ézio eu já passei por essa situação e sei como é difícil, por isso não sou tão radical, em se tratando de Substituto há possibilidade de uma maior movimentação, o que não é o caso do Delegado de Entrância, podes procurar o Moretto a qualquer hora, não sei se vai se eficaz, mas tenho certeza que ele vai te atender bem, faz o seguinte, vai ‘ex improviso’ no quarto andar e conversa com a secretária dele para ver se pode te receber, se for possível ele te atende na hora.
  • Mas tu falasses eficaz por quê?
  • No sentido de que ele pode não te dar uma resposta imediata ou não atender o teu pedido, mas tenho certeza de que ele vai conversar contido e vai ser franco.
  • Sim, eu também tenho que conversar com ele sobre a situação financeira dos Delegados, a gente como integrante da PGE tem acesso a informações que vocês Delegados não têm,  nem o Delegado-Geral vai conseguir isso lá com os Procuradores, são herméticos.
  • Sim, é o corporativismo.
  • Sim, e existe uma movimentação silenciosa que tem como objetivo suprimir vantagens.
  • Tu falas da isonomia de Delegados e Procuradores? Sim, eu sei que o Amin vai acabar com isso, aquela negociação na época da Hebe Nogara vai para o saco, isso se não derrubarem também os Procuradores.
  • Exatamente, e eu sou parte afetada porque também tenho um filho Delegado.
  • Sim, é verdade.
  • E muita coisa o Ziguelli não vai repassar nem para os Procuradores.
  • É!
  • Eu já conversei com o Mário lá na Adpesc que conversou com o Luiz Darci,  a coisa está andando.
  • O Braga já tinha me dito alguma coisa, eu não acredito que o Amin vá fazer alguma coisa contra os Delegados..., ainda mais em se tratando de direito adquirido previsto na Constituição do Estado.
  • É, mas...

(...)

  • Ézio, hoje eu estou mais hoje para historiador, quero ver se edito aquele meu Estatuto.
  • Falando nisso tu já editaste esse teu livro?
  • Houve uma primeira edição no ano de 1993, pela IOESC com distribuição gratuita, mas nos anos seguintes eu tentei pela Secretaria, mas não tive êxito.
  • E pela Associação?
  • Não dá, já tentei, acho que vou ter que bancar, já fiz um orçamento prévio com a Palotti de Porto Alegre e vai me custar uns vinte mil reais, depois eu vendo os exemplares....
  • Pelo menos para tirar o custo.
  • Não só o custo como levantar recursos para custear outras edições e obras que eu já tenho em andamento.
  • Sim.
  • Bom, tu conheces a minha trajetória.
  • Sim... eu sei, começasses como Perito, depois Delegado.
  • Corregedor.
  • É verdade, no livro eu faço uma citação ao teu nome, na época que trabalhastes com o Hélio Juck na Corregedoria da Polícia Civil.
  • É mesmo?

(...)”.

Horário; 18:00 horas, “Inimigos Imaginários”:

De saída da Delegacia-Geral encontrei Walter na recepção:

  • Tudo bem Walter?
  • É...!
  • Como é que está? Tudo guarda-chuva velho ainda por aí? Ou já melhorou o tempo?
  • Mais ou menos, tá mais para pior do que para melhor.
  • Ah, é?
  • É!
  • Vais ficar hoje até às vinte e duas horas?
  • O quê? Cansei de ficar aqui até às dez horas da noite, chega! Deu o horário eu me mando!
  • Ah, é?
  • Chega!

Era difícil acreditar no que Walter acabava de me dizer, justamente ele que não saia antes das vinte uma horas. Talvez seja mais por falta de motivação e inimigos imaginários.

Data: 26.02.99, “Delegados Beber e Albino Confirmados para DRPs”:

Expressas

Secretário da Segurança Pública, Luiz Carlos Shmidt de Carvalho, dá posse hoje aos novos delegados regionais de polícia em São Miguel do Oeste e Xanxerê, respectivamente Eliomar José Beber e Albino Souza de Araújo

(Diário Catarinense, 26.02.99, pág.3)

“Serpa e o Choro dos Pefelistas”:

PFL reclama de divisão de cargo

Coordenadores regionais alegam que não se respeitou o acordo de partilha

Marcelo de Oliveria Santos

Florianópolis

O PFL continua insatisfeito com o espaço que lhe foi destinado nos escalões do governo Esperidião Amin (PPB). A reclamação partiu ontem dos coordenadores regionais do partido. Em reunião na sede do diretório para tratar das convenções municipais pefelistas, que acontecem no dia 6 de março em todo o Estado, os coordenadores se mostraram preocupados com o desequilíbrio na distribuição dos cargos.  ‘A reclamação foi generalizada’, revelou o procurador jurídico do PFL, Nelson Serpa, que comandou a reunião. O PFL tem 32 coordenadorias regionais e, segundo Serpa, ‘a grande maioria apresenta desequilíbrio na distribuição dos cargos’.

Os coordenadores alegam que, no preenchimento dos cargos, não foi obedecido o critério da proporcionalidade das representações dos partidos na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Os critérios para as nomeações, estabelecidos logo após as eleições, eram proporcionalidade, moralidade, competência e preparo para exercer o cargo. ‘As queixas serão levadas à bancada estadual, eu tem a tarefa de tratar disso por ser o principal meio de atuação do partido no Estado’, explicou Serpa.

Participaram da reunião vários deputados estaduais pefelistas, como o líder da bancada, Wilson Wan-Dall, e o presidente em exercício da sigla, Paulo Bornhausen.

(...)

(Diário Catarinense, 26.02.99, pág. 7)

“PDT – 12: Cara nova?”

Paulo Alceu abriu sua coluna com o título ‘Agenda PDT 12’. Segundo o articulista, os imperadores do partido frearam a modernidade e querem buscar um novo realinhamento ideológico e programático, a fim de estimular seu crescimento e identificar-se mais com as bases. Registrou, ainda, que segundo o deputado Afonso Spaniol isso viesse a ocorrer “antes tarde do que nunca”. Enquanto isso o Deputado Jaime Mantelli defendia que o partido teria que ser oxigenado para que não permaneça ofuscado.

PDT lança projeto de renovação da sigla

Lúcia Helena Vieira

Florianópolis

Depois de consumir os últimos dois anos em verdadeiras guerras internas, o PDT catarinense inaugura agora uma nova fase. ‘Nós queremos somar’, disse ontem o presidente estadual do partido, Manoel Dias. ‘Agora temos uma linha, somos um partido de esquerda e de oposição’, garantiu ele, avisando que o PDT não vai mais perder tempo discutindo ‘questiúnculas’. Junto com os rachas, também fazem parte do passado os processos de expulsão dos deputados Jaime Mantelli, Dércio Knop e Serafim Venzon, por terem-se alinhado ao governo Paulo Afonso.

Nessa linha, o PDT lança hoje à noite mais uma etapa do Projeto PDT 12 (que é o número da legenda e do projeto que deve ser desenvolvido em 12 meses), com a instalação da primeira coordenadoria regional do partido, em Chapecó. No evento será eleita a direção regional e definido um cronograma de trabalho para os próximos três meses.

(...)

(Diário Catarinense, 26.02.99, pág. 7)

“Polícia Operacional Neles!”

Os fiscais atuavam no centro de Florianópolis, coadjuvado por policiais bem adestrados e prontos para atacar cidadãos que tentavam sobreviver no meio da selva:

‘Fazenda aperta a fiscalização

Além de multar lojas, fiscais vão penalizar consumidores que não pedirem nota fiscal

Liziane Rodrigues

A Secretaria da Fazenda vai apertar ainda mais a fiscalização para tentar diminuir a sonegação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). Ontem, durante uma blitz no Centro de Florianópolis que resultou em 65 estabelecimentos comerciais multados, o gerente regional da Fazenda, Wilson Jorge Diener, anunciou que outra estratégia que será adotada pelos fiscais: a abordagem de consumidores que estiverem carregando compras para constatar a existência de nota fiscal. ‘Quem não tiver nota, deve levar o fiscal até o local da compra ou poderá ser obrigado a pagar a multa mínima de 500 Ufirs, que representam hoje R$ 488,50.’

(...)

(Diário Catarinense, 26.02.99, pág. 17)